Guerra e Dragão

By AmandaCunado

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🥉Colocado no Concurso Nove Caldas / Categoria Fantasia 🥉 Colocado no Concurso Nove Caldas / Categoria Espec... More

PREMIAÇÕES
01 A VERDADE
03 A LENDA
04 DECEPÇÃO
05 GUERRA
06 TRAIÇÃO
07 REVELAÇÃO
08 CONVÊNIO
09 RECONQUISTA
10 ARREPENDIMENTO
11 AMOR
12 CIÚMES
13 ALIADOS
14 TESOURO
15 CURA
16 CHÁ
17 SURPRESA
18 AGONIA
19 EGOÍSMO
20 SANIDADE
21 REENCONTRO
FIM
BÔNUS
AVENTURA EM AÇÃO: PERSONAGEM
AVENTURA EM AÇÃO: Quem de nós?

02 ESCOLHAS

60 13 182
By AmandaCunado

O por do sol amarelo inunda a paisagem como um filtro. Tudo que os últimos raios do horizonte tocam, brilham em tom dourado. Mesmo a carapaça de prata do dragão parece de ouro enquanto ele se aproxima voando.

A princesa perfilada ao lado do pai no jardim aguarda seu gigante protetor pousar sobre o gramado. Merak diminui a velocidade abrindo as assas para aterrissar, mas se aproxima mais que o normal e seus lábios se mexem rapidamente, fazendo-o assumir uma forma humana ali mesmo no ar.

O homem de cabelos prateados e olhos vermelhos cai em frente a Cintia já tocando suas bochechas com a mão de imitação humana. Os lábios finos do monstro roubam um selinho demorado e tranquilo.

— O que pensa que está fazendo?! — interrompe o pai puxando a filha para longe do monstro ainda surpreso em vê-lo na forma humana pela primeira vez.

— Essa formiguinha corajosa será minha fêmea. — encarou a mocinha que corou envergonhada e se encolheu nos braços do pai.

— Que pai permitiria que sua filha se casasse com um dragão? — Ziusundra protegeu a filha e se posicionou na frente da criatura.

Contudo Merak sentiu o cheiro da falsidade naquelas palavras.

"O covarde que enviava a filha para entregar os espólios anuais agora finge estar ofendido por um beijo. Esse humano acha que sou tolo?"

— Se deseja cortejar minha filha deve fazer a maneira dos homens, seguindo a cultura do rein...

— Não tenho tempo para essas bobagens.

— Não são bobagens! — interrompeu a mocinha com as mãos nas bochechas pensando besteira na cabeça — Papai tem razão, precisa me cortejar. Podemos passear pelo jardim, escreverei cartas com rimas para exaltar sua beleza, bordarei lenços com seu nome em prata, trocaremos presentes...

A princesa suspirava imaginando cenários enquanto o rei sorria vitorioso. Somente Merak olhava entediado, imaginando o quão complicado eram os rituais daquelas formigas, que nem tinham tempo de vida suficiente para enrolarem tanto nas decisões.

~ ~ ~

Já fazia dois dias desde que o dragão partiu prometendo ler os livros para aprender mais sobre esse comportamento — tedioso — que os humanos teimam em repetir em seus relacionamentos.

Cintia havia desistido de esperar mais aquela noite. Olhava triste para o espelho aguardado a criada pentear seus cabelos.

— Pode ir Lúcia, só quero dormir agora... Ele tinha muitos livros para ler, talvez demorem uma semana para aparecer. — resmungava entrando debaixo dos lençóis e abraçando o travesseiro ressentida.

Poucos minutos depois da criada sair a princesa ainda rolava pela cama.

— Por que ainda não veio para mim? Minha boca sorri só de pensar em ti. Mas como demoras. Fico a contar as horas. Não tarde a chegar, meu querido. Você mesmo disse que o tempo é corrido. Os humanos vivem pouco e os dragões mil bodas de ouro. O que farei nesse breve momento? Estás a tornar meus poucos dias um tormento. Merak...

