Rhaenys Targaryen
Algo escorre por meu rosto, é gelado, me causa arrepios. Não consigo abrir os meus olhos, é como se estivessem colados. Mas, consigo mover minhas mãos, deslizo elas por meu rosto, parecem ser gotas de algo, ou... Não sei. Começo a tatear em volta de meu corpo, é um chão áspero, duro e frio.
Começo a ouvir passos, um barulho de madeira rangendo, imediatamente fico imóvel.
Várias vozes se misturam, não consigo compreender, é uma língua diferente... O que?
*Valiriano*
— Saíam. Quero ficar sozinho com ela. – Aquela voz... Me sinto inquieta, o terror começa a tomar conta do meu corpo. Eu preciso sair daqui. Eu quero sair daqui. — Se continuar assim, vai acabar em um ataque de pânico, Rhaenys.
Sinto uma mão deslizar em meu braço, quero gritar, mas não consigo. Tento mover novamente minhas mãos, sem sucesso. É como se meu corpo estivesse paralisado.
*Valiriano*
— É o pânico, se não se acalmar, não vai conseguir tentar escapar de mim. – Sua voz sai firme, como se no fundo estivesse me dando uma ordem para me acalmar. — Não vou matá-la, não se preocupe, para que me escute, preciso de você viva. – De repente, consigo ouvir o barulho do.. Mar? E tudo fica silencioso novamente.
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3 dias depois
Aemond Targaryen
O desespero de todos se torna nítido, como uma névoa densa que envolve o lugar, me deixando cada vez mais sufocado. Cada rua é permeada por um eco de angústia e temor, enquanto a ausência de Rhaenys lança uma sombra escura sobre todos.
Os olhares apreensivos de Jace se voltam para o horizonte distante, como se ele soubesse que a ameaça está se manifestando como uma sombra sinistra, pronta para acabar com a possibilidade de um futuro sem sangue ser derramado.
O desespero é um grito silencioso que ecoa pela minha mente, preciso achá-la, Rhaenys não fugiu, disso eu sei, a aflição de Storm entrega isso. É como se ela sentisse que sua montadora está correndo perigo, o que deixa até mesmo Vhagar em alerta.
— Nós precisamos achá-la. – Luke afirma.
— Alguém aqui viu Cairos ou Kaden? Eles também não apareceram mais. – Desconfiança cobre o rosto de Jace.
— O que está pensando? – Pergunto discretamente.
— Essa história toda, do pai deles, tem muitas pontas soltas. A forma como eles agem, a forma como os 2 sumiram de repente. Há questões que não se fecham para mim... – Ele se move de um canto para o outro, como se estivesse tentando encaixar tudo em sua mente. É inútil, óbvio, mas o desespero não o deixa pensar de forma clara.
— Jacaerys. – A voz grave de Daemon preenche o ambiente. Vejo alguns lordes se encolherem e se afastarem, como se algo fosse estourar ali mesmo. Os passos de meu tio são pesados e rápidos. — Me diz que já tem qualquer sinal de para onde sua irmã foi. Não faz ideia da pilha de nervos que está sua mãe.
— Como está o bebê? – Luke dispara, seu semblante repleto de preocupação e ansiedade. Jace lança um olhar inquieto e questionador.
— Saudável, forte... Vai ser um grande cavalheiro. – Ah...
— Já nasceu. – Jace fala, uma confirmação, não um questionamento.
— O que você acha? Ela já estava sentindo, mas quando o corvo chegou, avisando sobre o sumiço de Rhaenys, ela entrou em desespero e foi tudo muito rápido.
Sinto o olhar de Daemon em mim, o encaro e mantenho minha postura ereta, meu semblante impassível. O ódio que emana de seus olhos, causariam arrepios em qualquer idiota, mas não em mim. Mas, ele tem razão em me odiar, eu deveria protegê-la e não fiz. E agora, tenho apenas um objetivo, que é achar Rhaenys, não importa onde, vou achá-la.
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Jacaerys Velaryon
No olhar de Daemon, reflete um misto de confusão e fúria, direcionado a Aemond com uma intensidade cortante. Seus olhos, transbordam um ódio profundo, acusando-o silenciosamente por não ter protegido Rhaenys. Aemond parece perceber também...
— Daemon... Cairos e Kaden também estão sumidos. – Chamo sua atenção e ele direciona um olhar mortal para mim.
— E por que eu deveria me importar com isso? Podem apodrecer. – Nego.
— Achá-los também poderia ajudar a achar Rhaenys. – Ele continua me encarando, sua sobrancelha se ergue, uma ordem silenciosa para continuar. — É óbvio que o sumiço dela deve ter haver com o pai deles. Todos os acontecimentos dos últimos dias... Tudo indica que o tal Zahir está em Westeros.
— Onde eles foram vistos pela última vez? – Antes que eu possa responder, Jaime adentra ao salão, com um semblante sério.
— Precisamos conversar em particular. – Ele aponta para mim e para Aemond.
Daemon lança um olhar desconfiado para Jaime, mas não se intromete, mas em seu olhar, ele diz que vamos conversar melhor depois. Ele anda até Luke e Joffrey, fazendo perguntas atrás de perguntas.
