O nome da sombra - Crônicas d...

Von FlaviaEduarda10

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Sombra já estava acostumada a ser apenas isso: uma sombra aos olhos da sociedade que a marginalizava há 9 ano... Mehr

Reinado das sombras
Prisioneira de luxo
Cuidada e cheirando a rosas e lavanda
Mania do oráculo
Na escuridão
Mentiras
Calia
Entre uma coisa e outra
O castelo pela manhã
Cobras e outros animais
O treinamento
O belo mundo de porcelana
É necessário conhecer o oponente
Assassino
Limites
O último Galene
Apenas reparação
Pessoas e deuses
Espere o esperado
Confronto
Loucura da realeza
Ladra
Sombra
A entrada não é pela porta
Os dias 14
Curiosidade
Sobre um belo vestido vermelho
Os nuances sobre a verdade
Presente
Tudo que viera antes
O primeiro furto
O buraco
Contradição
O que faz uma resistência
Últimos preparativos
É apenas lógico
Propriedade (de ninguém) do reino
O que uma ladra faz? Ela rouba
Encontro inesperado
Decisões entre cartas e camarões
Hayes Bechen
Roubando um pouco de volta
O sacolejo do barco
A linha tênue entre bom e mau
Fogo e gelo
Bayard
Incapaz de ter um segundo de paz
O que há depois do rio?
A ladra nem precisou roubar
A realeza de Drítan
Drítan não gosta de estrangeiros
Deveria?
Diplomacia e chá
A biblioteca
Confusão e incerteza são certezas
A área particular
A reação para a ação é justiça
A calmaria antes da tempestade
Todo o ar do salão
De respirar a se afogar em um segundo
Teria que ser tudo
Automático
Deusa da (justiça) vingança
Um é a ruína do outro
O fardo do saber
A compreensão de como uma fênix funciona
Reinando das Sombras

Uma flor do deus Ignis

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Von FlaviaEduarda10

Considero Cordélia, Eira e Wren seres mágicos, sem compreender como poderiam ter a habilidade de transformarem tantos tecidos e adornos em peças frescas ainda sem mostrar minhas cicatrizes, dessa vez trajando calças vermelhas no lugar de um vestido, esvoaçante como uma saia, cobrindo meus pés, justo na cintura e abrindo-se enquanto descia, em conjunto a um top justo sem mangas com gola alta da mesma cor, deixando um pouco das minhas costelas à mostra. Era um tipo de moda que eu desconhecia, mesmo acostumada com calças, similar à costura que eu vira enquanto entrava ao novo reino.

Mas não era o que vestia que chamava minha atenção, parada mais uma vez no jardim para o café da manhã observando o redor. Pássaros coloridos passavam por nós, belos e barulhentos, não desagradáveis, repousando em galhos altos das árvores diversas que nos rodeavam, pouco atrás dos arbustos cheios flores coloridas, desconhecendo o nome de todas, uma mais bela e diferente que a outra enquanto degustava uma xícara de chá, aquecendo meus dedos.

–Vejo que gosta da visão do nosso castelo. –Uma voz feminina aproximou-se de mim, Dayna virada para onde eu olhava na tentativa de ver o que tinha minha atenção.

–Vocês cuidam muito de sua fauna e flora por aqui. Dá bastante vida em contraste às pedras. –Ela era uma pessoa interessante, além de, obviamente, muito bela. Não entendia muito sobre seu jeito, tentando xingar-me antes de conhecer-me e depois puxando assunto sobre a paisagem de seu palácio.

–Não precisa ficar bajulando a estética da nossa casa. Já está aqui, não elogiar os botões que estão crescendo não a fará ser expulsa. –Casa, estranhei mesmo tendo ciência de que não deveria. Aquilo era normal, todos ao meu redor moravam e reconheciam castelos tão grandiosos quanto o de Drítan (ou até maiores) como sua casa, eu era a errada.

Eu era a errada por nem casa ter, pulando de estalagem à estalagem desde que meus roubos começaram a ser suficiente para pagar minhas estadias.

Para onde eu iria depois daquilo tudo? Continuaria com se nada tivesse acontecido? Mas acontecera, feliz ou infelizmente. Muita coisa acontecera.

Será que eu seria capaz de viver como antes depois de tudo que passei?

Não divague, Sombra. A princesa de Drítan está falando com você.