O cheiro de chuva agitou as cortinas da cama e a luz da lua invadiu na forma de fios longos do cabelo do monstro. O dragão de corpo humano silenciou as rimas com um beijo e suas mãos percorreram o ventre a cintura de Cintia.

Alarmada vendo o homem desnudar o peito gritou — não! — o mais alto que pode. Os guardas chegaram primeiro irritando o monstro que tentou espanta-los com um olhar feroz de seus olhos vermelhos sangue.

Logo o rei e os criados atravessaram a porta. Merak viu que não teria mais privacidade e ergue a moça nos braços foi em direção a janela por onde entrara. Porém Cintia começou a se debater pedindo que a soltasse.

— Largue ela! Não vê que não quer?! — disse o pai pela primeira vez agindo com corregem verdadeira e preocupação genuína pela filha.

— Não era para seguir os rituais? Era assim que estava descrito no livro!

— Quê? Q-que livro você leu? — indagou a mocinha trêmula.

— Os que enviaram nos anos anteriores. — falava impaciente.

— Pai! Que espécie de literatura deu para ele? — gritou a princesa caminhando brava até o rei.

— Qualquer coisa bem encapada em couro. Era o que ele queria! Nunca especificou o conteúdo, nem reclamou do que recebeu!

— Se vocês não se decidem, farei do meu jeito! — determinou indo pegar sua fêmea.

— Não! Tem que fazer direito! — implorou recuando para junto do pai, quase com lágrimas nos olhos.

Merak não aceitou aquela rejeição e a agarrou pelo braço levando-a até perto da janela, ali abraçou-a para sussurrar no ouvido da mocinha.

— Formiguinha, venha comigo. — um arrepio fez Cintia tentar se afastar, mas o dragão a manteve próxima olhando em seus olhos desejoso.

— Nos não fizemos nada do cortejo... Nem mesmo um anel com pedido oficial de noivado foi feito...

A criatura viu aquela mesma expressão de delírio, denunciando o quanto era importante para a princesa que os rituais fossem cumpridos. Revirados os olhos contrariados, arrancou um fio de seu cabelo e envolveu no dedo anelar da mão direita de sua amada.

Assoprou e o fio ganhou volume e forma de um anel de prata ornamentado de arabescos e cristais de neve desenhando no metal.

— Ziusundra vou tomar sua filha como minha noiva — avisou com olhar mortal, deixando claro que o rei não devia se opor.

— Mesmo assim não pode leva-la, deve pagar o preço da noiva.

— E o rei pagará o dote... — sorriu malandro para seu obstáculo.

— Parem vocês dois! — Cintia levantou a voz por um segundo, mas calmamente se dirigiu a Merak — Não irei com você. Deve voltar amanhã, durante o dia, e eu mesma lhe ensinarei como deve ser o cortejo. Quanto a você papai, conversamos depois.

Os criados e guardas foram convidados a se retirar enquanto a forma humana do dragão assistia irritado encostado ao parapeito com os braços cruzados.

— Você também precisa ir... — sussurrou a mocinha apertando as mãos temendo outro avanço do belo homem.

— Não sem antes tentar isso — disse beijando a mão pequena da mocinha e depois sorriu alisando os dedos dela — Não se preocupe, só vou beijá-la como da primeira vez. Eu nunca valorizei o toque macio, não fazia sentido para um dragão essa sensação. Mas agora quero me envolver em tecidos, deitar em almofadas. Você está me mudando minha formiguinha.

— Pare de me chamar assim... — disse fazendo um bico.

"Mas é isso que você é. Tão pequenina e frágil ao meu lado verdadeiro que agora entendo porque sempre senti tanta ternura. Farei os teus caprichos minha belezinha, ao menos enquanto durar sua curta vida..." se entristeceu deixando aquele quarto pela janela.

~ ~ ~

Passeios no jardim, refeições ao ar livre, troca de pequenos presentes, com direito a beijos suaves e andar de mãos dadas.

