Exceptions

Від beomnny

88 13 3

Oh SeHun é um Ômega habituado à excessões, pois desde sempre pareceu caminhar na direção oposta aos esterióti... Більше

Prólogo
Capítulo 2: Fast In My Car
Capítulo 3: Franklin

Capítulo 1: Last Hope

27 4 3
Від beomnny

O despertador tocava como plano de fundo, mas SeHun estava alheio ao som, quase caindo da cama, até ouvir sua mãe se aproximar e o chamar uma única vez.

- Oh SeHun, se não levantar agora, tiro seu videogame por um mês! - a Beta disse firme.

- Que, ah... tô acordado... - o barulho da sua porta abrindo acompanhado do grito da mãe finalmente o acordou num susto que o derrubou da cama.

Ainda tonto pelo sono, levantou e cambaleou até o guarda roupa, pegando o cabide com o seu uniforme e de maneira muito preguiçosa, trocou de roupa.

No banheiro do corredor, jogou água em seu rosto na tentativa de levar o sono embora, mas tudo que conseguiu foi uma careta pela água gelada em contato com a pele quente, ao menos limpou a baba que escorria de sua boca até pouco tempo atrás.

- O café já está pronto, SeHun! - ouviu a Alfa dizer do andar de baixo no exato momento em que a mãe Beta passava em frente ao banheiro com um cesto de roupas.

SeHun tirou a toalha do rosto e sussurrou:

- Deixou ela fazer o café?

- Deixei... - ela fez uma expressão como de quem pedia desculpa em silêncio. - Poxa SeHun, deixe passar dessa vez, é seu primeiro dia na escola nova, ela está tão empolgada, tem certeza de que vai arranjar um namorado esse ano.

- Justamente, preciso estar forte para aguentar o primeiro dia... - resmungou - e eu não vou arranjar ninguém, nenhum Alfa se interessa por um ômega de 1.80.

- Um e oitenta e três. - corrigiu a mãe.

- Não ajudou muito... sou praticamente da altura da maioria dos Alfas da minha escola.

- Filho... Quando vai enfiar nessa sua cabeça que amor não tem nada a ver com aparência, não importa que seja mais ou menos alto que seu parceiro ou parceira, nem se será Alfa, Beta ou Ômega, o que importa é...

- O que sentem um pelo outro - respondeu em uníssono com sua mãe.

Aquela era uma frase habitual da Beta, que repetia sempre que SeHun tinha uma crise por conta de sua altura ou aparência.

SeHun ainda se lembrava da primeira vez em que tiveram aquela conversa, tinha apenas 8 anos e já era maior que todos os ômegas da sua escola.

- SeHun - a mãe chamou e pelo tom de voz, sabia que era um assunto sério - olhe para mim.

A Beta deixou o cesto de roupas no chão e foi até o filho, segurando seu rosto com as mãos antes de continuar.

- Você é um Ômega lindo, sei que sabe disso, pois estamos cansados de dizer e bem, você não é cego! - disse fazendo SeHun rir. - Não se cobre tanto, está bem? Se não sente vontade de ter um parceiro, não há problema algum, você ainda é jovem, não estamos mais nos anos trinta onde os Ômegas se casavam aos 16!

- Eu sei mãe...

- Me deixe terminar, se você não tem vontade de estar com alguém, não te pressionaremos, agora, se em algum momento se sentir diferente em relação a alguém, não reprima esse sentimento por medo de ser rejeitado, ok?

- Mãe... - não queria admitir, mas estava nítido seu desconforto com aquela conversa, relacionamentos, paixões, esses assuntos eram tabu na mente de SeHun.

- Me prometa.

- Prometer o que? - perguntou confuso.

- Me prometa que não vai se rejeitar antes mesmo de saber se tem alguma chance de verdade com quem quer que seja.

- Me prometa SeHun. - ela disse mais autoritária quando o filho não respondeu.

- Tudo bem, eu prometo. - respondeu por fim, odiava mentir para suas mães e não queria mentir sobre isso, então realmente prometeu aquilo de forma sincera, afinal, sabia que ela tinha razão, pelo menos na teoria. Na prática era um pouco mais complicado, sabia que suas chances com qualquer pessoa eram mínimas devido a sua altura.

