[Degustação] Fetiches

Od MaaMarche

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Contém sexo explícito | Recomendada para maiores de 18 anos | Todos os direitos reservados Coletânea de conto... Více

Aquela da Introdução
Aquela do Vizinho (parte 1)
Aquela do Vizinho (parte 2)
Aquela do Melhor Amigo (parte 1)
Aquela do Capitão (parte 1)
Aquela do Capitão (parte 2)
Aquela do Nerd (parte 1)
Aquela do Nerd (parte 2)
Aquela do Convite
Aquela do Livro

Aquela do Melhor Amigo (parte 2)

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Od MaaMarche

"Sexta-feira é dia oficial de grude."

Esse foi o primeiro pensamento que tive ao acordar. Depois que Fernanda foi embora, há quase uma semana, não nos falamos mais. Eu estava louco de saudades dela. Sentia falta da sua risada escandalosa e suas caretas bonitinhas quando eu fazia qualquer piada de duplo sentido. Sentia falta da textura macia da sua pele e de como nossos corpos se encaixavam, mesmo em um abraço desajeitado. Sentia falta de seus carinhos delicados no meu couro cabeludo quando deitava em suas pernas, e de carregá-la no colo até o quarto quando adormecia no meio do filme. Sentia falta dos movimentos involuntários dos seus seios quando corria na minha direção depois de um dia difícil, e do cheiro doce que exalava de seus cabelos. Eu sentia falta da minha melhor amiga, e sentia falta da garota que eu amava. Até mesmo sentia falta de seus beijos, e eu apenas os havia provado uma vez. Como isso era possível? Como sete dias podiam ser tão torturantes dessa maneira?

Por Ela

Sexta-feira devia ser o dia oficial de grude. Era assim que tinha que ser. Era assim que tinha sido por tanto tempo que eu não conseguia administrar a mudança. Essa não deveria ser a primeira sexta-feira que eu passava longe de Felipe. Mas seria, se eu continuasse com essa birra besta.

Mas como lidar? Como agir naturalmente com a pessoa que mais esteve do meu lado em toda a minha vida depois de um momento roubado daqueles? Como eu poderia cumprimentar meu melhor amigo com um beijo na bochecha se meu corpo ardia para que nossos lábios se encontrassem?

Merda, eu sentia falta dele. Falta de suas piadas sem noção e seu carinho protetor. Dos olhinhos sinceros brilhando quando me visse, independentemente de seu estado de espírito. Do calor de seus braços e da sensação dos seus cabelos na minha palma. Do jeito sutil que ele tinha de me mostrar que era tão especial para ele quanto ele era pra mim.

Mas eu simplesmente não sabia o que fazer. O que o beijo tinha significado? Era algo de momento, era mais do que isso, era recorrente ou pontual...?

Arg. Sete dias inteiros indagando as mesmas coisas e parecia que minha linha de pensamento andava em círculos. Eu estava estressada, tentada, sofrida. Queria Felipe de volta, e não fazia ideia do que fazer com esse desejo.

Fechei os olhos e respirei fundo. Sexta-feira era dia de grude, e dia de grude seria. Eu só precisava me acalmar antes de vê-lo e tudo daria certo, tudo estaria sob controle. Eu não podia ficar longe dele em hipótese alguma, precisava dele até mesmo para tirar sangue, então perdê-lo, ou melhor, afastá-lo não era uma alternativa.

Me acalmar. Era só o que eu precisava...

Por Ele

Eu tentei mais de uma vez falar com ela, mas não tinha certeza em que pé estávamos e por isso acabava ficando calado. Ela também não me procurou, mas pelo modo como saiu daqui isso era esperado.

A fase de me xingar por tê-la beijado passou no domingo mesmo. Eu não tinha capacidade de me arrepender pela melhor coisa que já me aconteceu, e ainda tinha esperanças que ela só precisasse de algum espaço para assimilar o ocorrido.

Mas então chegou a sexta-feira e eu não podia deixar o dia passar em branco. Alguma atitude eu precisava tomar, mas qual? Meu celular vibrou na bancada da cozinha. Olhei de relance enquanto preparava meu café da manhã:

"Nos vemos mais tarde? - Fê"

Era ela. Fernanda tinha, enfim, dado sinal de vida. Puta merda, graças a Deus, nem tudo estava perdido. Eu iria vê-la! O dia de grude não seria desperdiçado.

Segurei o grito por ter derrubado café quente no colo por estar distraído e logo limpei a bagunça inteira e me enfiei no banho.

-

Eu já estava em frente à casa dela. Tudo bem que havia se passado menos de uma hora desde que eu havia recebido a mensagem, mas isso já podia ser considerado "mais tarde", certo? Certo.

Ok, a verdade é que eu estava pateticamente eufórico de ela ter sinal de vida e não pude esperar mais tempo para vê-la.

Bati na porta três vezes seguidas chamando seu nome. A porra da campainha continuava quebrada e eu sempre me esquecia de me aventurar a consertar aquela desgraça. Fernanda era distraída demais para ouvir meros toques na porta, eu sabia. Passeei as mãos pelos bolsos da calça jeans em busca do meu celular para que pudesse alertá-la que eu já estava ali. Todos vazios, eu provavelmente esqueci em casa já que saí às pressas. Merda.

