SWEET EPIPHANY | Bucky Barnes...

Par DixBarchester

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A cultura define Epifania como "revelação ou entendimento repentino", um segundo de clareza mental onde, de r... Plus

★☆ INTRO ☆★
★☆ MÍDIA ☆★
00 • WORLD OF HEROES
01 • STORMY EYES
02 • EPIPHANIC CERTAINTIES
03 • LITTLE BRIDGES
04 • LITTLE FLIRTING
05 • TRUST ISSUES
06 • COMFORT ZONE
07 • WAR ZONE
08 • TRUTHS THAT HURT
09 • WELCOME TO MADRIPOOR
10 • CHAOS IN MADRIPOOR
11 • BEAUTIFUL MESS
12 • KILLING ME SOFTLY
13 • GOODBYE MADRIPOOR
14 • SAVE SPACE
15 • CIRCUS OF FRENEMIES
16 • THE FLAG SMASHERS
17 • LONG NIGHT
18 • LITTLE LOVE BUBBLE
20 • HEALING TIME
21 • ROAD OF HAPPINESS
22 • BACK TO NEW YORK
23 • THE WORST DAY...¹
24 • THE WORST DAY...²
25 • THE FORGE PRISONERS
26 • THE GREAT TRAP
27 • THE GREAT EPIPHANY
28 • READY FOR COMBAT
29 • BITTERSWEET ENDING
30 • SWEETEST FAMILY - Epilogue

19 • THE FORGE

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Par DixBarchester

Hello! Sim voltei bem antes do previsto, porque acabou que não foi um capitulo de mais de 15k então, com o tamanho normal de 7-8k deu pra postar logo. 

Já aviso que é um capitulo focado no bonde da vilania e nos detalhes da forja, vamos ver se a gente consegue informações importantes vindas de lá... 

Boa Leitura!

A Forja era uma instalação secreta localizada em lugar onde ninguém pensaria em procurar, bem na vista do mundo, metros e metros de laboratórios, salas de treinamento, dormitórios e tudo mais que fosse preciso sob as ruas de uma das cidades mais populosas do país. Quem desconfiaria? O entra e sai de pessoal e equipamentos era perfeitamente justificável porque ali também era um dos muitos prédios do Centro de Repatriação. Emma Kennedy podia ser a mulher mais insuportável que o Agente Feltz já havia conhecido na vida, porém era também uma das mais espertas...

Ele não tinha nenhuma predileção por aquela cidade em especial, se fosse bem honesto. Todas as vezes que ficou por ali foi a trabalho, além disso, normalmente não passava muito tempo na Forja, porque se não estava servindo de babá para os caprichos de Emma, então estava sempre colado nela, e é claro que a Diretora do CRG preferia ficar em Washington.

Porém naquela semana todos os planos egocêntricos de sua "chefe" o haviam prendido na Forja, não só porque teve que cumprir sua missão com o Lemar Hoskins, mas também porque estava focado em um alvo diferente...

Resolveu a situação com o soldado morto da melhor forma que podia, discretamente. Esperou o transporte oficial, a cerimônia de despedida e então o enterro, ninguém abriria uma tumba pra ver se estava mesmo vazia afinal...

Isso já fazia alguns dias.

Cumpriu suas ordens como devia, mas honestamente não era algo que lhe deixava confortável; matar pessoas? Isso Feltz faria sem piscar. Sequestrar vivos para obter vantagem estratégica como compensação? Era de boas pra ele. Agora... roubar cadáveres de seu tumulo? Essa merda era doentia. O que está morto tem que ficar morto, certo? A única garantia de paz era a morte. A única certeza da vida era essa. Tentar mexer desse jeito com a ordem natural das coisas não era legal, não mesmo.

Aquela obsessão de Emma por obter sucesso no projeto Resurface a fazia parecer mais louca que o normal. Feltz tinha esperanças que Trask barrasse aquele absurdo — ele ou qualquer figurão envolvido com a Orquídea — porém a merda desses cientistas era a curiosidade deles com tudo, e com os políticos era ainda pior, porque eles queriam o lucro que poderiam gerar disso. Ou seja, o tal Resurface seguiria se desenvolvendo, até que Emma conseguisse o que queria. Trazer alguém morto de volta a vida. É claro que haviam aqueles pequenos detalhes que tornavam a merda toda ainda mais problemática, mas Feltz tentava não perder tempo pensando nessas porcarias que estavam fora de seu controle.

Era um homem simples, fazia o trabalho e era pago por isso. Dizia a si mesmo que ética e moral eram para pensadores. Feltz gostava do que o dinheiro podia comprar e, acima disso, ele gostava da adrenalina, da violência, do perigo envolvido com tudo...

Não que sua vida atual tivesse muito desses últimos, na verdade, trabalhar para a Orquídea o havia reduzido de um fuzileiro de elite, para um simples gigolô fofoqueiro. Era um agente duplo trabalhando para um dos grupos mais secretos da atualidade, envolvido em um mistério de duas décadas, mas sem um pingo de adrenalina no sangue...

Chegou a pensar que o envolvimento de Makayla Devinne com James Buchanan Barnes acabaria lhe colocando em confronto direto com o Soldado Invernal, mas mesmo isso tinha ido por água a baixo quando a situação se resolveu pacificamente durante aquela semana.

Makayla havia se internado de forma voluntária na clinica de seu terapeuta Jackson Brooks, claro que isso estava bem longe de ser o que Emma queria, porque se ela não tinha poder e controle sobre a garota, então não estava satisfeita de verdade, mas era evidente que ter Kayla longe de qualquer atividade que pudesse levá-la a descobrir segredos que deviam permanecer secretos era a melhor coisa que podia acontecer para toda a Orquídea.

Emma estava conformadamente irritada e Trask estava satisfeitíssimo, isso significava que não havia motivos para ficar de olho em Barnes. Mesmo porque, tentar seguir um soldado altamente treinado era a pior idiotice que qualquer um deles poderia fazer. Todo o monitoramento do casal — agora momentaneamente separados — era feito indiretamente, apenas para garantir. Toda a Orquídea estava segura que a garota não era um problema e aliviada por isso. Ninguém ali queria ser exposto, afinal não estavam apenas escondendo um Objeto misterioso, haviam experiencias nada éticas sendo conduzidas em níveis ainda mais subterrâneos da Forja, além, é claro, de estarem mantendo um prisioneiro vivo sem qualquer respeito a nenhum direito humano...

