Acordar, tomar banho, escovar os dentes, comer alguma coisa, ir à escola, é algo que estou super acostumado. É a mesma rotina todos os dias — menos aos finais de semana — para ser sincero, eu não gosto da escola.
Os alunos deveriam ser poupados um pouco. As matérias já são puxadas, e os professores não colaboram passando tantos trabalhos. Sinceramente, gostaria que as férias fossem longos três meses, assim poderia respirar direito.
Mas querer não é poder, e aqui estou eu terminando de me arrumar para voltar a este lugar.
Ah, ainda não me apresentei. Me chamo Yang Jungwon, e estou no terceiro ano do ensino médio. Devem ter percebido que reclamo bastante sobre a escola, mas é pelo simples fato de que ela mal me dá um descanso, principalmente no quesito das tarefas, vivo esquecendo de fazê-las, não adianta nem anotar. Sorte que tenho Riki para me lembrar.
— Bom dia, mãe. — Falo dando beijo em sua testa. — Já terminou de pôr a mesa pelo visto, nem para me esperar.
— Bom dia, meu lindo. Você já tem que acordar cedo e ir para a escola, o mínimo que devo fazer é isso.
— Está bem, mas na próxima vez me chame para ajudá-la.
Me sento pegando a jarra do suco de laranja que havia na mesa, não sou muito de tomar café tão cedo, então comecei a optar a tomar suco.
— Quer carona para a escola?
— Não precisa, vou de bicicleta junto ao abestado do Riki.
— Estava pensando em comprar outra bicicleta para você.
— Ah, não precisa, mãe! A senhora me deu aquela nem está com um ano. Já está querendo comprar outra?
— Só quero você satisfeito com o que tem, meu filho.
— Mas eu estou bastante satisfeito com ela, não precisa se preocupar em comprar outra tão cedo.
— Tia, este garoto não precisa de nada disso. A senhora anda mimando ele demais, tudo que ele quer, ele tem. Ele devia procurar algum emprego, isso sim. — Riki aparece na cozinha, pegando uma maçã que estava na fruteira.
— Está fazendo o que aqui?
— Eu fiquei cansado de esperar você lá fora, então apenas entrei.
— Mas é um folgado mesmo.
— Cale a boca, ruim da memória.
— Está na minha casa e me manda calar a boca, ainda por cima zomba da minha memória, quer apanhar né?
— Não.
— Meninos, já vou ao trabalho. Jungwon, você tem a chave reserva, e se esquecer dela, tem outra debaixo do carpete da porta da entrada, e o Riki tem outra também.
— Tá bom. Ainda não entendi porque ele tem uma chave reserva da nossa casa.
— Não reclame, você também tem da minha.
— Verdade, né. — Vou à sala pegando minha mochila e saio junto aos dois.
Aceno para minha mãe que estava já no carro pronta para sair. Pego minha bicicleta e começamos o percurso de sempre. Riki e eu sempre vamos juntos para a escola, já é um costume que temos desde a infância. Quando ele não está ao meu lado pedalando a sua bicicleta e tagarelando feito bobo, torna uma ida e volta bem entediante.
Ao chegarmos na escola, estacionamos nossas bicicletas no lugar correto que tem para as mesmas e entramos. Para ser sincero, esse lugar está bem estranho, as pessoas que passam ou que estão paradas pelo corredor começam a me encarar e sussurrar umas para as outras. O pessoal nunca foi de me notar muito, e agora tenho os olhares de todos a mim. Será que espalharam algum boato falso me envolvendo?
Tenho certeza que sim, é o clássico acontecer isso.
Olho para Riki vendo-o estranhar, mas não dando muita importância a isso.
— Ei! Por que todos vocês estão me encarando? — Pergunto assim que chego em meu armário.
— É verdade que você está namorando o Jay? — Uma garota perguntou me surpreendendo com o que disse.
— O quê?
— Isso não faz sentido algum, onde você ouviu essa história, garota? — Perguntou Riki, que estava ao meu lado mexendo em seu armário.
— Todos estão dizendo isso, foi o próprio Jay que disse. — Explica.
Ata, pera, o quê!? O Jay?
—Ué, por que ele iria dizer isso Jung?
— Eu não entendo porque ele poderia ter falado algo assim Nini, isso não é nem real.
— O que não é real? — Dois braços rodearam meus ombros me fazendo tomar um pequeno susto. — Oi Jungwon, foi mal pelo susto. — Jay fala dando um sorriso.
— Jay?
— Está vendo? Como pode negar os rumores?
— Garota, você não pode acreditar em todo rumor não, tá?
— Cale a boca, Riki.
— Cale você, oras. Não sabe de nada e fica querendo opinar.
— Nossa, que garoto chato.
— Sou mesmo!
— Nós chegamos agora, Riki, e você já está querendo arrumar confusão?
— Fala isso como se eu brigasse com essas idiotas o tempo todo.
— Mas você briga, oras.
— É verdade. — Jay que estava apenas observando diz, volto minha atenção para ele que já me encarava.
— Eu não sou de ficar brigando direito! E não é só eu no meio dessas confusões não, o Jake e o Heeseung também estão.
— EI, NISHIMURA! EU NÃO FAÇO CONFUSÃO!