Odiava fazer isso, mas o jeito era usar sua chave reserva. Ela escondia uma cópia debaixo do tapete de boas-vindas, alegando ser tão óbvio que ninguém desconfiaria. Bem, eu não teria tanta certeza, mas isso já nos rendeu uma discussão boba sobre superproteção e eu não queria entrar nesse mérito de novo.

Entrei sem dificuldades, deixando o meu molho de chaves no aparador e chamando minha melhor amiga ainda do hall de entrada. Nem um som de volta. As paredes eram grossas, tudo bem, mas ela devia estar realmente muito ocupada pra não ter ouvido. Comecei minha busca pela cozinha, a qual encontrei vazia. Decidi então que ela devia estar no quarto e encaminhei-me para o corredor que me levaria a ele.

Assim que pisei nele, no entanto, eu escutei sons saindo do quarto. Sons extremamente parecidos com gemidos abafados. Paralisei no lugar, sem saber o que fazer. Não havia nenhum carro estacionado na rua, então era extremamente improvável que Fernanda estivesse com companhia, o que poderia apenas significar que ela estava... Se tocando.

Me senti ficar duro quase que imediatamente nas calças. Eu devia sair dali. Eu devia dar as costas e voltar pra de onde eu tinha vindo, mas meus pés não me obedeciam, eles pareciam fincados no chão como se ali tivessem sido pregados.

E se... Eu apenas continuasse ali... Ouvindo?

Não, não, a tortura era cruel demais.

Quem sabe então se desse apenas uma rápida olhada?

A porta do quarto dela estava entreaberta. Caminhei silenciosamente até li, tentando me convencer que tudo que precisava era uma imagem mental para me ajudar nas noites solitárias em que estivesse pensando nela. Os suspiros frequentes e gemidos sôfregos aumentavam de intensidade a cada novo passo meu, dando lugar a gritinhos pouco contidos e frases desconexas.

Minha mão escorregou tentadoramente para perto de minha braguilha. Mas eu não podia, não ali, não naquele momento. Me apressei então, escorando-me na parede ao lado da porta, e me inclinei sutilmente para espiar a fresta aberta.

Ah, porra.

A cena foi demais pra mim. Fernanda estava no centro de sua grande cama de casal que tantas vezes dividimos em noites de extrema bebedeira, com a blusa de alça caída em um lado expondo seu seio arrebitado e suficientemente farto, as pernas abertas e a calcinha delicada de renda branca puxada para o lado.

As mãos da garota se dividiam entre pressionar o mamilo rígido entre dedão e indicador e acariciar em círculos o botão inchado no topo da carne encharcada abaixo de seu ventre. Ela beliscava e esfregava seu grelinho, vez ou outra escorregando os dedos para seu interior. O quadril arqueava-se de tempos em tempos, esquivava-se, erguia-se, procurando sentir melhor o prazer que ela se dignara a se proporcionar. Seus dentes aprisionavam sem dó o pobre lábio inferior, que estava esbranquiçado aos redores com a força que ela dispendia na mordida, e ainda assim dali escapavam os sons mais encantadores e eróticos que eu já escutara.

Eu estava total e completamente hipnotizado pela imagem. Com isso, não percebi ter deixado a descrição de lado, pois quase babava na entrada do quarto, sem qualquer preocupação quanto a continuar escondido. Ela, alheia a minha presença, apressava o movimento dos dedos e arqueava as costas, claramente se aproximando da sua liberação do prazer, e murmurando rosnados inteligíveis e... Meu nome.

Puta que me pariu.

Surpreso, excitado, e sem qualquer capacidade de raciocinar o que aquilo podia significar no momento, eu não me contive a dar um passo em direção a cama. Meus pés provocaram o ranger da madeira do chão, alertando Fernanda da minha presença inesperada. Ela abriu os olhos imediatamente e em um pulo procurou se cobrir como podia, ainda ofegante e descompassada.

- Felipe! O que...? Eu não ouvi você entrar. - ela esganiçou, ao conectar nossos olhares.

- Eu... Acabei entrando com a chave reserva porque... Er... - engoli em seco, ainda mantendo o contato visual com ela, mas não conseguia dar continuidade àquele assunto tão menos importante do que acabava de presenciar. - Você... Disse o meu nome. - constatei mais pra mim mesmo do que pra ela. Era como se eu precisasse falar aquilo em voz alta pra assimilar que tinha realmente ocorrido.

- Eu... Hm... É. - respondeu sem jeito, e desviou os olhos para qualquer outro lugar que não os meus, por fim deparando-se com o evidente volume estourando minhas calças.

- Fernanda... - chamei em súplica, os olhos em uma tonalidade mais escura, e dando passos tentativos na direção dela.

- Felipe. - ela decretou em resposta ao meu pedido mudo, fazendo com que eu, sem pensar duas vezes, me ajoelhasse na cama agarrando-a pelos cabelos e chocando nossas bocas com ferocidade.

As línguas não demoraram a se unir enquanto nossos rostos investiam um contra o outro a procura de mais contato, e fomos incapazes de não emitir gemidos aliviados em meio ao beijo. Ela estava tão quente, tão deliciosamente fervente, que foi inevitável jogar meu corpo sobre o dela, para que ambos estivéssemos deitados na cama e minhas mãos pudessem parar de me amparar para explorar cada mínimo pedaço de seu corpo.

Seu cheiro, seu gosto, todas as lembranças que eu detinha do amasso da semana passada não faziam jus a sensação de tê-la realmente entre os meus braços, com o lábio preso nos meus dentes e o hálito batendo no meu rosto.