Era uma merda bem fodida, e embora nem todos as pessoas recrutadas para a Orquídea tivessem acesso a todos os níveis da Forja, muito menos a toda a informação confidencial, aquilo não era o tipo de coisa que o público se importaria em ponderar, todos seriam massacrados e condenados por crimes contra a humanidade se aquilo viesse à tona.

Se bem que, lá no fundo, Feltz duvidava muito que um dia algum daqueles políticos de merda realmente pagasse por qualquer crime. A corda sempre estourava para o lado mais fraco, e ele sabia bem disso...

De toda forma, Trask estava tranquilo com o rumo das coisas, trabalhando ativamente com o sangue de Makayla para tentar ativar o Objeto Zero, ou reativar o gene suprimido na amostra. Enquanto isso, Emma tinha suas próprias formas de lidar com a situação, um "Plano B", para recuperar o controle que ela não admitia ter perdido. Algo que a mulher usaria quando fosse a hora certa.

Mais uma de suas jogadas desprezíveis manipulando pessoas.

E falando em plano B... Feltz ergueu os olhos e a viu entrar pelas portas da frente, vinha se equilibrando em saltos médios, um vestido verde no corpo esbelto e um jaleco branco por cima; tinha os cabelos curtos na altura do queixo, totalmente negros, combinando com seu olhar amendoado e com as sobrancelhas levemente arqueadas. Seu rosto era harmônico e sua pele clara com subtons quentes e um bronzeado natural a destacava dentre o mar de pálidos que povoava o CRG. O tipo de mulher que fazia as pessoas virarem seus olhos para acompanhar.

Se, uma semana antes, Feltz soubesse que o "Plano B" de Emma incluiria recrutar alguém tão atraente para a Orquídea, ele com certeza não teria feito cara feia quando foi instruído a ficar de olho na novata...

Caroline Hills era uma biofísica, que havia se especializado em nanotecnologia e inteligências artificiais, tinha dois PHDs, dois doutorados, e uma dezena de outras dessas coisas. Parecia que havia passado a vida toda estudando. No entanto suas habilidades acadêmicas eram inversamente proporcionais as suas experiencias profissionais, era de se espantar que alguém como ela não tivesse decolado a carreira, no entanto Feltz estava entre cientistas há tanto tempo que podia imaginar que uma mulher bonita como Caroline não passava a credibilidade que se espera de uma Doutora em Nanotecnologia.

Os homens daquela área sempre julgariam mulheres como menos inteligentes, e com as bonitas isso era ainda pior. Mas o Agente já havia passado por muitas missões pra subestimar mulheres. Elas eram sempre as piores... ou melhores, depende do ponto de vista.

Homens eram simples, básicos até, entender um homem e prever a próxima jogada era fácil, mas mulheres... elas eram imprevisíveis. As únicas pessoas que achavam mulheres bonitas menos inteligentes do que homens, eram aquelas que nunca tiveram uma mulher bonita como inimiga.

E Feltz conhecera sua cota de mulheres bonitas, incluindo um confronto com as Viúvas Negras de Dreykov quando estava na CIA...

Mas isso não importava no momento, o fato é que Caroline Hills tinha mesmo potencial demais e reconhecimento de menos, por isso foi tão fácil recrutá-la para a Orquídea. Emma sabia explorar o ponto fraco das pessoas como ninguém, sabia como oferecer sonhos e fisgar suas vítimas...

Então lá estava a Doutora Hills, caminhando com um sorriso no rosto, acorrentada por dezenas de contratos de confidencialidade que destruiriam sua vida ao menor deslize, sem sequer desconfiar que o motivo real de estar ali nada tinha a ver com suas habilidades profissionais, mas sim com suas conexões pessoais.

Mesmo porque, Emma Kennedy jamais convocaria uma descendente de qualquer nacionalidade provinda do terceiro mundo para integrar a Orquídea por livre e espontânea vontade. Ela se dizia uma mulher do povo, quando Senadora pregava igualdade e o caramba, mas Feltz já havia percebido que a mulher era tão supremacista quanto a porra dos nazistas. E sendo Caroline descendente de uma mãe brasileira, mesmo tendo um pai americano, a Diretora do CRG com certeza olhava para a cientista como se ela fosse parte da escoria.

No entanto, apesar de Emma não se importar com nada além de seus próprios planos, Trask tinha visto certo potencial real em Caroline, por isso a colocou pra trabalhar de verdade com algumas particularidades do Objeto Zero. Evidente que a cientista não tinha noção da coisa como um todo, assim como não tinha ideia do que acontecia nos outros pisos, e exatamente por isso Feltz estava ali, para garantir que ela não soubesse nada mais do que seu nível de acesso permitia e para ter certeza que ela não se tornaria um problema contando coisas que não devia para a pessoa errada.

Felizmente Caroline estava tão focada em seu próprio trabalho que não se preocupava em questionar as coisas que estavam além de suas permissões, pelo visto ela entendia que trabalhar para um grupo secreto — que até então ela pensava ser oficialmente do governo — tinha muitos segredos que não lhe cabiam.

Ou simplesmente não era burra pra se envolver demais com o que podia arriscar sua segurança.

Os olhos de Feltz acompanharam a mulher caminhar até o elevador, vendo-a apertar o botão de chamada, só então ele se moveu, ajeitou o terno e começou a caminhar até lá devagar, assumindo uma postura casual quando parou ao lado dela.

— Bom dia, Doutora Hills. — Cumprimentou educadamente.

Caroline virou na direção dele, o encarou por alguns instantes curtos e sorriu antes da porta do elevador se abrir.

— Bom dia... — Ela parou por um segundo como quem quer se lembrar de algo. — Agente Feltz, não é?