- O que vocês dois estão fazendo? - a Alfa perguntou confusa quando chegou ao topo da escada.

- Tae, querida... SeHun me pediu para ver se não havia nenhuma espinha no rosto dele, não é filho? - ela perguntou olhando para ele.

- É... Não quero passar vergonha no primeiro dia... - seguiu com a mentira e agradeceu sua mãe com o olhar, por não contar sobre o assunto real que conversavam.

Ao contrário da mãe Beta, que sempre achou SeHun perfeito por ser exatamente do jeito que era, a Alfa se culpava por SeHun ter crescido tanto, mesmo sabendo que não podia controlar o fato do filho ter pedindo para a sua genética, sabia que se tivesse puxado aos poucos Ômegas da família ou até mesmo de sua mãe Beta que não era tão alta, tudo seria mais fácil, pois o filho era realmente bonito, seu único empecilho para arranjar um parceiro ou parceira era sua altura.

Se aquele assunto já era difícil de conversar com Stephanie, com Taeyeon era quase impossível, a Alfa sempre saia do sério e ficava frustrada por não conseguir convencer o filho - nem a si própria - de que sua altura não era um problema.

- Bom, fico muito feliz que você esteja se preocupando com a sua aparência SeHun, não que tenha algo de errado com ela, você é lindo - ela respondeu tudo de uma vez, um tanto nervosa, não queria deixar o filho preocupado com aquilo, e, para sua sorte, ele realmente não se importava. - Desça pra comer, fiz panqueca pra nós três.

- Nós três? Sabe que eu estou de dieta Tae. - a Beta reclamou pegando o cesto de roupas outra vez.

- E você sabe que eu não ligo que tenha ganhado um pouco de peso, continua perfeitamente bonita, como sempre foi. - o elogio fez Stephanie corar.

Foi a deixa para que SeHun saísse de vez do banheiro e fosse comer, deixando as mães conversando no andar de cima e com "conversar", queria dizer que sabia que Taeyeon começaria uma chuva de elogios até um pouco obscenos para a outra e preferia se abster desse momento.

Apesar de tudo, adorava o jeito de sua mãe, Taeyeon era um exemplo de mulher, mãe e principalmente de Alfa. Era forte e sabia se impor para proteger sua família, na mesma medida em que era atenciosa e carinhosa com as pessoas que amava.

Nunca duvidou do amor que uma sentia pela outra, mas dava para notar como Taeyeon parecia se apaixonar todos os dias pela Beta, era realmente uma relação admirável. Sempre que as via juntas, em seus momentos mais simples, SeHun sonhava com a sua própria vida amorosa.

Diversas vezes, desde que era apenas um filhote, se pegava imaginando como seria seu parceiro, isso porque nunca havia sentido atração por garotas, ainda assim suas mães sempre as citavam como possibilidade, não por querer influenciar ou impor a sexualidade do filho, mas apenas por respeito, afinal, SeHun nunca havia dito nada sobre suas preferências para elas e bem, ele era grato pela forma respeitosa como tratavam o assunto e por não perguntarem sobre tópicos em que ele não se sentia confortável para conversar, mesmo dando pra ver no rosto das duas a curiosidade estampada.

A verdade era que elas eram doidas para descobrirem o gosto do filho para assim empurrar todos os garotos - e garotas, caso gostasse - para si.

De qualquer forma, a única certeza de que tinha, era de que gostava de homens, mas devido às circunstâncias, SeHun nunca havia conseguido imaginar como seria um parceiro ideal, Alfa, Beta ou até mesmo outro Ômega, sabia que suas mães o apoiariam independente da classe, desde que fosse alguém bom para ele. Mas ainda assim, a única vez em que se lembra de ter se interessado por alguém, fora na terceira série, foi também quando descobriu seu gosto por garotos.

Mesmo naquela idade, era extremamente comum ouvirem histórias sobre Alfas e Ômegas e até mesmo variações como era no caso de suas mães, isso até mesmo lhe rendera um trabalho de literatura na sétima série. Mas muito antes disso, o - não tão pequeno - SeHun, brincava sozinho no escorregador, que era o único brinquedo disponível.