Enlacei sua cintura e puxei-a para baixo, tornando nossa posição mais confortável enquanto me encaixava entre suas pernas e segurava com força sua coxa contra meu quadril. Podia sentir, mesmo sob o jeans que usava, o calor emanando do interior das suas pernas, me convidando a perder o rumo dos pensamentos.

Devido ao que fazia antes e a nossa situação já precária, não demoramos a nos encaixar e bater quadris, os movimentos pélvicos recobrando com totalidade a umidade recente dela, o que pude constatar depois de ter a braguilha aberta e sentir o pedaço exposto da minha boxer ficando molhado. Ela estava incrivelmente pronta pra mim.

Mesmo assim, resolvi prolongar o prazer. Após abaixar suficientemente minhas calças e desatar as laterais da sua fina calcinha até tirá-la do caminho, agarrei entre os dedos a bunda de Fernanda como apoio e passei a fazer longas investidas contra sua carne vermelha e ensopada, massageando seu clitóris inchado. Ela pareceu aprovar imensamente, pois agarrou a gola da minha camisa até que ela estivesse em qualquer lugar que não o meu corpo e cravou as unhas medianas em meus ombros.

Eu descontava a vontade de penetrá-la respirando fundo em seu pescoço, por onde eu passeava a língua vez ou outra. Mas ao senti-la arqueando as costas e consequentemente esfregando os seios no meu peitoral, tive que desencaixar meu rosto daquele paraíso perfumado para olhá-la nos olhos.

Só para me deparar com a cena mais eroticamente estimulante possível. Fernanda tinha aprisionado novamente seu lábio inferior entre os dentes e revirava os olhos a cada novo roçar de nossas intimidades com o colo brilhante de suor. Era a definição de luxúria.

Com um rugido preso na garganta, eu baixei de uma vez por todas a camisetinha já muito amassada do seu corpo, segurei seu quadril firmemente e aumentei em força e velocidade nossa fricção, aproveitando para cair literalmente de boca em um de seus seios perfeitos.

Tinha um quase inteiro na boca e sugava com vontade, enquanto uma mão subia sinuosamente pela barriga lisa até aprisionar em um beliscão provocante o mamilo do outro. Fernanda rebolava sobre a minha ereção desesperadamente, o que me fazia praticamente explodir nas calças.

- Ah, Fê, você é muito gostosa. - grunhi como pude, já completamente cego de tesão.

- Gordo... - ela suplicou, seu orgasmo crescendo desenfreado no ventre, implorando para que eu não a torturasse.

Arranquei sem cerimonias o restante das roupas entre nós e inclinei-me para lamber toda a extensão de sua brilhante boceta rosada e dar um chupão no grelinho sensível. Ela agarrou os lençóis em um grito mal contido. Ajeitei minha posição novamente de forma a provocar sua entrada com a cabeça latejante do meu pau.

- Por favor... Eu preciso de você. - ela chorou perto do meu ouvido. Dei um beijo molhado em seus lábios e segurei a base da minha ereção.

- Você já me tem.

Um instante depois eu estava inteiro dentro dela. Pude rasgá-la sem cerimônias de tão pronta que Fernanda estava, e senti cada milímetro de seu calor e aperto ao meu redor. Eu estava no paraíso. Senti suas unhas descerem pelas minhas costas como seu último suplico para que eu me movesse, tal estado que ela se encontrava. E então, a medida que eu me vi quase completamente fora de sua cavidade e tão logo novamente a perfurando, Fernanda gritou meu nome em sua liberação, algumas lágrimas escapando seus olhos e diversos espasmos percorrendo seu pequeno corpo arrepiado. Assisti a cena maravilhado, sem conseguir evitar a dor nas minhas partes baixas - eu estava tão duro que quase podia ouvir meu pau gritando que queria gozar logo e de preferência dentro daquele pedaço de céu extremamente molhado e apertado pós-orgasmo.

Eu sabia que agora Fernanda estaria mais sensível, por isso tomei cuidado com sua passagem embora não pudesse evitar entrar e sair de seu corpo com força e agilidade. Ela foi retomando o controle sobre seu corpo aos poucos, e em instantes já rebolava para mim e atacava minha boca, pescoço e colo com lambidas e mordidas sensuais. Cada vez que meus olhos abriam e eu a via corada, nua e satisfeita em baixo de mim, mais perto eu me sentia de um limite que eu tinha certeza que seria estupendo. E tão logo conectei nossos olhares, senti meu pau se contrair e jorrar meu líquido aliviado seguidas vezes na parede de seu interior.

Desabei em cima dela, puxando-a para um abraço apertado e rolando de forma a não fazê-la aguentar meu peso. Fernanda acariciava meu peito suavemente, esperando minha respiração estabilizar. Então, disse:

- Você é incrível, Felipe.

Abri o mais feliz dos sorrisos e depositei um beijo cálido em seu ombro descoberto. Deitamos com as testas coladas.

- Acho que precisamos conversar... - eu comecei, logo sendo interrompido por um fino dedo em riste pressionando meus lábios. Ela negou com a cabeça em silêncio, virou-se de costas e me puxou para envolvê-la de conchinha.

Adormecemos assim.

-

Acordar no dia seguinte foi uma tarefa consideravelmente difícil. Ao mesmo tempo em que eu me sentia mais relaxado do que me lembrava já ter estado, havia toda uma aura de tensão no ar a respeito dos próximos acontecimentos.