— Exatamente. — Ele concordou, fazendo um gesto para que a mulher entrasse primeiro no elevador. Interessante que ela tivesse se lembrado do nome dele.

Caroline aproximou seu cartão de identificação do painel onde ficavam os andares, nada aconteceu, ela franziu as sobrancelhas e tentou de novo, nada outra vez.

— Eu estou aqui com você. — Feltz explicou, tirando o próprio cartão de identificação e o aproximando do painel também. — Se tem duas pessoas aqui, dois cartões têm que ser apresentados e duas digitais, é o sistema de segurança.

Demorou menos de um instante para que isso acionasse as travas e liberasse um segundo painel por trás do primeiro, ali Caroline e Feltz tiveram que colocar a digital e, no pequeno visor touchscreen, os andares apareciam com base nas permissões que eles tinham. Ou seja, embora o Agente tivesse passe livre para qualquer um dos andares subterrâneos, por Caroline ter nível menor, apenas os andares dela ficavam a mostra na tela.

Era um sistema de segurança muito eficiente, o crachá de identificação era uma chave para os andares subterrâneos, porém a digital era a liberação final que garantiria aos membros da Orquídea a entrada segundo seu nível. Se duas pessoas entrassem no elevador dois cartões tinham que ser apresentados, duas digitais colocadas, e apenas o nível mais baixo era levado em conta. Isso evitava que membros com privilégios mais alto fossem permitidos ou coagidos a levar alguém não autorizado para outros andares secretos.

Além disso, se um simples funcionário do CRG entrasse ali veria apenas o painel padrão que todo elevador tem para escolher andares, incluindo o estacionamento subterrâneo do lugar, só abaixo disso é que estavam as instalações secretas.

E nada entrava ou saía da Forja sem as permissões certas...

Por um instante, enquanto encarava o reflexo da Doutora Hills, Feltz se perguntou como ela agiria se soubesse de tudo que era feito ali, será que era o tipo de mulher com moral? Ou será que suas ambições cientificas superavam os limites éticos?

Não encontrou respostas em sua imagem, mas tinha desconfianças fortes sobre isso. Pessoas sem escrúpulos subiam rápido na vida, a falta de sucesso profissional de Caroline talvez fosse um indicativo de que ela não era como os outros cientistas trabalhando na Forja.

— Então... o que está achando do trabalho? — Perguntou casualmente, agindo como qualquer colega amigável.

— Extraordinário. — Ela respondeu, e sua empolgação evidente fez com que Feltz duvidasse um pouco de sua primeira teoria. Talvez o amor da Doutora Hills pela ciência fosse mais forte que seus pudores sobre certo e errado. — Estudar um robô alienígena deve ser o sonho de qualquer pessoa, não é?

Ah sim, ela pensava que o OZ era tecnologia alienígena sendo estudada pelo governo, o Agente quase tinha esquecido desse detalhe...

— Não é o meu sonho, com certeza. — Ele respondeu, movendo as mãos em rendição.

Ela o olhou de forma curiosa por um instante, suas sobrancelhas bonitas se franziram minimamente, porém nada foi dito, já que as portas do elevador se abriram quando ele parou no andar certo.

— Tenha um bom dia, Agente Feltz. — Caroline saiu na frente.

O homem foi em seguida, não tinha de fato nada útil para fazer naquele andar, mas se fosse honesto não tinha em andar algum, sua única utilidade ali naquele momento era monitorar a Doutora Hills, nada mais. Era um tédio.

O F01 era o andar do OZ, diversos laboratórios rodeando a grande cabeça que podia ser vista através dos vidros em um ambiente isolado, onde todos tinham que se paramentar para entrar.

Tudo ali era um tanto cinzento, nada que Feltz não estivesse acostumado, tinha sua cota de agências secretas no currículo afinal. Caminhou através dos corredores para a ala sul, ali alguns laboratórios se encontravam desativados, ele abriu uma das portas e olhou através do vidro...

O OZ nunca deixava de surpreender, uma cabeça gigante, do tamanho de um humano adulto. Segundo as escalas de proporção era de se esperar que o robô completo tivesse possuído algo entre 5 e 6 metros de altura. Como ninguém tinha visto algo assim andando pelas montanhas da suíça?

Feltz ficou ali observando a coisa por um tempo, uma arma de alta tecnologia criada para matar pessoas superpoderosas... Quão ruim o futuro devia ser para criarem algo assim?

No entanto não era um homem de grandes questionamentos existenciais, guerras existiam e eram travadas, era a ordem natural do mundo, apenas isso. Todo mundo quer vencer e não há mal algum em tentar.

Não perdeu muito tempo ali olhando o robô inanimado, abandonou o cômodo vazio e seguiu em frente pelo corredor até que as salas projetadas para virarem laboratórios se tornassem áreas mais práticas e comuns como vestiários, banheiro e finalmente o refeitório.

Ali, no entanto, era ainda mais vazio, aqueles cientistas raramente se importavam com alimentação enquanto estavam totalmente focados trabalhando, eles é que pareciam robôs... Se concentrou em fazer um café e procurar algo comestível, havia deixado um donut na geladeira no dia anterior e ele ainda estava ali. Tão diferente da geladeira da no refeitório da CIA onde nada durava, porque todo mundo queria fazer hora beliscando alguma coisa...

Se sentou em uma mesa qualquer do lugar com sua xícara fumegante e encarou o nada. Sentia falta de atirar e socar pessoas. Tinha um estande de tiro no prédio, na parte do CRG, mas honestamente não era a mesma coisa...

Ter um adversário real mudava tudo.

Notou que não estava sozinho e logo a voz conhecida veio da porta de entrada.

— Entediado, Agente? — Bolivar Trask tinha acabado de entrar no refeitório.

Usava os mesmos óculos extremamente redondos e um jaleco branco nem tão limpo assim, ele estava trabalhando direto há dois dias pelo que Feltz sabia.

— Fui treinado para atirar nas pessoas, não pra ficar parado esperando resolverem mistérios universais. — Respondeu apenas, enquanto Trask caminhava até o balcão e enchia sua garrafa térmica pessoal com café.

— Paciência, meu amigo, paciência. — O cientista retrucou com a voz lenta.