A verdade era que todas as crianças, fossem Ômegas, Betas ou Alfas, sempre se afastavam quando SeHun chegava, devido a sua altura e porte grandes demais para a sua espécie, chegava a ser mais alto que alguns Alfas de sua turma e isso era motivo de estranheza para todos.

E apesar de não gostar de estar sempre sozinho, acostumou-se àquela realidade e com o tempo, aquele velho escorregador que possuía uma espécie de forte no topo, pelo qual você subia escalando, se tornou seu refúgio durante as horas em que eram deixados no parquinho da escola.

"

- Ei, pode me dar licença, quero escorregar. - um garoto pediu assustando SeHun que antes estava distraído observando as outras crianças ao longe.

- Ah, tá. - foi o que conseguiu responder. Ao notar que era um Alfa, se sentiu estranho, mesmo sendo alto, ainda era um Ômega e se intimidava na presença deles, especialmente quando estava sozinho.

- Obrigado. - o outro garoto respondeu quando SeHun liberou a passagem para o escorregador.

- De nada... - respondeu tímido e observou o garoto descer no brinquedo e sair feliz dando a volta e repetindo o mesmo ato mais umas duas vezes, até que na terceira, antes que se sentasse para descer novamente, ele olhou para SeHun curioso e sem se conter perguntou:

- Você não vai escorregar?

- Não. - respondeu sem muito ânimo.

- Por que tá aqui em cima então?

- Por que eu quero. - aquela frase havia soado um pouco mais grosseira do que pretendia, mas agora era tarde demais para arrependimentos.

- Por que você tá aqui sozinho? - o Alfa perguntou sem se importar com aquilo.

- Por motivo nenhum. - mentiu, a verdade é que a maioria das crianças, especialmente os Ômegas, preferiam brincar no balanço à medida que os Alfas gostavam de escalar e brincar no gira-gira.

SeHun não era diferente daquela maioria. Adoraria ir até os balanços, mas todos caçoavam dele dizendo que quebraria o brinquedo ou sequer caberia nele devido ao seu tamanho.

E em relação aos outros brinquedos... já havia tentado, mas os Alfas não pegavam leve com ele, sempre giravam forte demais e faziam SeHun passar mal ou quase cair do brinquedo e sobre a parede de escalada, bem, era completamente monopolizada por eles, então nem cogitava tentar e acabar caindo, como havia acontecido da primeira vez.

- Não quer brincar comigo? - o Alfa perguntou de repente pegando SeHun completamente de surpresa.

- Por que?

- Porque você tá sozinho. - ele respondeu simplesmente, balançando os ombros.

- Eu quero. - respondeu sorrindo timidamente, assoprando um dos cachos do cabelo de cima de seus olhos.

- Tudo bem então, qual seu nome?

- SeHun e o seu?

- JunMyeon. - ambos sorriram um para o outro. - Você disse que não quer brincar no escorregador, onde quer brincar então?

- Ah... Eu não sei, eles não me deixam brincar em nada.

- E por que não? - JunMyeon perguntou confuso.

- Não sei. - mentiu outra vez, afinal, JunMyeon era a primeira criança com quem havia conversado desde que entrara naquela escola e não queria que ele o chamasse pelos apelidos que os outros chamavam caso soubesse quais eram.

- Hm... Se desse pra escolher, qual brinquedo você escolheria?

- O balanço. - respondeu rapidamente, era seu brinquedo favorito, sem sombra de dúvidas, mesmo que nunca tivesse brincando nele, tinha certeza de que era super divertido. - Mas não vou lá porque tá cheio de gente.

- Tudo bem. - JunMyeon respondeu e se sentou de frente para SeHun.

- O que tá fazendo?

- Vou esperar saírem do balanço, aí vamos juntos pra lá.

SeHun não entendeu o motivo do garoto agir assim, talvez fosse porque não o conhecia, nunca o tinha visto antes e bem, consequentemente ele também nunca tinha o visto em pé, exibindo a sua altura para todos.

Mas naquele momento, aquilo não importava, estava contente por ter alguém conversando consigo e isso bastava por hora.

JunMyeon e SeHun não souberam dizer quanto tempo esperaram, conversaram sobre seus desenhos preferidos e outros assuntos banais, SeHun sequer pensou em perguntar se o Alfa havia entrado para a sua turma ou coisa do tipo.