— POR QUE VOCÊ ESTÁ GRITANDO?
— Por que eu quero, e não estou nem aí se você se assustou.
— Vocês fugiram de um hospício, né. — Sunghooon se pronúncia atrás de Riki e Heeseung.
— Quem fugiu de um hospício foi você e seu namorado.
— Está me metendo no meio disso por quê, Heeseung? — Jake fala atrás de Sunghoon.
— Só falar da cobra.
— Calado, Riki.
— Vocês se conhecem?
— Claro, Jungwon. Esses aqui são os meus comparsas, estamos sempre juntos nas confusões, e o Sunghoon é o que nos tira delas.
— Vou ter que dizer pra sua mãe que você está levando outras pessoas para suas confusões?
— Não é preciso.
— Aliás, Jay, tenho uma pergunta para te fazer.
— E o que seria?
— Por que você disse que estamos namorando? Essas pessoas não vão me deixar em paz.
— Não entendo o porquê elas não vão o deixar em paz.
— Responda a minha pergunta.
— Podemos falar sobre isso depois? A aula começou, e já estamos atrasados.
— Tudo bem.
— Eu estou boiando aqui. — Heeseung fala com tédio.
— Também, todos aqui estamos. — Sunghoon aponta para cada um dos meninos presentes ali.
— Que boiando o que, só quero explicações sobre isso.
— Relaxa, você irá ter essas explicações logo. — Jake fala colocando seu braço sobre meu ombro. — Agora que estamos mais próximos, podemos ser amigos, certo Jungwon?
— Ah, sim.
Sou péssimo em fazer amizades. Sempre que faço novos amigos, eles se afastam com o tempo, poucos restaram. Mas espero que dessa vez seja diferente, eles parecem ser bastante divertidos.
— Maravilha, Jungwon.
-
Na saída da escola, encontro Jay e os outros. Eles estavam conversando e rindo bastante. Heeseung avistou eu e Riki e nos chamou para ir até eles.
— Oi, meninos.
— Oi, Jungwon! O Jay já ia te procurar.
— Me procurar?
— Sim,você não queria que eu me explicasse? — Se aproxima.
— Sim, já estava esquecendo disso. — Me afasto um pouco de Jay.
Não consigo manter contato com os olhos, quem dirá ficar tão próximo assim?
— Vamos deixá-los sozinhos, estaremos perto do estacionamento.
— Ok, Sunghoon. — Acena para os quatros que já estavam se afastando. — Tudo bem, vou te explicar.
— Pois comece.
Se eu pudesse dar algum conselho para o meu eu de dois anos atrás, o conselho seria nunca, em hipótese alguma, entrar nesta escola, ao qual Jay estuda. Assim não iria estar tão interessado em alguém que só notou minha existência agora.
— Bom, acho que você já percebeu que me tratam como popular, né? Você deve pensar que eu gosto, mas na verdade é insuportável! Você vai comer algo no refeitório e fica um monte de gente em cima de você, vai na biblioteca e tem uma multidão atrás, toda semana rumores envolvendo seu nome, é tão difícil isso.
— Eu não sabia que você se sentia assim, pensei que gostava.
— Mas eu não gosto. Tenho todos os tipos de paqueras, que enchem meu armário com cartas. E essas garotas ficam me perseguindo direto. Não tinha muito escolha a não ser tentar fazer um acordo com alguém bastante interessante. — Pausa ao avistar algumas meninas nos encarando ao longe. — Vem, vamos para um pouquinho mais longe.
— Difícil essa sua vida.
— Poiser, mas é aí que você entra. Acho que não sabe, mas você chamou muito minha atenção, era a pessoa perfeita ao qual precisava. Então disse hoje cedo que estávamos juntos.
— Poderia ter me dito antes, não deve sair falando algo que me envolve sem meu consentimento.
— Sim, me arrependo muito de ter feito isso sem consultar você. — Pega minhas mãos. — Desculpe.
— Ah, tudo bem.
— Eu tenho um acordo bem simples para o propor, Yang.
— E qual seria?
— Seja meu namorado, e eu irei o recompensar bem.
— E por que eu deveria aceitar?
— Por favor! Eu preciso muito que essas pessoas me dê um pouco de espaço na escola.
Pensando bem, deveria aceitar. Não irá fazer tão mal ajudá-lo. Jay sempre é perseguido por esses obcecados sem ter muito o que fazer.
E namorar ele seria ótimo para mim também, assim vou poder ficar perto dele e até usar uma desculpa para abraçá-lo. Imagina só a maravilha disso!
— Ok, vou aceitar, mas não se esqueça que uma hora ou outra irei pedir para fazer algo em troca.
— Fechado então! Muito obrigado, meu agora, namorado.
Escutar isso foi música para meus ouvidos, sei que é apenas um namoro falso, mas tê-lo me chamando assim, me faz me sentir no paraíso.
Daria de tudo para escutar isto todo dia.
— Poderia me passar seu número, Jungwon?
— Claro.
Anoto meu número no celular e o devolvo a Jay, sabe-se lá como ele salvou meu número.
— Bom, já estou indo, nos vemos amanhã.
— Está bem, tchau.