— Estão tendo algum progresso pelo menos? — Feltz puxou assunto, antes que Trask voltasse para o laboratório.

— A doutora Hills sim. Ela acha que o OZ não é feito de metal sólido e sim de nanotecnologia, uma muito mais avançada do que a nossa, e por isso não foi detectada por nenhuma aparelhagem. — Explicou, ajeitando os óculos. — E isso de fato seria um ótimo mecanismo, porque garantiria a reconstrução do OZ mesmo que ele fosse atacado e parcialmente destruído. Também explicaria muito bem com uma coisa desse tamanho não foi vista...

— Porque não estava todo o tempo desse tamanho. — Feltz completou, percebendo que essa era a resposta para uma pergunta que ele próprio tinha feito minutos antes.

Provavelmente o currículo e a eficiência de Caroline eram o exato motivo de Trask não se importar em deixar a mulher ali, mesmo sabendo com quem ela tinha fortes conexões. O mal dessa gente rica é que confiavam mesmo nessa coisa de contrato de confidencialidade...

— Exato, e provavelmente é o gene gatilho que ativa a os nano robôs também, mas nesse sentido não tivemos progresso algum, mesmo com o sangue da garota... Quer dizer, nenhum progresso real, eu obtive provas de que ela e a Cobaia Sete compartilham desse mesmo gene. Isso pode explicar porque a C7 sobreviveu aos experimentos com a Hydra, talvez esse gene seja um condutor para mutações que se manifestam de formas diferentes em cada indivíduo infectado... Mas enfim, eu já imaginava isso, de toda forma não tem nenhuma utilidade imediata, já que a Cobaia Sete está morta, ou seja, outro gene inativo. Talvez o Resurfece dê certo e isso resolveria mais esse problema também. Até lá, continuarei trabalhando no sangue da garota. — Trask respirou fundo um tanto frustrado, mas logo se recompôs — Penso que ter Makayla aqui no laboratório seria mais produtivo, mas sabemos que isso pode ser um problema, não se mexe no vespeiro na esperança de encontrar mel, sendo que existem formas mais fáceis de consegui-lo. Quem sabe se ela terminar o relacionamento com o Soldado Invernal eu mude de ideia quanto a trabalhar direto na fonte, enquanto não temos essa certeza, melhor manter a margem de segurança.

— Se o senhor diz... — O Agente encolheu os ombros de forma decepcionada.

Seria bom um pouco de movimentação e adrenalina pra variar um pouco...

Bolivar Trask analisou o outro homem por segundos, dando alguns passos para perto.

— Mas você preferia ir até lá e arrastar a menina até aqui bem na frente dos olhos do Soldado Invernal, não é mesmo? — Ele comentou perspicaz. — Me parece que está em abstinência de um pouco de luta e conflito, Feltz.

— Se eu quisesse ficar sentado comendo rosquinhas teria virado policial, não fuzileiro. — O Agente deu de ombros de forma prática.

Trask acabou rindo da piada, enquanto negava algumas vezes, como quem repreende um adolescente inconsequente.

— Sabe que provavelmente estaria assinando seu atestado de óbito buscando uma luta justo com o assassino mais antigo vivo, não é? — Advertiu com sensatez.

Feltz riu de canto, dando de ombros de forma displicente.

— O tédio me assusta muito mais que a morte, senhor. — Respondeu neutro, sorvendo um gole de café. — Além disso, Barnes não é de fato um assassino, foi apenas programado pra isso.

— Tem diferença? — O cientista moveu as sobrancelhas de forma curiosa, recebendo um olhar analítico do Agente.

— Penso que nunca matou alguém, certo? — Feltz devolveu sem grande comoção na voz.

— Com certeza. — O outro assentiu.

— Matar é uma vocação, Senhor Trask, é preciso abrir mão de complicações, preocupações, não é apenas puxar um gatilho ou dar uma facada, não é um acidente. — O ex-fuzileiro explicou calmamente. — O Soldado Invernal fazia isso bem porque desligaram as travas do cérebro dele, Barnes tem o treinamento, verdade, mas agora as travas estão ligadas de novo.

Bolivar assentiu como se compreendesse, porém não concordou totalmente:

— Mas isso não muda o fato de que ele venceria você, muda?

Feltz sorriu de canto, como quem antevê algo que lhe causaria grande satisfação.

— Não, ele é mais forte, mais treinado, mais rápido e com certeza tem um cabelo melhor. — Brincou, passando a mão no cabelo raspado. — Mas ele estaria lutando apenas pra me derrotar. Ele tem limites, limites que não vai quebrar porque julga que são a trava de segurança da humanidade dele. Mas eu não tenho nenhuma dessas travas. Em uma luta justa até a morte onde um dos homens não mata, quem você acha que vai vencer realmente? Porque de onde eu vejo, minha vitória é certa, de um jeito ou de outro.

Trask franziu as sobrancelhas, como quem é incapaz de resolver uma equação. Feltz por sua vez estava plenamente calmo e satisfeito quando explicou:

— Se ele seguir o próprio código de não matar, eu ganho, porque eu sim não me importaria em tirar a vida dele. Mas se o Barnes me matar...

— Você também ganha, porque será justo você o gatilho que destruiu a trava com a qual ele protege a própria humanidade. — Trask completou, entendendo finalmente a linha de raciocínio do Agente. — Interessante... cruel, mas interessante.

Feltz assentiu em concordância, tinha passado muito mais tempo que o necessário pensando naquela luta, talvez porque estivesse entediado o bastante para ansiar todo o qualquer confronto, ou vai ver era porque fazia anos que não enfrentava um desafio de verdade...

Não era o tipo de homem que ansiava por calmaria, por paz, por envelhecer lentamente em uma casa com cercas brancas e crianças brincando. Não. Esse não era Feltz. Ele almejava cair lutando. Definhar ano após ano parecia um destino dez vezes pior do que morrer com o pulmão engasgado de pólvora e o corpo coberto do sangue de seus adversários...

— Como sabe que ele tem esse código moral de não matar? — Trask tirou o Agente de seus devaneios e ambos se encararam por alguns instantes.