- Olha, o balançando tá vazio, vamos lá antes que alguém pegue ele! - JunMyeon rapidamente mudou de posição e desceu pelo escorredor.

Animado, SeHun fez o mesmo.

Ao chegar no balanço, que possuía dois assentos um ao lado do outro, notou que o parquinho estava vazio, mas não importava, afinal, JunMyeon não parecia ter notado a semelhança de altura que tinham.

Logo os dois se sentaram no brinquedo, mas SeHun parecia incerto de como brincar.

- Você tem que dar impulso com o pé. - JunMyeon explicou apontando para seus próprios pés. - Assim. - falou começando a balançar.

SeHun, que sempre via os outros Ômegas brincando e agora vendo também JunMyeon, repetiu o movimento e logo pegou o jeito, balançando devagar para frente e para trás ao passo que o Alfa balançava rápido enquanto ria.

- Tenta ir mais rápido Hunnie, é bem mais legal! - ele disse em voz mais alta e o Ômega assentiu fazendo o que lhe foi sugerido.

Quando sentiu o vento balançar seus cabelos pela primeira vez, sentiu também o frio na barriga, mas era uma sensação muito boa, sentia-se livre.

Logo ele atingiu o mesmo ritmo que o Alfa e olhando para ele ali, SeHun sentiu seu coração acelerar. Naquela hora ele não sabia, mas JunMyeon se tornaria sua primeira paixonite de infância.

"

- SeHun? Está me ouvindo? - a mãe Alfa o acordou de seus pensamentos balançando um pote diante do rosto do filho.

- Oi mãe, não vi você chegar. - respondeu meio constrangido.

- Tudo bem, sei que deve estar nervoso com o seu primeiro dia de aula, mal tocou nas panquecas... Mas fique tranquilo, vai dar tudo certo. - Taeyeon respondeu, mas dava para notar que dizia aquilo mais a si própria do que para SeHun. - Fiz o seu lanche.

- Tae, o SeHun não é mais criança. - Stephanie disse surgindo na cozinha.

- Ah e tem idade pra sentir fome agora? - a Alfa perguntou emburrada.

- Não, não tem, mas SeHun já é grande, deve preferir comprar alguma coisa pra comer na cantina da escola.

- Ah... Não tinha pensado nisso. - ela respondeu um pouco decepcionada. - Se for o que prefere, te dou dinheiro para comprar comida.

- Tudo bem mãe, não precisa, vou levar o almoço que a senhora fez. Tenho certeza de que é bem mais gostoso do que a comida que vendem na escola... - mentiu, era muito bom com aquilo.

- É muito mais saudável também, os lanches da escola são péssimos, precisa comer salada para crescer e... Bem, crescer não, ah... Droga Tiffany, me ajude aqui - a Alfa cochichou o final da frase, chamando a esposa pelo apelido que não pôde deixar de rir de toda aquela cena e SeHun a acompanhou, fazendo Taeyeon ficar vermelha pelo constrangimento, mas não de uma forma ruim.

- É melhor você ir, o ônibus vai passar a qualquer momento. - Taeyeon falou para tirar o foco de si.

- Meu Deus, o ônibus! Me esqueci que você acordou atrasado! - a Beta disse assustada e saiu correndo atrás da mochila do filho.

-

- Boa sorte no seu primeiro dia! - a Beta falou alto para que SeHun a ouvisse enquanto corria para pegar o ônibus que estava parado em frente a casa deles.

- Vai dar tudo certo! - foi a vez da Alfa gritar.

SeHun entrou no ônibus morrendo de vergonha da situação, mas era incapaz de ficar bravo com as duas, sabia que estavam felizes por aquela nova etapa de sua vida.

Para ser honesto, ele próprio não se sentia animado. Durante o ensino fundamental e início do Colegial, podia fingir que era novo demais para se relacionar com alguém, mas agora, aquele seria o tópico principal de sua vida, aliás, da vida de todos, com exceção da sua, que não mudaria e isso com certeza geraria uma nova onda de apelidos e piadas que não tinham graça nenhuma, felizmente podia contar com a ajuda de seu melhor amigo agora que estudariam juntos.