–Fico feliz em saber que não há como ser expulsa agora. –Dayna abrira um sorriso bem humorado e convidativo.

–Não foi isso que eu disse. –Passando o braço pelo meu, confiante, e começara a rodear a mesa que continha os alimentos. –Mas eu gostaria de sua companhia para meu passeio de hoje. Acredita estar livre?

Meus olhos sobre os dela, soltei uma risada involuntária. Ela era divertida de uma maneira estranha, me entretinha.

–Vossa Alteza que decide nosso itinerário. Se diz que estou livre, então estou. –Um sorriso astuto surgia em seu rosto, indicando diversão com as sobrancelhas.

–Então está decidido. Aparecerei em sua porta quando formos. –Sendo sincera, não estava inteiramente livre, tinham outros lugares para checar, no entanto, esses eram mais próximos, dentro do castelo mesmo, então o ideal era efetuar a busca na madrugada, quando todos estivessem dormindo e os guardas pudessem ser enganados com a escuridão.

Depois do almoço que tive com a corte Melione e com mais duas cortes convidadas, aliados, estava em meu quarto quando ouvi uma batida na porta.

Dayna encontrava-se com trajes que lembravam o meu, calças feitas em tecidos leves, justas apenas na cintura e nos calcanhares, um top que mostrava mais de sua pele também, mesmo que efetuado de uma maneira diferente ao meu, alternando gradualmente entre as cores de seu reino com exceção apenas do preto, tecidos em amarelo e laranja, um pôr do sol ambulante, porém, o que havia mais chamado minha atenção, fora seu colar, uma ave esculpida em rubi.

Tinha uma empregada ao seu lado, uniformizada com as cores do reino sobre um vestido simples e branco, leve para suportar o calor, apresentada como Amara.

Mal percebera quando, guiada pelo braço de Dayna, já estávamos passando pelas grandes portas da frente de seu castelo, dando de cara com a praça circular que, animadamente, era arrumada para o festival, diferentes mesas dispostas nas ruas por diferentes pessoas com diferentes produtos, desde comidas caseiras e doces até roupas e sapatos.

Olhando para cima, via cordas com bandeirinhas presas como decoração sobre a praça e as ruas que a rodeavam, presas no alto das construções atrás das ruas, coloridas entre a paleta dritaniana e alternando os desenhos que estavam no centro de cada bandeirinha entre uma ave que parecia pingar fogo, lembrando se tratar de uma fênix, e um sol belamente desenhado com os raios parecendo balançar, dançando com a brisa fresca que, eventualmente, passava por lá.

A primeira coisa a intrigar-me foram as ruínas ao longe, tão grandes e ainda assim, esquecidas.

Notando onde estava minha atenção, Dayna parara ao meu lado.

–Triste, não? Uma sociedade tão grandiosa como a dos antigos reduzia à paredes pela metade lentamente sendo destruídas pelo tempo apenas por arrogância. Como pessoas que se diziam tão inteligentes podem ter criado o próprio fim?

–Podemos visitá-las? –O conceito dos antigos e suas histórias sempre me interessaram, perguntando-me como pessoas com mais de dois metros de altura, capazes de terem tantos avanços, acabaram se matando apenas para que um grupo somente tivesse o controle total pelo globo. Era algo tão curioso.

–Não! –Respondera Dayna, tão eloquentemente mesmo com apenas três letras que me deixara receosa com a possibilidade de ter dito algo de errado. –As visitas às ruínas foram abolidas há anos. Nunca se sabia quando um novo pedaço de pedra poderia cair, descobrindo-se mais perigoso do que havíamos considerado. Meu irmão e eu ainda acreditamos que existam guias e rotas ilegais para levar viajantes e conseguir seu dinheiro, mas estamos tentando acabar com essas práticas.

Sem insistir no assunto, ao qual a princesa aparentava bem irredutível, apenas a segui.

De início, Dayna me levava para caminhar entre as ruas e ver as preparações com meus próprios olhos, tudo já quase pronto, pessoas notando que eu era estrangeira (como, eu não poderia dizer) e oferecendo-me seus produtos, principalmente os alimentos. Aceitei poucas coisas, mas algo chamou mais minha atenção: um anel feito em arame trançado que se entrelaçava e dava voltas no dedo –não tinha mais muito espaço para novos acessórios em meus dedos, mas faria caber.