— Você conhece um assassino quando olha nos olhos dele. Esse não é o caso de James Buchanan Barnes. — Ele moveu os ombros em displicência. Não era algo que pudesse ser explicado, principalmente para um cientista que não conhecia a morte de perto, que nunca estivera em um campo de batalha... Bolivar não entenderia.

— E você tem certeza que mataria mesmo um herói? — A pergunta de Trask vinha carregada de evidente incredulidade.

O Agente pensou nisso por um curto instante, não tinha nada contra Barnes, ele era apenas alguém com potencial para ser um excelente oponente. Não era pessoal. Na verdade, Feltz nunca havia levado nada para o lado pessoal em sua vida, não tinha inimigos, tinha adversários, apenas isso. E para ele a diferença entre essas duas coisas era algo claro...

Um adversário era apenas um oponente de ocasião, como jogadores em um campo de futebol. Um inimigo era alguém que havia tirado algo importante dele. E não havia ninguém assim, simplesmente porque Feltz não tinha nada de realmente importante que pudesse ser tirado de si, não estava ligado a ninguém por um sentimento de ódio profundo que tornaria derrotar essa pessoa questão de honra. Não era movido por vingança.

Evidente que tinha noção que, se um dia entrasse em um embate com o Soldado Invernal, seria por um único e evidente motivo: Makayla Devinne. Nesse caso Feltz seria visto como o inimigo.

Fazer o que, não é mesmo?

— Eu me contentaria com uma luta justa, pra ser honesto, não precisava ser até a morte, mas não acho que Barnes seja o tipo de homem que fica no chão e aceita a derrota, então... — Apenas encolheu os ombros. Uma morte a mais ou a menos em seu currículo era apenas isso. Um número.

Seria interessante por ser o Soldado Invernal, mas honestamente não faria diferença depois de um tempo. Não era como se houvesse um currículo onde ele colocaria todas as pessoas importantes de quem já havia tirado a vida...

— Me lembre de aumentar seus pagamentos. — Trask declarou por fim, devia ser uma piada, era evidente, mas o homem não tinha um timing cômico dos melhores.

— Pode deixar, isso não é o tipo de coisa que se esquece. — Foi apenas o que Feltz respondeu, e logo o cientista estava saindo do refeitório com sua garrafa de café...

O resto do dia passou como qualquer outro daquela semana, uma sucessão entediante de tarefas repetitivas, Feltz era o líder de segurança do lugar, então tinha alguns assuntos a resolver e ordens para dar, principalmente porque uma pista de pouso estava sendo projetada. Para o público seria apenas outra obra do CRG, mas abaixo do piso principal havia um hangar da Forja, que serviria não apenas para aeronaves, mas também para o corpo do Objeto Zero, que a equipe da Orquídea pretendia reconstruir assim que possível.

Dali há alguns dias, duas ou três semanas talvez, as obras começariam de fato e Feltz precisava garantir que todo o perímetro da Forja permaneceria seguro, mesmo com as escavações tão próximas do subterrâneo.

Lá pelo meio da tarde ele resolveu descer para os outros níveis da Forja, era onde os projetos mais secretos estavam e Feltz gostava de se manter a par de tudo. Sua primeira parada foi na sala de monitoramento. Uma equipe de alguns homens se revezava para vigiar as câmeras e o corredor onde havia a única cela ocupada do lugar.

Abriram espaço para o Agente assim que ele se aproximou, Feltz se apoiou na mesa de controle então, encarando as telas que transmitiam todas as câmeras da instalação, em uma delas havia o já conhecido quarto cinzento com nada mais que um pequeno cubículo que servia de banheiro e uma cama pregada no chão, não havia conforto, nenhuma televisão, nenhum livro, absolutamente nenhum alento.

Mas nem sempre fora assim, Feltz lembrava bem disso...

Encarou a figura masculina sentada na cama, os cotovelos apoiados na perna a cabeça baixa, apenas os fios já grisalhos sendo vistos através das câmeras, o porte outrora bastante atlético para alguém da idade dele estava mais franzino, magro, um tanto frágil até.

Não lembrava muito o homem de anos antes... E isso era sua própria culpa. No começo o Prisioneiro da Forja tinha tudo, todas as mordomias que alguém poderia querer, mas isso não fez diferença alguma para ele, então a cada rebeldia, a cada tentativa de fuga, a cada resposta insatisfatória, Emma Kennedy tirava algo do homem, até deixá-lo sem nada... Então vieram as torturas e os piores dias e mesmo assim nada mudou nas coisas que eram ditas por aquela boca.

Interrogar o Prisioneiro de novo e de novo, mais uma vez e outra, tentando todos os métodos, dos amigáveis aos horrendos, não mudava em absolutamente nada o resultado. Era como mudar o CD do seu cantor preferido de aparelho, esperando que isso fizesse que algo diferente das músicas gravadas que você já ouvido mil vezes fosse tocado. Era inútil.

Ainda assim Emma não desistia. Ela continuava a tentar, as vezes aparecia com comida descente, roupas limpas, oferecia um bom corte de cabelo e a troca para um quarto confortável ali na Forja, apenas para ter a mesma decepção outra vez, ficar possessa de ódio e tirar tudo do homem novamente.

Era um ciclo infinito.

— Algum progresso com o Prisioneiro? — Feltz perguntou por perguntar, sabia muito bem que a resposta era sempre a mesma.

No fundo admirava um pouco aquele homem, anos a fio sem ceder, resistindo, sem saber se havia ou não esperança, totalmente desinformado de qualquer coisa acontecendo sobre o mundo exterior. Não era apenas sua insistência em não dar qualquer informação útil, porque no fundo Feltz achava que o prisioneiro não sabia de nada, e talvez por isso o admirasse ainda mais, qualquer outro teria desistido, teria dado um jeito de acabar com a própria vida...

As vezes o Agente queria contar o que estava acontecendo lá fora, contar que o estalo havia sido desfeito e que todas as pessoas desaparecidas estavam de volta. Isso com certeza abalaria o Prisioneiro, o desestabilizaria. No entanto esse era um trunfo que Emma se recusava a usar, no fundo, ela gostava de dizer ao homem que ele não tinha mais nada, sendo assim jamais daria a ele um gostinho de esperança...