Seria um longo ano para SeHun e se ele soubesse o que o aguardava, talvez quisesse nunca ter acordado naquela manhã ou talvez tivesse ansiado ainda mais pelo primeiro dia de aula.

Isso, somente o futuro poderia dizer.

-

Do outro lado da cidade, KyungSoo acordou assim que ouviu seu despertador tocar.

Não levou mais do que quinze minutos para estar perfeitamente arrumado para seu primeiro dia de aula.

Ao sair do quarto, se direcionou à pequena cozinha do apartamento encontrando um de seus pais terminando de preparar seu café.

- Bom dia pai.

- Bom dia Soo, animado para o primeiro dia? - LuHan perguntou sorrindo.

- Claro, mas um pouco nervoso também.

- Nervosismo é normal, mas não se deixe levar por esses sentimentos, ok? Agora vá se sentar, o café já está na mesa.

- Não precisava acordar cedo por minha causa, sabe que consigo fazer meu café sozinho. - KyungSoo falou antes de começar a se servir com o leite e o pão que estavam na mesa.

- Eu sei, mas já estava acordado e com fome, então não me importei. - o pai respondeu.

KyungSoo divagava enquanto tomava seu café, já estudava naquela escola a dois anos e tinha seu melhor amigo na mesma sala que a sua, ainda assim, não se sentia totalmente preparado para encarar tudo, talvez nunca fosse chegar o dia em que se sentisse verdadeiramente pronto.

No fundo ele sabia que não demoraria até que os outros Alfas na escola voltassem a fazer piadas com a sua aparência e principalmente com a sua altura, afinal, ele era apenas alguns centímetros mais alto do que a maioria dos Ômegas e isso era devido ao fato de ser resultado da procriação entre dois da mesma espécie.

Se lembrava da história que MinSeok contava, dizendo que desde o início da gestação até pouco antes de nascer, tinham certeza de que ele seria um Ômega, afinal KyungSoo sempre foi um bebê tranquilo e a barriga de seu LuHan não havia crescido muito.

Por isso, quando nasceu, foi uma surpresa enorme para todos quando sentiram o típico cheiro de Alfa exalar de um bebê tão pequeno.

E como esperado, KyungSoo não cresceu muito e isso foi motivo de estresse para ele ao longo dos anos, era alvo de piada entre os outros Alfas e até mesmo Betas e bem, não fazia sucesso entre os Ômegas, pelo contrário.

Contudo esse último detalhe era o que menos importava para ele, claro que no fundo sentia vontade de se casar algum dia, de ter alguém que pudesse cuidar e amar, não fosse por mera vontade, seus instintos pediam por aquilo. A diferença era que estava bem onde estava agora, seu principal objetivo no momento era manter as notas altas e prestar vestibular no final do ano para entrar em uma boa faculdade. Queria dar uma vida digna aos pais, que sempre lutaram muito para lhe dar a melhor vida que estava ao alcance deles.

Como Ômegas, o mercado de trabalho não era fácil, mesmo nos tempos atuais, era incomum vê-los em cargos que pagavam realmente bem, pois em sua maioria eram preenchidos por Alfas e Betas.

Claro, existiam sim bons empregos para Ômegas, porém, era difícil conseguir uma vaga decente sem a indicação de alguém de influência - geralmente algum Alfa. Normalmente os maridos ou esposas Alfas ficavam responsáveis por garantir bons empregos aos Ômegas que escolhiam trabalhar fora.

Porém, não era o caso dos pais de KyungSoo e e isso dificultava tudo, não apenas por não terem a vantagem de um Alfa em suas vidas, mas porque assim que descobriam os fatos a grande maioria das pessoas os tratavam com tremendo preconceito.

Dois Ômegas não podiam cuidar nem proteger um ao outro, nem conseguiam saciar seus períodos de cio, afinal, eles eram feitos para serem passados ao lado de algum Alfa.

E como se já não bastasse tudo isso, os pais de LuHan e de MinSeok nunca lhes deram apoio algum e foi por isso que o casal foi embora a cidade onde nasceram e vieram para a capital, em busca da chance de terem uma vida juntos, não importando o quão difícil fosse.