Antes que eu percebesse, um bandolim começava a preencher o espaço vazio que existia entre uma voz outra dos comerciantes, logo acompanhado de uma flauta singela e um acordeão que harmonizava entre os instrumentos, um pandeiro, um banjo e uma lira para finalizar a composição, a música vindo dos músicos sentados na praça, próximos à fonte baixa, onde quatro estátuas, duas femininas e duas masculinas, encontravam-se, algo que não notara quando chegara à Solandis.

Absorvendo tudo que os meus sentidos eram capazes, notei que havíamos acabado de passar por um local grande, colorido de maneira diferente dos restos das construções, visivelmente mais trabalhado e mais cuidado, pessoas entrando e saindo e um vendedor de flores azuis que eu era leiga demais para saber seu nome.

–Esse é o santuário da deusa Aque, a deusa da água. –Parando à frente do santuário que tinha suas portas abertas, abaixara a cabeça, levando os nós do dedo indicador e do dedo médio até sua testa e, em seguida, até seu coração.

Dayna era uma fiel à sua religião.

–O que isso quer dizer? –Queria saber tudo sobre aquilo que me parecia tão interessante, tão diferente do que eu conhecia como religião, que nem ao menos soube por onde começar a perguntar.

–O símbolo que eu fiz? É uma oferenda, dispor-me como receptáculo dos deuses, minha mente e meu coração, o que acreditamos que compõe a alma, sendo deles.

–E sobre as flores que estavam sendo vendidas na entrada?

–É como um pedido de proteção para a deusa Aque. A lavanda pode ser comprada em um buquê, por ser muito pequena, para si mesma ou para dar à alguém desejando as benção de Aque.

Ela caminhava guiando-me até a próxima rua, desejando boa tarde aos súditos com sorrisos amáveis, diferente da imagem que Dayna deixava transparecer para as cortes.

–Vossa Alteza...

–Me chame de Dayna. –Olhei-a de soslaio com um sorriso maroto surgindo pelo canto dos meus lábios.

–Certo, Dayna, por que havia tentado insultar-me quando eu tinha acabado de chegar à Solandis? Certeza que não me conhecia, levava uma vida muito privada antes de atingir a maioridade.

Assentindo com a cabeça, o foco distante, observava-a respirar fundo.

–Não a conhecia, de fato, mas tente se ver em meu lugar por um instante. Corbin é justo e bondoso... só que, ás vezes, é bondoso até demais, inocente demais para não perceber quando pessoas querem tirar proveito de seu título. –Lançando seu escrutínio a mim, continuara. –Você não fora a primeira a chegar até nós com roupas tão lindas que apenas realçassem sua beleza, pessoas que queriam chamar a atenção do belo e jovem Rei solteiro em idade ideal para se casar. Não me entenda errado, seu vestido era simplesmente maravilhoso e você estava de tirar o fôlego nele, portanto que ao sair da sala do trono, cheguei até minhas costureiras e pedi para que replicassem a obra em minhas cores. Eu só me preocupo com meu irmão ser tolo suficiente para cair na tentação de qualquer mulher ou homem que faça seu tipo e torne em Rainha ou Rei alguém completamente desqualificado apenas pelo poder. Ele a elogia e eu a ofendo, tentando deixar justo o bastante para que eu decida quem se aproxima.

Não havia parado para pensar por esse lado, sendo bem inteligente e admirando a estratégia de Dayna mesmo que fosse um tanto... agressiva.

–Corbin não se incomoda com você tentando controlar com quem ele vem a se envolver?

Uma risada melódica viera de Dayna, o corpo mexendo-se junto ao som.

–Eu não o impeço de envolver-se com quem ele se interessa, sou mais inteligente do que isso para pensar que minha opinião é levada tão em conta para que ele sequer tenha relações com essas pessoas. Se eu o impeço de colocar o anel em uma pessoa interesseira, já funciona. –Franzi minhas sobrancelhas tentado entender, então, o porquê dela simplesmente me explicar isso.

–O que me fez diferente para você querer passear comigo e me contar essas coisas? –Dayna balançara os ombros e entortava a cabeça enquanto pensava.

–Você me xingou de volta. –Olhando-me de esguelha, sorriu com os cantos da boca. –Precisava ser mais inteligente do que os outros ao pensar que só um vestido e um rostinho bonito não te daria uma coroa ou... somente estúpida para ofender a princesa. Prefiro acreditar na primeira opção.