Fernanda não quis conversar sobre nossa transa espetacular. Justo. Conversa de travesseiro nunca é realmente agradável. Mas isso não significava que eu conseguia ficar no escuro, sem saber se aquilo significou alguma coisa e/ou se teriam consequências no nosso relacionamento.

Falando assim eu parecia um banana carente, mas quando se está apaixonado por alguém tão maravilhosamente complicada como Fernanda Nakano, algumas preocupações acabam passando pela cabeça da pessoa.

Depois de sentir seu calor, então... É inevitável. Você fica inquieto querendo saber o que fazer para senti-lo novamente. Se possível, todos os dias da sua vida.

A minha sorte, acho, é que eu sempre, cem por cento das vezes, acordava faminto. E essa foi uma distração bem-vinda quando eu acordei para uma cama vazia ao som abafado de chuveiro ligado. Voei para a cozinha bem arrumada da minha melhor amiga - não sem antes fazer uma parada necessária no lavabo para escovar meus dentes - para fazer um café reforçado.

- Às vezes eu agradeço aos céus pela educação que a sua mãe te deu. Acho que nunca a minha cozinha cheirou tão bem! - Fernanda disse em tom de voz tranquilo ao entrar na cozinha e se jogar na primeira cadeira que encontrou. Eu estava ocupado no fogão, terminando um omelete caprichado que me impedia de virar para olhá-la nos olhos.

- Fica difícil saber se o elogio é porque eu sou um exímio cozinheiro ou porque você queima até água, Fê. - rebati brincalhão, tentando manter o clima agradável até descobrir em que lençóis estávamos. Ela deu uma risada amena da própria desgraça enquanto eu apagava o fogo e me dirigia com a frigideira em mãos para a mesa. Ocupei-me de repartir a comida em nossos pratos antes de olhar para Fernanda com um sorriso frouxo nos lábios.

Seus olhos continham um quê de insegurança que me acalentaram mais do que sua aceitação feria. Ela também estava confusa. Também não sabia como agir. Minha Fê estava mexida, e isso era tudo que eu precisava saber para não desistir dela.

- Bom dia, coisa linda. - disse sorrindo-lhe carinhoso. Ela esfregou as mãos nervosas nos olhos, levantou-se e se pendurou em meu pescoço deixando uma mordida dolorida na minha bochecha.

- Bom dia, gordelícia. - Rimos, idiotas que éramos, da piadinha infame. Então nossos olhos se conectaram e o momento pesou. Sabíamos que algo precisava ser dito. Ela abriu a boca primeiro. - Escuta, Felipe... - Ela começou. Nos sentamos um ao lado do outro subitamente apreensivos. - O que aconteceu... Nós somos amigos, certo?

- Não entendi sua pergunta. - enruguei a testa, desconfiado.

- Eu quero dizer... Nós nos conhecemos há uma eternidade. Sabemos cada pequena mania um do outro. Nos ligamos quando temos problemas e saímos juntos no mínimo toda semana. Eu... Não quero perder isso.

- Mas Fê, ninguém disse que...

- Espera. O que eu quero dizer é que eu sei que sou complicada. E eu sei que o que aconteceu não tem volta. - ao ver minha expressão de surpresa, ela emendou - Não sou mais uma criança, tenho noção que não dá pra simplesmente fingir que nada rolou. Mas... Eu não quero perder o que a gente tem. Eu não quero ficar cheia de mimimi quando falar com você, não quero ficar cheia de não-me-toques, não quero passar mais uma semana sem te ver por não saber como agir. Felipe... O que a gente tem é maior do que tudo isso. Eu não quero te perder por coisa boba. Não quero que sexo separe a gente.

E então eu entendi. Fernanda estava assustada, claro, eu também estava. Mas eu tive meses pra me acostumar com a ideia de ter um relacionamento com ela, desde que descobri que eu estava apaixonado. Tive tempo pra decidir que eu queria, sim, cruzar aquela linha. Ela não. Para Fernanda, tudo aquilo era um pensamento novo e apavorador que ela não sabia ainda estar disposta a arriscar. Eu podia respeitar isso. Eu deveria respeitar isso.

- Tudo bem... Então o que você quer fazer?

- Quero que a gente continue sendo a gente.

- Fernanda, você mesma falou que não dá pra fingir que nada aconteceu.

- Eu sei, eu sei. Por isso vamos colocar as cartas na mesa. E aí a gente tenta passar por cima disso e viver normalmente. - propôs. Colocar as cartas na mesa... Me perguntei se o ás "estou apaixonado por você" entraria nesse jogo. Era um coringa inesperado por ela, sem dúvidas. Achei melhor esperar em silêncio para que ela começasse. - Bom, tudo bem, eu começo. Eu te acho gostoso. Tipo, muito. - revelou, ficando vermelha nas bochechas. Eu sorri de canto, maravilhado com a cena. - Quero dizer, você sabe que é lindo. E eu morro de tesão por você.

- Você é maravilhosa, Fê. E a noite que tivemos... Foi inacreditável.

- Sim, foi sensacional. - ela disse, baixando a cabeça envergonhada.

- Sua boca, seu corpo. Cada parte de você encaixa em mim como se fosse feita pra ser minha.

- Seu gosto é tão bom que eu não queria colocar nada diferente na língua pelo resto da minha vida.

- Seu cheiro é tão doce e afrodisíaco que eu me sentia aquecer só de respirar sua pele.