— Nenhum. — A resposta padrão foi dada. — Pelo menos ele parou de tentar fugir...

Feltz continuou olhando para a imagem refletida na tela, e como alguém que sabe que é observado o homem ergueu os olhos, encarando diretamente a câmera. As rugas em seu rosto pareciam mais evidentes, a barba estava por fazer e haviam olheiras profundas na pele pálida, porém aquela postura de enfrentamento persistia, sobrevivendo através de qualquer sofrimento. E isso era bastante familiar, o Agente achava quase engraçado esse pequeno detalhe.

Talvez fosse o olhar, aquele cinza dando a base para a cor, como uma tempestade tingindo o céu. Ou talvez fosse algo mais que isso, Feltz não saberia explicar com palavras, mas estava lá, a postura insolente e desafiadora que ele já conhecia bem, só que através de outra pessoa...

— Ou só parece que parou de tentar. — Declarou por fim, desconfiado da calmaria que estavam vivendo.

As tentativas de escapar daquele Prisioneiro eram frequentes, ele não abandonaria seu objetivo do nada... Mesmo porque, que outra coisa havia para fazer ali a não ser planejar a própria fuga?

— Redobre a segurança e mude o esquema de turnos. — Feltz ordenou seriamente. —Também quero que as câmeras sejam revisadas e a cela dele inspecionada.

— Sim, senhor. — O segurança de plantão respondeu.

Se o prisioneiro tinha decorado qualquer detalhe do novo esquema, então era hora de mudar tudo, isso inibiria qualquer possível tentativa de fuga. Era melhor prevenir do que remediar.

Mesmo que, em alguns dias, Feltz tivesse um desejo quase mórbido de permitir que o Prisioneiro escapasse, quem sabe deixá-lo acreditar que poderia mesmo alcançar os elevadores e sair pela porta da frente no CRG, para então se perceber bem no meio do caos de Nova York.

Seria interessante assistir a reação do homem quando se tocasse do quão perto estava da civilização, apenas para levá-lo de volta para a Forja no instante seguinte. Seria divertido.

Evidente que o chilique infinito de Emma Kennedy depois disso não seria nada divertido, sendo assim, era melhor evitar...

E algumas outras vezes, Feltz queria entrar naquela sala e simplesmente abrir passagem até a rua, deixando assim que o Prisioneiro fosse embora, permitindo que ele encontrasse a família que julgava ter perdido, que recuperasse sua vida, e que por fim destruísse o império de Emma Kennedy com sua influência. Isso seria divertido também, o caos geralmente era.

Porém não era o momento do caos. Não ainda. Feltz não gostava do tédio, verdade, mas até que gostava do pagamento duplo em sua conta bancária.

Quem sabe um dia...

Ele deixou a ala de segurança enquanto esse pensamento desvanecia em sua mente, seguindo para os laboratórios que abrigavam o projeto Resurface. Ali alguns cientistas trabalhavam também sem parar afim de atender aos caprichos de Emma Kennedy.

Lemar Hoskins — ou melhor, a Cobaia Onze — estava sendo mantido em uma câmara especial de conservação, haviam cinco dessas naquele lugar, três delas ocupados no momento, a única que permanecia cheia e não congelada era o do soldado recém chegado. Feltz sabia que alguns testes já haviam sido feitos e que todos os dados da dita Cobaia Onze estavam sendo transmitidos em tempo real para os computadores no centro do laboratório.

Ele percebeu porém, que uma pequena equipe trabalhava em algo novo e caminhou até a bancada repleta de equipamentos científicos, microscópios, tubos de ensaio e coisas que ele nunca tinha se preocupado em perguntar ou aprender o nome. Não tinha pretensão alguma de ser um cientista, assim como todos aqueles nerds de jaleco branco jamais seriam fuzileiros...

— O que é isso? — Apontou para a bancada como um todo.

— Novas amostras daquele composto químico cujos dados foram coletados nos destroços da Sala Vermelha. — Um dos cientistas falou.

Feltz não tinha ligação com a Orquídea naquela época, mas sabia que a Viúva Negra original havia derrubado a Sala Vermelha do céu, e que os destroços ficaram sob o controle do governo americano. E é claro que Emma Kennedy deu um jeito de colocar as mãos em tudo que queria...

Uma manipuladora jamais perderia a oportunidade de estudar um composto químico que fazia as pessoas obedecerem cegamente...

— Achei que toda tentativa de reproduzir esse composto tivesse falhado e por isso o projeto tivesse sido descontinuado. — Feltz comentou, caminhando ao redor da grande bancada e examinando tudo com mais cautela.

— A Diretora Kennedy ordenou que retomássemos com as pesquisas e obtivéssemos sucesso a todo custo. — Outro dos cientistas respondeu, sem sequer erguer a cabeça, concentrado demais no que fazia para se importar com a curiosidade do chefe de segurança.

Feltz assentiu devagar, devia saber que a obstinação de Emma não conhecia desistência, ainda mais quando se tratava de algo tão poderoso...

Ele tentou espantar o desconforto que sentiu ao pensar nas coisas que aquela mulher faria com aquele tipo de habilidade em mãos. Se sendo uma simples politica manipuladora ela já tinha chegado onde chegou, imagina se pudesse de fato controlar as pessoas?

Se afastou daquela bancada e focou nos computadores que faziam a analise de algo nas pequenas centrifugas.

— E aquilo? — Apontou interessado. Gostava de saber exatamente o tipo de trunfo que as pessoas ao redor tinham em mãos.

— Amostras do sangue de John Walker ali. — O rapaz no controle da aparelhagem apontou. — E ali outra amostra, Senhor Trask pediu que trabalhássemos com urgência nela, para isolar o rastro de um gene e reverter os compostos que o estão suprimindo.

Feltz entendeu logo que a segunda amostra de sangue era de Makayla Devinne, quanto a primeira, não era difícil imaginar como estava em posse da Orquídea, afinal John Walker chegou no hospital com uma fratura exposta, o que mais tinha era sangue, tirar uma amostra dele era como arrancar doce de criança.