Alcançando o centro da próxima rua, paralela ao castelo, outra construção parecida com o santuário de Aque crescia sobre minha visão, cores diferentes, longe do cinza, dos tons de azul, lilás, ciano e branco que preenchiam o lugar da deusa da água, dessa vez apenas tons terrosos predominando, um homem vendendo flores laranjas amarradas à canela com um fitilho que lembrava o que era usado para reunir as pequenas lavandas.

–Gerânios laranjas e canela são os pedidos de benção à Lotum, deusa da terra. –Após as palavras de Dayna proferidas em sequência ao símbolo de oferenda, fui atentando-me um pouco mais, vi que na próxima rua que iríamos, em frente ao imóvel que decidiram ser de Aque, tinha outro santuário, o menos colorido entre os três, feito na mesma pedra brilhante que eu via tanto por Solandis, branco adornado apenas por metais como outro, prata e cobre, um vendedor diferente oferecendo flores brancas aos compradores. Seguindo meu olhar, Dayna já abriu a boca para explicar. –Peônias para benção de Aeres, deus do ar.

Virei-me a fim de encará-la melhor, curiosa por mais de suas crenças.

–Seus deuses são os quatro elementos? Ar, terra, água e fogo? –Recebendo apenas um balançar de cabeça, continuei meu raciocínio. –Então não estaria faltando um? Onde está o santuário do deus do fogo? –Dayna sorrira despretensiosamente e afastara-se de mim, levantando as mãos e indicando ao nosso redor.

–Preste um pouco mais de atenção.

Obedecendo-a, notei o padrão, todas as construções em nome dos deuses ficavam dentro das três ruas que ladeavam a praça circular no meio, Aque e Aeres ficando um de frente ou outro, percebendo que o que ficava do outro lado de Lotum era o próprio castelo de Corbin Bien.

–Nosso reino se segue pela ordem de Ignis. Fogo é destruição e é vida. Calidez e queimação. Drítan renasceu das cinzas diversas vezes, por isso a fênix. –Explicando devido a minha óbvia cara de confusão, levou a mão direita até o colar de rubi e foi levando-me próxima à sua fonte. –Para voltar ainda mais forte, ela pega fogo.

A explicação de Dayna ia mais profunda do que a breve introdução de Nikolai ao que parecia uma vida atrás, cabendo ainda nas duas propostas.

Com uma atenção mais crítica, notando as estátuas centralizadas entre a água, vi a quem retratavam: Aque, uma bela mulher com um vestido quase líquido escorrendo pelo corpo como um tecido sem costura alguma; Aeres com os braços abertos ao ar, o peitoral desnudo, o restante de seu corpo não à mostra por opção do artista que fizera; Lotum sentada, as mãos espalmadas pelo "chão" de pedra que havia sido esculpido e, no centro, os dedos encostando levemente a mão de Aque, sua oposta, Ignis encontrava-se imponente, um braço levantado e voltado ao palácio.

Apesar de tudo me interessar, me peguei pensando um pouco mais do que deveria no toque proibido de Aque e Ignis. Que história teria por trás disso?

–Eu admiro também a sua religião. O fato dos deuses não terem nomes e muitas faces. Seus deuses são deuses e, por mais que seja uma fiel ao que vivo, não deixo de sentir que nossos deuses foram diluídos para que os compreendêssemos.

–Mas vocês não acreditam que foram feitos à sua semelha? Assim eles se parecem com vocês. –Era algo que eu achava bonito, não que eu acreditasse.

–Esse é o problema. Nos criaram para parecermos com eles e aqui eles estão, construído à nossa imagem. Há uma diferença. –Era sutil, mas realmente havia uma diferença. –Porém ainda acho que o fato de terem nomes e de sabermos o que representam é mais do que os seus deuses indefinidos podem oferecer-lhe, sem querer ofender sua religião.

Ainda vendo as esculturas na fonte, pensei no que me dissera.

–Nem tudo é preto no branco. Se deuses falassem que é errado roubar, por exemplo, mas não condenassem a negligência o os outros milhões de fatores que levam pessoas a fazerem essas coisas, ainda seria errado? Creio que nos oferecerem indefinições é melhor do que julgar independentemente das relatividades as quais somos expostos.