- Seus olhos são tão profundos e transparentes que eu me pego querendo me ver refletida neles a todo momento.

- Suas curvas são tão... - sem notar, nós estávamos perigosamente nos aproximando um do outro, tão conectados e em sintonia, embriagados pelo momento. Até, é claro, ela acordar.

- Tá bem, chega! - Riu sem graça, respirando profundamente. - Acho que é o suficiente.

- Eu ainda não entendi como todas essas revelações vão nos ajudar a ficar só na amizade. - resmunguei insatisfeito.

- É simples: Agora a gente sabe. Agora tá tudo transparente. Agora a gente pode passar pra próxima, sem fazer de conta que não sabe o que o outro tá sentindo. A gente mantém a intimidade da amizade sem se torturar.

- Não tem nada de simples nisso, Fê. Mas se você quer assim... É assim que vai ser. - eu disse, conformado. Duvidava que aquilo iria durar de qualquer forma. Mas resolvi dar o tempo que ela precisava.

-

Mesmo que a gente tivesse decidido que nada mudaria - ela, na verdade -, as coisas estavam, sim, diferentes. Na verdade eu já não sabia naquele ponto se era a minha cabeça distorcendo as coisas ou meu corpo dominado por hormônios, mas a sensação que eu tinha era que o contato entre nós tinha aumentado.

Era como se procurássemos desculpas para nos tocar, para irmos pra piscina - e consequentemente ver um pouco mais do corpo um do outro - e para passarmos mais tempo juntos no geral.

Ou seja, se havia alguma brecha em nossos horários apertados, qualquer que fosse, logo estávamos um com o outro fazendo tudo e nada ao mesmo tempo. Ela sempre que podia sentava no meu colo, eu sempre que encontrava um motivo passava os braços a sua volta, nossos abraços tornaram-se mais frequentes e mais longos, e sempre acabavam com um beijo contido no pescoço ou bochecha um do outro.

Fingíamos que nada estava acontecendo, que nosso relacionamento sempre tinha sido daquela forma. Mas eu achava que ela também sabia, em seu íntimo, que isso não era verdade, que a tensão sexual entre nós estava explodindo e saindo pelas frestas cada vez que nossas peles entravam em contato ou nossos olhares se conectavam por mais de um segundo.

Enfim, toda essa brincadeira de tocar e sentir estava me deixando louco. Eu tinha vontade de jogar tudo pro alto, rasgar as roupas de Fernanda e gritar aos sete ventos que era apaixonado por ela e que ela só iria sair do meu aperto semana que vem.

Mas eu não podia.

Porque ela ainda não estava pronta para escutar nada daquilo.

Mas em compensação meu amigo de baixo também não estava pronto para passar por mais uma sessão de tortura ao que ela posicionasse sua linda bunda redonda em cima dele havendo pelo menos mil outras cadeiras nas quais ela pudesse se sentar.

Por isso, naquele dia, eu decidi que não ia aguentar ficar em casa com ela. Eu sabia que íamos acabar nos provocando indiretamente, sem ter distração alguma e na intimidade do meu apartamento, aquilo não ia dar certo.

Então, naquela noite, nós iríamos para uma boate. Eu esperava que ver centenas de belas pernas diferentes das da minha melhor amiga fosse uma boa para tirar da cabeça a ideia persistente de jogar tudo pro alto e agarrá-la.

Mas, é claro, como tudo nessa vida, a prática é muito diferente da teoria, o que significa que se tinha algum par de pernas me chamando atenção, era o da dita cuja.

Minhas mãos e meu cérebro tiveram que ter uma DR a partir do momento que eu pus os olhos em toda aquela carne exposta. A primeira parte argumentando que a coceira em suas palmas só passaria quando elas tivessem firmemente agarradas à pele da minha melhor amiga, enquanto minha mente tentativamente pescava memórias longínquas da nossa conversa na cozinha. A discussão já estava difícil o suficiente, de modo que eu até mesmo preferi não beber aquela noite, para não alimentar a perda de neurônios.

Magnífica, foi o que a cabeça de baixo sussurrou em meu ouvido. Sensacional, deliciosa, apetitosa... Ela não parava mais. Maravilhosa, perfeita, meu coração ajudou.

- Gordo, eu quero dançar! - Fui arrancado de meus devaneios assim que sua mão passou a me puxar para o centro da abarrotada boate. Ela não esperou sequer uma boa desculpa antes de colar seu corpo ao meu e jogar o quadril delicadamente para um lado e para o outro, acompanhando a batida. Todas as vozes dentro de mim se calaram e suspiraram juntas. E então tinha ela, só ela, na minha frente, tão acessível e sedutora.

Nós nos afastamos brevemente, e ela abriu-me um sorriso. Aquela boca... Eu sabia agora o que aquela boca podia fazer. E nada daquilo era propício de se lembrar em uma pista de dança se eu não quisesse me envergonhar. Empurrei seu quadril até que ela virasse de costas para mim e pousei a mão em sua barriga. Assim era melhor, eu não precisava controlar a vontade de beijar seus lábios rosados.

E assim eu podia sentir a curvatura da sua bunda rebolando no meu pau.

Espera, o quê?