Felizmente, mesmo com todas as dificuldades, o casal permaneceu junto e conceberam o filho Alfa, que sem sombra de dúvidas era o maior orgulho dos dois.

Entretanto, como ambos eram Ômegas juntamente ao fato de que viviam isolados do restante da família dos pais, KyungSoo praticamente foi criado como um deles.

Claro que seus pais tentavam ensinar os valores de um Alfa na sociedade, mas não tinham experiência com essa parte de sua espécie, então aos dezessete anos, KyungSoo era o total oposto da grande maioria dos Alfas da sua idade.

Sabia como cuidar bem da casa, aprendeu a costurar as próprias roupas e cozinhava melhor do que vários Ômegas - devia isso aos pais que ao notarem seu interesse pela gastronomia, incentivaram o filho da melhor maneira possível e o ensinaram a cozinhar diversos pratos diferentes. Para completar, KyungSoo era apaixonado por música na mesma medida, se não mais.

Sabia tocar diversos instrumentos, mas o seu preferido era o violão, pois foi o primeiro instrumento que ganhou de seu MinSeok e aprendeu a tocar, aos 10 anos de idade.

Desde então, aprendeu a tocar piano, baixo e até arriscava um pouco na guitarra, mas suas composições em sua maioria eram feitas no único acústico do violão.

Seus pais sempre diziam o quão bem KyungSoo cantava, era praticamente um talento natural, que ele havia praticado e melhorado muito ao longo dos anos. Apesar disso, somente as pessoas mais próximas a ele sabiam sobre seu hobbie, afinal, cantar era um costume majoritariamente Ômega.

Claro que existiam cantores Betas e Alfas, mas não era muito comum e bem, KyungSoo já possuía desculpas o suficientes para serem usadas como chacota, não precisava expor mais uma.

Por conta disso, mesmo tendo um apreço enorme pela música, nunca cogitou seguir carreira.

- Deixa a louça do café aí, não quero que se atrase para o seu primeiro dia. - LuHan falou despertando o filho de seu devaneio.

- Ah, mas eu acho que ainda tenho tempo. - KyungSoo respondeu se levantando da mesa e começando a juntar a louça suja.

- Ótimo, use ele para ter certeza de que não está esquecendo nada e acorde o MinSeok antes de ir, sabe como ele vai ficar chateado se não conseguir te desejar boa sorte hoje. - o pai rebateu pegando a louça das mãos do garoto.

- Okay... - respondeu por fim e saiu da cozinha.

Passou em seu quarto e conferiu sua mochila, parecia estar tudo em ordem, mas já sabia disso, afinal tendo dois pais Ômegas era difícil deixar algo fora do lugar, ele próprio havia pegado o costume por arrumação deles.

Depois de pegar sua mochila e seu celular, passou no quarto dos pais, no fim do corredor e acordou seu pai como havia sido pedido.

- Bom dia papai, eu to indo pra aula. - KyungSoo falou em tom baixo, pois sabia que MinSeok tinha o sono leve e acordaria facilmente ao escutar sua voz.

- Hm... Bom dia, nossa já é de manhã? - respondeu meio sonolento.

- Tá bem cedo ainda, então não precisa levantar, eu só vim avisar você porque o pai disse que você ficaria triste.

- Ah... Claro que não. - MinSeok resmungou. - Mas obrigado por vir, boa aula e boa sorte no seu primeiro dia.

Após se despedir de MinSeok, KyungSoo passou no banheiro e conferiu sua aparência, não que se importasse tanto, apenas queria garantir que o uniforme não estava amarrotado, percebendo que ainda estava de óculos, tratou de trocar por suas lentes.

Ao confirmar que estava pronto, caminhou em direção a sala, passando pela cozinha e se despedindo de LuHan que terminava de lavar a louça do café.

- Boa aula Soo. - o pai respondeu da cozinha.

- Obrigado.

- Arranje um namorado... Ou namorada esse ano. - KyungSoo parou no meio da sala ao ouvir aquilo.

- Pai, sabe que não tenho tempo pra isso. - reclamou e voltou a andar, parando para calçar seus sapatos antes de sair.