–Então o que viria a manter um conceito moral coletiva se não ditam bases do que fazer e o que não fazer?

–Senso de empatia e auto preservação? –Sugeri como uma opção, terminando em pergunta sem que eu percebesse, recebendo um sorriso interessante em retorno.

–Confia mesmo na moral ética individual para que uma sociedade funcione? –Não. Definitivamente não.

Pessoas, não todas, mas a maioria, em minha experiência, ainda são movidas por sentimentos egoístas.

Antes que eu pudesse me aprofundar nesse pensamento que Dayna oferecera, uma mão surgiu ao meu lado segurando uma rosa vermelha –o nome dessa flor eu sabia.

–Ao vê-la, senhorita, soube que essa rosa lhe pertencia. –Aquela voz...

Ao virar-me, deparei-me com Torryn curvado a mim, o sorriso fácil de sempre no rosto, oferecendo-me a flor –deuses, por que ele tinha que ser tão lindo?

–Milady, está recebendo o pedido da benção de Ignis. –Dayna informara para depois, intercalando os olhares por nós dois, ir afastando-se lentamente. –Lady Amélia, se não se importa, irei procurar por Amara.

O fato de que ela nem ao menos se importara com a falta de reconhecimento ao seu título me surpreendera, Dayna mostrando-se mais humilde do que pensaria.

Tornando a Torryn, retribuí seu sorriso, minha mente inundando-se em culpa.

Culpa pelo que? Por beijar outros lábios que não fossem os dele?

Parando para pensar, nós não tínhamos exclusividade, não era um relacionamento –eu sequer sabia onde poderia terminar em menos de três dias, tendo a plena noção de que não poderia criar vínculos realmente importantes... no entanto, vendo seu rosto, acredito já ter falhado nisso.

A última vez que o vira fazia apenas dois dias.

Dois dias.

Como tanta coisa poderia ter acontecido em tão pouco tempo?

Sem ninguém por perto, acatei a rosa de seus dedos e passei por ele, convidando-o a me seguir pelas ruas onde o festival ocorreria.

–É uma bela rosa. –Ele balançava os ombros como se não fosse nada.

–Achei que daria um charme. Melhor do que te abordar com a moça pomposa já querendo discutir sobre furtos.

–Apenas para sua informação, a moça pomposa é a princesa. Acho que não daria certo você chegar perguntando se consegui roubá-la a essa altura.

Seus olhos se arregalaram e lançara-os para trás, caçando Dayna.

–Você estava com a princesa e eu nem ao menos fiz reverência? Pelos deuses, espero que não seja preso, já ouvi dizer que ela é terrível. –Não pude deixar de rir com sua genuína reação desesperada, recebendo um escrutínio que parecia dizer "estou falando sério, por que está rindo?".

–Não se preocupe, não será preso por não se curvar à princesa. Agora, para assuntos mais importantes... o que estou procurando não estava na biblioteca nacional. Chequei ontem até mesmo a área particular e nada. Hoje ou amanhã verei a biblioteca real, que fica no castelo. Se já encontrar, pegarei durante o baile.

Ele ria enquanto olhava os pés, chutando pedrinhas.

–É bom ouvir sobre o progresso do plano, mas vim aqui com o principal motivo de vê-la. –Suas palavras fizeram a minha pele formigar, alternar minha atenção sobre seus lábios e seus olhos esmeralda. Aquela era uma cidade muito rica e eu queria poder contar tudo sobre o que havia acabado de descobrir para ele, que ouviria atentamente, mas havia algo, uma parte de mim, uma pequena parte de mim que compartilhava o espaço com milhões de pensamentos que me puxavam para trás ainda que eu quisesse Torryn, meu sorriso travando em minha face com tudo que passava pelos meus pensamentos.

Maldito coração, não era o momento para atrapalhar os pensamentos.

Meu silêncio e minha agitação o fez perceber a mudança, o sorriso sumindo de sua face.

–Calia, está bem? –Levantei meu rosto enquanto ele tirava mechas que caiam sobre meus olhos.

–Sim. –Disse forçando o sorriso mais natural que poderia dá-lo. –Estou apenas ansiosa.

Ansiosa, sim. Nervosa, dividida em todos os sentidos.

Ah, Torryn... ainda gostaria de mim se soubesse toda a verdade? A verdade que quer destruir o que você passara anos construindo?

Gostaria de mim o bastante para isso?


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