- There's a spark in between us

When we're dancin' on the floor

I want more, wanna see it,

So I'm askin' you tonight

If I said my heart was beating loud

If we could escape the crowd somehow

If I said I want your body now

Would you hold it against me? - Fernanda cantava junto com a música, parecendo especialmente realizada pela escolha do DJ, e obviamente me deixando mais encantado ainda pelo teor das palavras que deixavam sua boca. Podia ser só uma música extremamente tentadora. Mas podia ser mais que isso. Um recado, talvez.

- Já que estamos sendo sinceros... - Comecei. Ela respondeu com um grunhido de incentivo - E

eu preciso dizer que você está enlouquecedora nesse vestido. Se eu fizesse com você o que cada cara nessa boate está pensando, você não ia conseguir andar por pelo menos 7 dias.

- Ah, é? E o que eles estão pensando? - Fernanda provocou, sua voz em um tom tentadoramente rouco.

- Em beijar cada mínimo pedaço do seu corpo, em sentir seu calor, cheiro, sabor, em arrancar suas roupas e marcar sua pele. Estão pensando em se enterrar dentro da sua essência, se perder ali e nunca mais voltar.

- E como você sabe disso? - ela questionou ao virar-se para mim com um brilho decidido nos olhos semicerrados.

- Porque é exatamente o que eu estou pensando. - Fernanda abriu um sorriso perigoso.

- Sabe qual a diferença de você pra todos eles? - balancei a cabeça em negação. - Eles só podem pensar. Você pode fazer. - A troca de olhares que se seguiu dizia tudo que eu precisava saber. Eu lhe dizia que aquilo era tortura, que estava tentando seguir o que ela havia me pedido e não ultrapassar essa barreira de novo. Ela me dizia que estava tudo bem, e que ela estava certa de que queria aquilo. Então acenando uma vez em concordância, a arrastei comigo até o lado de fora em direção ao carro.

-

Mal havíamos nos acomodado no conforto dos bancos de couro, minha boca já estava grudada à dela. Eu havia me curvado quase completamente sobre seu corpo, tentando o máximo de contato que o espaço me permitia, e nossas línguas e gostos não demoraram a se entrelaçar em uma ferocidade incandescente. As unhas de Fernanda completamente pressionadas sobre meus ombros, passaram a fazer caminhos sinuosos pela minha nuca me causando arrepios incontroláveis e me fazendo desejar fazê-la sentir o mesmo. Por isso, afastei nossos lábios para poder lamber, morder e beijar toda a parte exposta de seu pescoço e colo até onde o vestido deixava sem ter que tirá-lo do lugar. Eu ouvia seus gemidos contidos como uma forma de incentivo à perda de razão, de tal forma que eu sequer percebi que tinha uma mão agarrando com vontade toda a carne de seu seio arrebitado e massageando-a com meus dedos.

Se continuássemos ali por mais algum tempo, transaríamos no carro mesmo. E eu não tinha esperando tanto por aquela mulher para desperdiçar um momento glorioso como aquele confinado no limite de 2m².

Segurei-a pelos ombros a afastando de mim rapidamente para poder dar a partida e dirigir o mais depressa possível para o meu apartamento. Mas Fernanda não parecia contente com a minha nova resolução. Ela não queria parar. Porém, muito embora sabendo disso, não deixei de me surpreender ao sentir sua mão segurar a minha que pousava no câmbio automático e levá-la em direção ao alto da sua coxa, em um pedido mudo que eu não encontrava condições de negar.

Comecei passando os dedos pela sua virilha por baixo do vestido e distribuindo apertões na carne farta por ali. Eu planejava atiçá-la, deixá-la pronta para o que a esperava mais tarde, no entanto quando a assisti dançar no banco ao menor esbarrar de meus dedos contra o topo de sua feminilidade, eu sabia que esperar não estava mais em questão. Fernanda estava pronta agora, e eu não podia ignorar esse fato tentador.

Descendo a mão de forma a tê-la inteira sobre minha palma, pude constatar a veracidade daquilo ao sentir o tecido bastante úmido de sua calcinha acalentar minha pele. Passeei algum tempo por ali, indo de cima a baixo com delicadeza, provocando o nervosismo e ansiedade característicos da minha melhor amiga, que já tinha cravado os dez dedos no meu antebraço. E então foi inevitável puxar o pano para o lado para poder senti-la mais profundamente mergulhando meus dedos na entrada encharcada de líquido lubrificante. Ah, como eu queria sentir o sabor daquela porra toda. Mas eu sabia que não era tão forte, se colocasse a essência de Fernanda nos meus lábios o carro teria que ser parado no acostamento para que eu a comesse ali mesmo. E eu ainda estava tentando chegar em casa.

Subi os dedos agora deslizando até seu clitóris inchado, o qual passei a massagear em pequenos círculos precisos e vagarosos. Fernanda não sabia mais manter-se quieta. Ela murmurava coisas sem sentido e emitia sons de aprovação em meio ao meu nome e pedidos de velocidade. Mas eu me negava a aumentar o ritmo, porque ela estava simplesmente deliciosa demais para que eu desejasse terminar aquilo logo.

Sua impaciência atingiu um limite, no entanto. Enquanto me divertia no meio das suas pernas, não percebi sua mão desabotoando rapidamente meu cinto e braguilha, de forma que eu só pude notar que ela se ajoelhava no banco e descia sua boca sobre meu pau quando senti o calor molhado de seus lábios sobre minha pele pulsante.