"Quantas bobagens essa humana vai me fazer aturar antes do casamento? Por que temos que esperar os irmãos dela chegarem do exterior? Nada disso faz sentido, mas ela sorri tão linda quando cumpro suas exigências."

O dragão sorria com seus próprios pensamentos deitado no chão de terra batido de seu covil.

"Cintia quer um lar para vivermos juntos. Se eu a trouxer para cá novamente ela morrerá congelada... Preciso pensar em algo, logo. Ahrg! Um dragão poderoso apenas se preocupa em enfeitar o ninho! Não em fazê-lo habitável para criaturas frágeis. Ainda terei que enfrentar minha família quando descobrirem meu interesse pela formiguinha..."

~ ~ ~

Cintia notou os olhos distantes do falso humano ao seu lado. O jardim florido não possuía nada que o entreter-se. Os olhos vermelhos da criatura que parecia albina ao sol logo fitaram o portão. Varias carruagens chegavam trazendo os dois irmãos e os pertences deles.

Uma confusão de objetos foi posta na entrada do humilde palácio e a princesa arrastou seu amado para vir cumprimentar os dois recém chegados. Mas as mãos e passos do dragão seguiram para os objetos curiosos. Estátuas, globos terrestres, quadros pintados a óleo e desenhos arquitetônicos. Cadernos e cadernos de paisagens e prédios diferentes de tudo que o dragão conhecia.

"Os humanos podem construir essas coisas?".

— São meus cadernos Cintia, peça para que a criatura devolva. — falou o jovem príncipe herdeiro que também possuía os belos olhos de lápis-lazúli, mas a borda da íris dele era de um azul mais intenso e o centro parecia uma explosão de verde acinzentado como as falhas da pedra.

— Você pode construir essas estruturas? — o dragão se aproximou curioso fazendo o jovem recuar uns passos e coçar a cabeleira loira de nervoso. — Responda!

— Sim, se tiver mão de obra e os materiais...

Os olhos de ambos brilharam com a possiblidade.

"Criarei algo magnifico!" pensaram em uníssimo.

~ ~ ~

Nas terras ao sul, próximo ao covil do dragão uma nova cidade foi fundada. Mera, era uma pérola esculpida no interior do país. Ruas largas, prédios adornados com esculturas e o palácio mais belo que as mãos humanas podiam construir naquele tempo.

Torres altas, corredores largos, salas e quartos especiais em que um dragão caberia. Muito embora as portas e janelas fossem grandes não premiriam a passagem desses monstros sem usarem uma forma menor. Mas deixavam a luz do sol entrar aquecendo todos os locais.

Merak entrou em um desses quartos usando sua forma humana e logo deitou papeis sobre uma escrivaninha e assumiu sua forma de dragão se espalhando relaxado no chão de pedras mosaico, geladas. Mas olhou preocupado para sua esposa gravida de andava de um lado para o outro perdida em pensamentos.

— Pare ou pode cair e quebrar — advertiu preocupado com o enorme volume da barriga no vestido.

— Já disse que não sou um ovo! — respondeu brava, querendo saber onde ele estava.

— Com os artesãos, logo terei uma surpresa para vocês dois. — disse girando o enorme corpo contra o chão como um gatinho coçando as costas e oferecendo a barriga. O que seria fofo, se não fosse gigantesco e arranhasse todo o piso com suas escamas.

— Recebi uma carta... A velhice de meu pai já o deixou frágil. Meu irmão só pensa em Durhan e o outro casou-se com a princesa do reino vizinho...

— Estive em Durhan ontem, seu irmão ousa fazê-la mais bela que nossa Mera. Mas eu tenho algo muito melhor preparado. Algo que vai exceder toda a riqueza humana. — um sorriso orgulhoso brotava entre as presas da criatura. Mas logo se desfez sendo fuzilado pelo olhar bravo da esposa — Eu não podia voar com você nesse estado! Foi melhor não ter ido, seus irmãos estão brigando novamente, nem quero ver quando um deles colocar as mãos na espada que está com seu pai...

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