É claro que a Orquídea não perderia a oportunidade de estudar o sangue de alguém que tinha acabado de se tornar um super soldado...

— Pelo visto vocês tem muito trabalho... — Feltz comentou, sem receber atenção ou resposta.

Ele analisou os monitores e viu que os dados provindos das amostras de Walker estavam sendo comparados com os dados que vinham de uma das câmaras de preservação. Feltz percebeu então que conhecia Emma o bastante para entender muito bem o que ela estava planejando.

— Tudo isso vai ser testado na mesma cobaia. — Ele disse em voz alta, seus olhos seguindo automaticamente para a câmara de preservação onde o corpo de Lemar Hoskins estava.

— Sim, senhor. — Uma das pessoas da sala disse em voz alta.

É claro... Se Emma obtivesse sucesso nas três experiencias então teria um Super Soldado que seguiria todas as suas ordens, e além disso, se alguém o matasse de novo era só trazê-lo de volta...

Analisou aquelas hipóteses por um segundo e não gostou do cenário. Nada na Orquídea o incomodava muito, porque afinal todos os membros estavam ali por vontade própria, focando em seus delírios políticos ou científicos, e aqueles que não tinham objetivos escusos, como o próprio Agente Feltz, eram extremamente bem pagos. Porém violar a paz eterna de alguém, trazê-lo de volta dos mortos e então controlá-lo pra fazer o trabalho sujo era baixo demais, até para Emma Kennedy.

A pior parte é que Feltz sabia muito bem que, caso desse certo, aquilo seria apenas uma etapa, um degrau no pequeno exército particular que a Diretora do CRG construiria para si mesma, as outras duas pessoas nas câmeras de preservação seriam as próximas... Uma delas, a Cobaia Um, era o foco principal de Emma desde sempre, o motivo pelo qual ela investiu tanto no projeto Resurface. A obsessão maior daquela mulher.

Mas no fim, Feltz estava realmente preocupado era com o outro corpo na câmara, aquele que estava ali por um desejo dos outros políticos da Orquídea, não por causa de Emma, e que agora era também um dos focos de Trask. Um superpoderoso.

Ele caminhou até a câmara da Cobaia Sete e passou a mão sobre o vidro embaçado, era difícil ver qualquer coisa com todo o gelo que preservava o corpo. Quantos anos faziam? Sokovia tinha sido atacada pelos robôs superinteligentes em 2015, certo? Feltz esfregou um pouco mais o vidro, mas não adiantou muito, a única coisa perfeitamente distinguível dentro da câmara, eram os fios platinados.

Pietro Maximoff...

É claro que aquele bando de politico viciado em poder e controle não permitiriam que alguém com aquele tipo de poder simplesmente fosse enterrado, a não ser que esse enterro fosse sob várias e várias camadas de mentiras.

Já haviam estudado o garoto de todas as formas, mas nada de útil viera de seu corpo. Porém, se o Resurface fosse bem sucedido com Lemar Hoskins, era evidente que Pietro seria o próximo...

No entanto Feltz tinha um pressentimento bem ruim quanto a isso. Controlar um Velocista e um Super Soldado talvez estivesse dentro das possibilidades para a Orquídea. Porém... Quando trouxessem o rapaz de volta, quanto tempo levaria para a irmã dele perceber?

Porque, com certeza, ninguém ali tinha a menor capacidade de lidar com Wanda Maximoff. Não importava quantas balas Feltz estivesse disposto a disparar, ele sabia muito bem o que era uma luta perdida quando vislumbrava uma.

E sim, Feltz não tinha o menor medo da morte, porém ele estava a par de todos os rumores sobre aquela que os habitantes de Westville agora chamavam de "Feiticeira Escarlate"... Ela entrava na mente das pessoas.

Isso com certeza era algo mais assustador que a simples e agradável morte...

Ele tentou respirar fundo, estava sendo paranoico, havia um motivo para Lemar ser a Cobaia Onze, mesmo tirando a Cobaia Um e Pietro, que era a Sete, ainda eram oito falhas no Resurface.

Aquele lance "Frankenstein" de Emma Kennedy era um fracasso.

E mesmo que não fosse, mesmo que tudo desse incrivelmente certo — o que parecia bem improvável — nada garantia que Wanda realmente sentiria o irmão revivido, era só uma hipótese remota, pelo que se sabia a garota Maximoff estava desaparecida, talvez estivesse ocupada demais com coisas de Feiticeira para pensar em um irmão morto há anos e anos...

Isso, estou paranoico demais. Ele convenceu a si mesmo. Apenas mais um dia na Orquídea... era sempre assim, acabava se deixando levar por pensamentos bestas quando estava entediado e focava demais em pequenos detalhes de um futuro pouco provável. Por isso gostava de estar com uma arma na mão e um oponente na mira. Não tinha tempo de pensar se estava ocupado demais com uma luta.

Deixou aquela sala macabra para trás, dando uma última olhada na câmara da Cobaia Um. Se Pietro estava ali desde 2015, aquele outro corpo estava há muito mais tempo...

E depois o restante do dia passou normal, sem grandes emoções, sem nada realmente interessante. Feltz tinha que ficar ali até que Caroline Hills fosse embora, já que a mulher estava sendo monitorada por ele, mas isso levou bem mais tempo do que o esperado.

Já era quase dez da noite quando ele entrou no elevador com ela outra vez.

— Doutora Hills. — Cumprimentou como se fosse apenas outro encontro casual.

— Agente Feltz... — Ela sorriu simpática, enquanto ele voltava a olhar para as portas fechadas do elevador.

Notou que era observado, foram longos segundos de silêncio, ele podia sentir na pele o olhar de Caroline, pela visão periférica podia ver que ela parecia curiosa sobre algo e ensaiava palavras que pareceram demorar demais para vir.

— Então qual é o seu sonho? — Ela perguntou com a casualidade de quem continua uma conversa.

Feltz franziu as sobrancelhas em evidente confusão.