- E eu e o seu pai estamos ficando velhos e queremos netos. - ele disse surgindo no corredor e vindo até onde seu filho estava. - Toma, quase esqueceu seu lanche. - LuHan entregou o pacote nas mãos do filho e beijou sua testa.

- Obrigado, eu provavelmente só lembraria quando chegasse a hora do almoço.

- Me agradeça arranjando um Ômega bem bonito na escola.

- Pai... - KyungSoo suspirou, não conseguia se irritar de verdade com aquele pedido, sabia que seus pais tinham a melhor das intenções e Ômegas eram assim, sensíveis e românticos, bom, pelo menos a maioria deles, e seus pais sonhavam em ver o filho se casando e lhe dando vários netos.

- Tudo bem, não precisa ser Ômega, sabe que me contentaria até com um Alfa, mesmo que não pudessem ter filhos. - respondeu divagando.

- Não prometo nada. - respondeu sorrindo antes de sair do apartamento.

---

Antes de sair do pequeno complexo de prédios, KyungSoo passou pelo bicicletário e buscou sua bicicleta, o único meio de transporte até a escola que ficava a cerca de vinte minutos de onde morava.

O dia não estava muito frio, o clima parecia ótimo para ir pedalando o que ajudou a manter o bom humor do Alfa, apesar do nervosismo.

No início do Colegial, havia ganhado bolsa para diversas escolas particulares na cidade quando, mas escolheu a que era mais perto de sua casa, para que seus pais não precisassem gastar dinheiro pagando por ônibus escolares. Foi quando conheceu JongIn, uma Alfa completamente assanhado como MinSeok costumava dizer.

Apesar disso, logo se tornaram bons amigos e faziam tudo juntos, até porque KyungSoo não era muito popular e, assim como nos dois últimos anos, JongIn estaria na sua turma e apenas aquele fato já o motivava a encarar o último ano.

Antes de sair, colocou sua banda preferida para tocar.

Every night I try my best to dream
(Toda noite tento ao máximo sonhar)

Tomorrow makes it better
(Que o amanhã tornará tudo melhor)

Then I wake up to the cold reality
(Então acordo com a fria realidade)

And not a thing has changed
(De que nada mudou)

But it will happen
(Mas acontecerá)

Gotta let it happen
(Tenho que deixar acontecer)

-------

Eu inicialmente ia deixar só as letras originais das músicas, mas como eu sei que nem todo mundo fala inglês, vou sempre colocar as traduções pra facilitar pra vocês!

Como eu disse no Spirit, vou estar falando aqui também, eu não ia colocar capa em todos os capítulos porque eu já escrevo e reviso a história sozinha e como a jovem adulta que sou, mal tenho tempo porque eu moro sozinha, estudo e trabalho, fora um montão de outras coisas que eu faço.... Mas eu senti que precisava mostrar como eram os personagens pra vocês desde que eu decidi fazer o BaekHyun com red hair e fiquei com receio de todo mundo pensar no Mullet de kokobop que eu amo muito, mas não é a aparência dele nessa história!

Sendo assim..... Eu vou tentar fazer capa para todos os capítulos, mas não farei promessas!

Comentem o que acharam pls!

https://open.spotify.com/playlist/7C7eEZ7aLskwsBAJD3FzHS?si=GJ6-VPYUR7m8ZOJi7-jOsA

Продовжити читання

Вам також сподобається

127K 5.4K 10
Dois melhores amigos que vivem se provocando decidem adicionar um pouco mais de cor na amizade... O que pode dar errado?
228K 14.5K 50
Elisa, uma jovem mulher que pretende se estabilizar no ramo de administração depois de sua formação. Ela entregou seu currículo em várias empresas, m...
3.9M 237K 106
📍𝐂𝐨𝐦𝐩𝐥𝐞𝐱𝐨 𝐝𝐨 𝐀𝐥𝐞𝐦ã𝐨, 𝐑𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐉𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨, 𝐁𝐫𝐚𝐬𝐢𝐥 +16| Victoria mora desde dos três anos de idade no alemão, ela sempre...
1.4M 82.6K 79
De um lado temos Gabriella, filha do renomado técnico do São Paulo, Dorival Júnior. A especialidade da garota com toda certeza é chamar atenção por o...