Só pude agradecer a qualquer força superior pelas ruas estarem desertas naquele horário, pois as barbaridades que eu devia estar fazendo no volante com sua língua morna moldando toda a extensão do meu membro eram covardia. Parei por instinto em um farol vermelho, apenas para poder admirar a visão dela me agraciando com sua bunda empinada em direção a janela. Ela ainda estava sob o alcance dos meus dedos, então não pensei duas vezes antes de esticar o braço e voltar a massagear sua boceta energicamente.

Fernanda rebolava na minha mão e eu sentia suas paredes internas contraindo-se mais a cada segundo, no mesmo ritmo que sua cabeça seguia indo e voltando, da base à cabeça, percorrendo toda a área sensível e enervada. Quando avistei a entrada da minha garagem quase suspirei de alívio. Não demorou dois minutos, após ter estacionado, para que ela enfim tremesse inteira para mim, e eu sentisse sua intimidade encharcar-se ainda mais em seu orgasmo. Agora sim permiti-me levar os dedos à boca e apreciei cada milímetro daquele néctar dos deuses. E, aparentemente, aquilo foi demais pois meu colega praticamente gritou "chega" e gozou em jatos aliviados dentro da boca da garota por quem eu era apaixonado.

E então, apesar do meu esforço descomunal, nós havíamos sim transado no carro.

-

Subimos para o meu apartamento com ela totalmente apoiada em mim, ainda se recuperando dos intensos momentos anteriores. Caímos abraçados na minha cama, ela com a cabeça encaixada na curva do meu pescoço e eu fazendo carinhos tentativos em suas costas.

E mais uma vez estávamos naquele momento onde o que encaixaria seria uma conversa. E eu estava de novo temeroso que ela fosse se esquivar. Precisava achar uma maneira de mostrar à Fernanda que eu a amava, mostrar que podíamos ter algo, e que a nossa amizade apenas se transformaria, não desapareceria.

Ela se remexeu e eu abaixei o rosto para poder olhar em seus olhos. E nossa, aqueles globos tinham tantas emoções juntas que eu quase fiquei sem ar. Era confusão, medo, satisfação, alegria, adoração. Ela mordeu o lábio e fez um agrado delicado no meu maxilar, e depois passeando o dedão em círculos na minha bochecha. Eu só conseguia olhar para ela tranquilamente com toda a devoção que tinha àquela garota.

E então me atingiu. Era uma brecha. Fernanda estava vulnerável naquele momento, era a chance que eu tinha de convencê-la que tudo aquilo, estar comigo, era uma boa ideia.

Inclinei-me vagarosamente em sua direção, ao que ela segurou a respiração. Encostei nossas bocas gentilmente, para que ela se acostumasse comigo. Quando precisou soltar o ar, Fernanda entreabriu os lábios, e foi aí que eu aproveitei para aprofundar o beijo.

Era incrível como nossas línguas já se conheciam. O calor, os hálitos, os gostos, era tudo certo e familiar, e só me lembrava o quanto eu queria sentir aquilo para sempre. Virei-me na cama de forma que ela agora tivesse as costas no colchão e eu estivesse inclinado em cima para beijá-la, o corpo ainda de lado. Acariciei seus cabelos, seus braços, fiz o contorno de sua cintura fina, de seu quadril largo. Cessei o caminho por ali, onde fiquei fazendo desenhos abstratos que subiam gradativamente a saia curta do vestido que ela usava.

Nossas bocas continuavam enroscadas, em uma dança só delas, que perpassava o sensual e mergulhava no carinho e afeição. As mãos de Fernanda agraciavam meus cabelos, ensaiavam redemoinhos e desciam pela nuca, causando arrepios sutis que dilatavam os poros da região.

- Felipe - ela chamou, os lábios roçando meu rosto delicadamente - Eu acho que ainda quero te sentir dentro de mim. - disse, me fazendo soltar todo o ar dos meus pulmões em plena realização.

- Nunca que nossa noite ia acabar ali no carro, meu amor. - eu lhe assegurei, então começando a nos despir calmamente, deixando afagos e apertos gentis por todo pedaço de pele dela que me era exposto.

Assim que estávamos os dois livres de nossas vestes, encaixei uma perna no centro das coxas de Fernanda, e fiz pressão, para sentir quão pronta para mim ela estava. Sua resposta veio rápida, em formato de beijos lentos e caprichados no meu pescoço, orelha e colo. Sorri com seus sinais. Tudo que ela fazia era lindo para mim, de alguma forma.

Sai de cima dela, e a virei até que estivesse de costas para mim, encaixando o contorno dos nossos corpos e sentindo toda a maciez e perfume e sua pele. Esfreguei o nariz desde o ombro de Fernanda, passando pela curva do pescoço e terminando jogando o ar quente em sua orelha.

A penetrei devagar, sentindo cada novo centímetro percorrido em seu interior. Soltamos o ar juntos.

Era simplesmente delicioso demais ter aquele nível de conexão com ela.

Estabeleci um ritmo tranquilo enquanto Fernanda entrelaçava nossas mãos sob a sua barriga lisa e as apertava contra si a cada nova manifestação discreta de prazer.

Ao passo que nos aproximávamos do limite, Fernanda soltou minha mão para poder pressionar os lençóis entre os dedos, e morder o travesseiro.

Eu hora beijava seu ombro e apertava carinhosamente os bicos de seus seios, hora acariciava seu clitóris.

Enfim, posicionei direito seu quadril para poder senti-la por inteiro me envolvendo, e tive minha nuca enlaçada.

Gozamos juntos, gemendo o nome do outro dentro de sua boca.