— Desculpe, não entendi...

— De manhã eu disse que estudar um robô alienígena devia ser o sonho de qualquer um, mas você disse que não é o seu. — A Doutora Hills explicou. — Então... qual o seu sonho, Agente Feltz?

Então aquele longo olhar era sobre isso?

O homem se virou na direção dela, a pergunta o pegou desprevenido, afinal nunca haviam lhe perguntado algo parecido.

— Pra te dizer a verdade, não sei. — Ele moveu os ombros em displicência. — Sou um homem simples, Doutora Hills, não tenho sonhos, apenas vontades e essas eu trabalho ativamente pra realizar. Se eu quero, eu conquisto. Não tem como ser mais prático que isso.

Os dois se encararam por um instante, Feltz viu as micro feições de Caroline mudarem sutilmente, ela pareceu sem jeito por um instante, porém curiosa ao mesmo tempo. Ele notou que tinha um impacto que não esperava sobre a mulher. Ou será que estava vendo coisas?

Não importava de toda forma. Caroline era linda, mas ele sempre soube separar trabalho de prazer. Emma Kennedy era a única exceção, e com certeza não era de um jeito bom.

As portas do elevador se abriram e ele indicou para que a Doutora passasse primeiro.

— E nunca quis nada que não pudesse ter? — Ela perguntou de repente, enquanto os dois caminhavam para a saída.

— Não. — Feltz respondeu antes mesmo de pensar sobre.

Outra pergunta que nunca tinham lhe feito.

— Isso deve ser bom... — Caroline comentou neutra, passando pela porta da frente que o porteiro da noite tinha acabado de abrir. — Boa noite, Agente Feltz.

Ela ofereceu um sorriso para ele, que não foi correspondido, mas deixou o homem parado na calçada por um longo instante. Sua mente ainda processando a pergunta anterior. Alguma vez quis algo que não pudesse ter?

— Que besteira. — Disse para si mesmo, seguindo para o lado oposto. Sua missão ainda não tinha acabado.

Suas ordens incluíam seguir Caroline Hills, Emma queria ter certeza que a mulher não sairia contando para os outros sobre a Orquídea... Um melhor, para um único "outro".

Ele caminhou para seu carro então, preferia deixá-lo ali na rua do que no estacionamento, afinal sabia que a Doutora vinha de Uber, assim ficava mais fácil seguí-la.

Ela morava além da ponte de Nova York, em um bairro familiar com tudo perto. O tipo de localização perfeita para criar sua filha de sete anos. Feltz escolheu um lugar estratégico para estacionar o carro e esperou, não era sua primeira vez ali naquela semana, mas Emma ainda não estava satisfeita com o resultado daquele monitoramento, por isso certamente não seria a última vez também.

E quando é que aquela mulher estava satisfeita? Feltz pensou consigo mesmo, enquanto abria o porta-luvas e pegava um pacote de barrinhas de proteína.

Os caprichos e paranoias da diretora Kennedy eram perda de tempo, desde que começara na Orquídea Caroline tinha a mesma rotina, chegar em casa, tomar banho e preparar o jantar, era mais ou menos nessa hora que o ex-marido dela chegava com a criança, a entregava para a mãe e logo ia embora. Os dois não conversavam muito, civilizados, mas bem longe de serem íntimos.

Talvez Emma estivesse dando um tiro no próprio pé mantendo Caroline pra usar como um possível trunfo contra aquele homem.

Jackson Brooks e Caroline Hills não pareciam o tipo de casal que ainda nutre um grande amor...

Além disso o terapeuta não estava fazendo absolutamente nada além de seu trabalho com Makayla Devinne. Seja lá o que Emma estava planejando não faria o menor sentido. Era como se a Diretora estivesse perdendo sua sanidade aos poucos, e agora tinha trazido para perto alguém que podia se tornar um problema. Usar Caroline para, futuramente e se preciso, controlar Jackson era o pior plano de Emma, e talvez Feltz tivesse percebido isso, se Hills não tivesse se provado um cientista excepcional.

A necessidade de controle de Emma Kennedy acabaria sendo a ruína da Orquídea.

De toda forma, Feltz seguiu cumprindo seu trabalho, naquela noite e nas outras também. No decorrer desse tempo ele e Caroline Hills continuaram a ter encontros rápidos no elevador, conversas soltas e casuais, sorrisos de despedida. Nada fora do comum...

Ainda assim, pouco a pouco algo imperceptível começou a perturbar a mente do agente. Ele não sabia exatamente o que era. Mas as noites parados na rua de Caroline começaram a ser menos chatas, as conversas rápidas no elevador eram esperadas com ansiedade e o sorriso de despedida se tornou um dos momentos preferidos do dia dele.

E, enquanto tudo isso acontecia e os dias passavam, uma pergunta começou a perturbá-lo mais que todas as outras, rodando em looping por sua mente como uma música que não se consegue tirar da cabeça....

Será que realmente nunca quis algo que não pudesse ter?

Parado do outro lado da rua no escuro do carro, enquanto admirava Caroline Hills rir com a filha através da janela da sala... Scott Feltz já não tinha mais tanta certeza disso.



Feltz claramente aquele funcionário que odeia o serviço e os patrões, mas ama o salário na conta no fim do mês kkkkkkkkkk 

Dei material pra vocês teorizaram por bastante tempo kkkkkkkkk Já tô querendo saber quem vocês acham que é o Prisioneiro e a Cobaia 01, vou nem mentir kkkkkkk 

Emma e a Orquídea tem planos beemm ousados, será que vai dar certo? Enfim, não posso falar muito pq eu acabo soltando os spoilers kkkkkk

A gente conheceu uma personagem nova também, Caroline na minha cabeça é interpretada pela Morena Baccarin (por isso o lance de ser meio brasileira e tals) vou deixar o cast dela ali em baixo. 

Bom, no próximo a gente vai ter ver o que nossos protagonistas andam fazendo nesse tempinho longe um do outro, eu não sei que tamanho ele vai ter, então fica certo que até o dia 04 eu tô por aqui, se der pra vir antes eu venho, vocês sabem 

Beijos e até!

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