Sigo Aemond e Jaime até a sala reservada, assim que fecho a porta, Jaime dispara.
— Saemell, um de meus informantes de Tyrosh, disse que há movimentações estranhas em Pentos, ele não sabe exatamente o que, mas sabe que há algo muito errado.
— Como assim? – Aemond o questiona rapidamente.
— Oryn, um mercador de Myr, ficou espalhando para os seus "próximos" que receberiam algo valioso, não quis dizer exatamente o que, mas ele afirmou que receberia diretamente das mãos de um Targaryen, em Pentos. – Ele bufa, passa a mão em seu rosto. — Isso não tinha chamado minha atenção, até que o irmão de Oryn, Ambrose, afirmou que o tal "Senhor de muitas faces", não era um Targaryen, na percepção dele.
— Senhor de muitas faces? – Questiono, deixo transparecer minha completa confusão.
— Oryn ficou furioso com a afirmação do irmão, Saemell disse que Ambrose está sumido, dizem que o desentendimento dos irmãos se iniciou por ganância.
— Mas... – Aemond indaga.
— Mas há quem diga que o tal Senhor, que deu um sumiço em Ambrose, e Oryn para não perder as riquezas, se manteve calado. – Jaime olha pela janela, seu olhar parece buscar respostas. — Tentei buscar todas as informações sobre esse Senhor... Ainda estou no escuro. Mas, consegui descobrir que haverá uma reunião aqui em Westeros.
— Não consigo entender. – Interrompo ele. — Como eles poderiam chegar tão rápido em Westeros, para uma reunião... E com quem?
— Não. Eles estão em Essos, mas há alguém de grande importância que os ajuda daqui. – Ele respira fundo.— De dentro da fortaleza.
— E você não faz ideia de quem seja. – Aemond afirma e Jaime concorda.
— Mas... Tenho uma informante, ela disse que há formas de descobrir e que essa noite, ela descobriria a verdade. – Ele sorri. — Estou confiante que em alguns dias, ela trará essa informação.
— Está bem, mas essa não é a nossa prioridade. – Jaime concorda.
— É claro, estou buscando informações em todos os cantos de Westeros, já enviei corvos até para as terras do Norte. – Ele coloca a mão no ombro de Aemond. — Nós vamos achar ela.
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2 dias depois
Rhaenys Targaryen
Minha cabeça dói, ouço barulho de algo sendo quebrado... Ou arremessado. Ouço vozes, risadas altas e brutas. O cheiro da maresia faz meu nariz queimar. Abro os olhos lentamente, dessa vez eu consigo, uma luz forte me deixa tonta, pisco inúmeras vezes até me acostumar com a luz do dia. Sinto um fedor forte de peixe, me movo e observo em volta. Estou em um barco, que parece estar atracado em um Porto. Não reconheço esse porto, eu acho...
A movimentação me deixa confusa, procuro por qualquer sinal de algo familiar, nada.
*Valiriano*
— Finalmente acordou. – Me viro rapidamente para finalmente encarar a voz que tanto me aterroriza. Com um largo sorriso, Zahir, ou seja lá qual seja o seu nome, estende a mão para mim. — Me deixe te ajudar, a situação está um pouco... Ruim, para você.
Os olhos violeta brilham, para um homem tão velho, ele está em boa forma. Ele é alto, seu cabelo está curto, de uma forma que o faz parecer mais novo. Longas cicatrizes percorrem por seus braços fortes, há uma fina e grande em seu pescoço, ela parece pulsar.
*Valiriano*
— Não é nada delicado me olhar cima a baixo. – Ele gargalha. — Achei que a realeza Targaryen fosse bastante rígida com os modos.
*Valiriano*
— Onde estou? – Ele abre um largo sorriso.
*Valiriano*
— Onde estão os modos, Rhaenys? Cadê a conversa amigável? Ouvi tantas coisas sobre você... – Tento me aproximar dele, mas algo além das velas do barco, chama minha atenção... Pelos Deuses.
A grande estátua... O Titã de Braavos. Estamos em Braavos.
Percebo que Zahir continua falando comigo, mas estou distraída demais com a descoberta. É a primeira vez que chego tão perto de Braavos. E agora uma pergunta que não paro de me fazer... Por que ele me trouxe aqui?
*Valiriano*
— Certo, você quer me usar para acabar com a minha família, com minha casa. – Solto um longo suspiro. — Vá em frente, estou aqui. – Ele me encara com as sobrancelhas erguidas.
*Valiriano*
— Não sei o que te contaram, Rhaenys... Mas acho que está na hora de você ouvir uma história. – O encaro com o cenho franzido. — Mas antes, você vai querer tomar um banho e descansar, foi uma longa viagem... – Seu rosto fica sério. — Você vai precisar de tempo para assimilar tudo. – Sua expressão novamente muda rapidamente, um sorriso largo estampado em seu rosto. — Acredito que vai gostar da hospedagem de Braavos. Há uma pessoa que quer muito conhecê-la.
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Boa noite, meu povoooooo
Feliz Páscoa🤍✨
Capítulo mais curto só para dar um gostinho de quero mais e dizer que não morri, ok?
Espero que tenham gostado...