-

Respirei fundo e me endireitei na cama, despertando Fernanda do torpor em que se encontrava escorada no meu peito comigo acariciando seus cabelos. Ela puxou os lençóis para cima, cobrindo os seios e me olhou como se soubesse o que se passava na minha mente.

Era agora.

- Fê. - comecei, sentindo o gosto de seu apelido na minha boca.

- Gordo. - ela respondeu com um sorriso meigo, como se sentisse a necessidade de me tranquilizar.

- Eu... Você me pediu sinceridade. - mudei o caminho que ia percorrer com a notícia, e a vi assentir, dando-me espaço para continuar. - E eu tenho sido. Sincero. Mas também tenho escondido muitas coisas.

- Como o quê, Gô? - perguntou, com os olhos apertados sem entender.

- Como o fato de que você é sim muito gostosa, e dormir com você é maravilhoso... Mas não é só isso. Digo, não é só isso que eu acho, e não é só isso que eu quero de você.

Puta merda, eu era muito confuso. Tava parecendo um imbecil. Recomponha-se, Felipe.

- Você me liga quando briga com seus pais, vem até aqui depois de terminar com algum namorado, e dorme abraçada comigo quando tá de TPM. Me sorri fraco quando te faço rir no meio do choro, me sorri aberto quando a gente se vê depois de algum tempo separado, me sorri singela quando te deixo sem graça com algum elogio, e me sorri divertida quando me bate por falar alguma obscenidade. Olha pra mim com pesar quando não pode resolver meu problema, com os olhos brilhando quando planeja alguma travessura, e com gratidão quando te faço um carinho despretensioso depois de uma semana difícil. Senta no meu colo quando quer me sentir ao seu redor, pega no meu braço quando está ansiosa pra me tocar, e franze as sobrancelhas quando quer que eu te beije.

- Felipe... O que você tá falando?

- Tô falando que eu sou apaixonado por você. Que presto atenção em todos os seus mínimos detalhes. E que acho que você me retribui.

Fernanda me olhou com os lábios entreabertos, em transe. Parecia impressionada, admirada. Mas eu podia estar interpretando tudo errado e ela estar apavorada ou achando tudo bizarro.

- Desde... Quando? - de todas as coisas que ela podia me dizer, me perguntou quanto tempo fazia?

- Desde...? Faz um bom tempo já. - respondi, incerto do que ela gostaria de ouvir.

Não vi de onde veio, sequer tive tempo de me defender, quando do nada um travesseiro era jogado na minha cara com uma violência extraordinária. Eu berrei um palavrão, é claro.

- Mas que porra...?

- Seu infeliz! Por que não me disse nada antes? - Fernanda estava vermelha e tinha os olhos marejados, não que eu entendesse o porquê.

- Talvez porque eu achasse que você fosse ter uma reação dessas! - respondi, assistindo-a se acalmar aos poucos. - Olha, Fê, acho que já deixei claro que sei ser só amigo. Se é isso que você quer, a gente ignora o que eu disse agora e uma hora eu desapaixono. Mas eu precisava tentar! Se tinha uma chance mínima de você ao menos -

Eu nunca cheguei a terminar a frase. No segundo seguinte era impedido pelos lábios macios da minha melhor amiga, que, desesperados, tentavam me dizer alguma coisa que eu definitivamente não estava conseguindo entender ao pensar com todas as partes do corpo menos o cérebro. Nos separamos fazendo o típico som constrangedor de beijo, e pude ver uma lágrima descendo pelo rosto delicado de Fernanda.

- Felipe, você é um idiota. Repete comigo. Anda! - ela tinha um sorriso no rosto e eu continuava sem entender nada.

- Eu sou um idiota. - falamos juntos. - Por quê mesmo? - completei. Ela revirou os olhos ainda sorrindo.

- Pra quem diz me conhecer tanto e reparar em cada detalhe você tá bem lerdinho, Gordo. - Fernanda disse.

E então eu reparei. O sorriso desconhecido. As lágrimas. O olhar. Fernanda nunca tinha demonstrado nenhum daqueles sinais pra mim antes. Era amor. Minha melhor amiga me olhava com paixão, com necessidade, com alívio e entrega. Da forma como eu sempre esperei que ela me olhasse.

- Eu também te amo, seu imbecil. Sempre amei. - ela resumiu minha descoberta. Eu sentia a respiração curta e um incômodo molhado no rosto.

- Então porque veio com todo aquele papinho de sermos só amigos depois que transamos?

- Por que eu tava apavorada! - Gesticulou, exasperada. - Eu jurava que você ia sugerir que fôssemos amigos com benefícios, e eu não ia aguentar fazer amor com você e fingir que era só sexo casual.

Acho que soltei o maior suspiro da minha vida. E aproveitei pra soltar todo o meu peso em cima dela também.

- Sai de cima de mim, obeso!

- Agora, Fernanda Nakano, você realmente só sai daqui semana que vem. Quando eu decidir que toda a tortura de te ter rebolando essa bunda linda no meu colo for retribuída. Talvez depois disso. - falei enquanto cheirava seus cabelos descaradamente.

- Bem... Acho que eu posso me acostumar com isso.


n/a: Essa ficou grande e bem açucarada, hahaha
Espero que tenham gostado! Espero ter mais 3 novos contos até o final de Julho.

Não se esqueçam de deixar uma estrelinha e um comentário me dizendo o que acharam <3

Beijão!

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