William
Abri meus olhos lentamente, estava com um pouco de sono, assim que olhei para o despertador em cima da mesinha, marcava 7:30 da manhã, quem acorda cedo dia de sábado? Eu mesmo, tratei de me levantar, e ir ao banheiro do corredor, não usaria o do quarto porque iria fazer barulho e Caio e Lou ainda estavam dormindo. Peguei uma roupa, e troquei e sai indo para a confeitaria, Lou iria fazer um bolo para a gente fazer nossa breve comemoração, mas depois de ontem ele acordaria meio indisposto.
Ontem foi muito bom, espero que tenha sido bom da mesma forma para ele, eu não conseguia esquecer a sensação que foi estar dentro dele, e de como pulsava tanto, pensar nisso me deixa levemente duro mas tento deixar um pouco de lado.
Então resolvi ir logo eu mesmo comprar o bolo, comprei um bolo com calda de morango, passei no mercado e comprei suco também, logo estava indo para casa. Hoje meu dia seria cheio, apesar de tudo já está meio caminho andado eu teria que arrumar muita coisa ainda para a festa de mais tarde, outra coisa que eu estava bastante animado.
Voltei para casa, deixei o carro na garagem e logo fui para a cozinha, cortei o bolo e subi para acordar os meninos, entrei no meu quarto e Lou e Caio ainda dormiam, acordei ambos com cuidado. Logo eles foram tomar banho e desceram para o andar de baixo.
— Feliz aniversário Will — Caio disse me dando um selinho e se sentando na cadeira.
— Feliz aniversário amor — Lou me deu um abraço bem gostoso e em seguida um beijinho.
— Comprei o bolo, não queria acordar vocês, estavam dormindo tão tranquilos — Disse dando de ombros.
— Relaxa — Caio diz e eu concordo.
— Esse bolo parece estar muito bom — Lou diz cutucando o morango com o garfo.
Em seguida cortei as fatias e servi ambos, eles cantaram parabéns para mim, o mais engraçado é que não importa quantos anos você faz, você nunca vai saber reagir ao famoso "parabéns para você", assim que terminaram começamos comer, Lou estava fofo com a camisa longa e o cabelo bagunçando caindo um pouco na testa, era lindo.
— Aí tô pensando no trabalho que a gente vai ter pra organizar as coisas — Caio diz suspirando.
— Relaxa vai dar tudo certo, o pessoal só vai começar a chegar a partir das 20:30 — Mas eu sabia que iam chegar um pouco mais tarde.
— Lou já avisou o Ícaro? — Caio pergunta.
— Sim, depois vou ligar para ele — Assenti.
— A Luna vai dormir lá também?
— Não, só eu e ele, parece que os pais dele e Andreia vão sair — Eu poderia ter um ataque de ciúmes, mas o grude humano se mostra confiável, na verdade é meio estranho porque eles são praticamente ex um do outro, mas se o Louis se sente confortável é porque ele não força nada pra cima do meu namorado.
— Que horas a festa vai acabar? — Lou perguntou.
— Sei lá, de manhã eu acho — Digo sem ter muita certeza.
— Só não deixa destruírem minhas plantinhas, e nem entrarem no meu quarto e muito menos bagunçarem a biblioteca — Assenti.
— Relaxa baixinho, pode ficar despreocupado — Lou balançou a cabeça pegou mais um morango do bolo.
— E ontem, você gostou? — Caio é muito cara de pau, até me surpreende. Lou ficou vermelho quase engasgou com o morango, mas quando parou de tossir ajeitou a postura na cadeira.
— Esperava mais — Ele diz e eu me sinto ofendido.
— Você precisava ver a cara que fez agora — Caio diz se acabando de rir e Lou ri também.
— Tô brincando, foi muito bom, só estou um pouquinho dolorido, mas você foi um verdadeiro príncipe — Ele diz e levanta vindo me dar um beijinho na bochecha.
Acabei rindo, mas foi de nervoso, assim que terminamos Caio limpou tudo, e eu fui guardar alguns móveis da sala na biblioteca. Voltei e fui para o quarto do Lou ele estava vestindo uma blusa quando eu entrei, e arrumando a mochila dele para ir pra casa do Ícaro, logo Caio também entrou e se sentou na cama.
Caio tirou do bolso uma corrente que eu conhecia muito bem, quando nós tínhamos lá pelos doze anos, Caio ganhou de mim numa brincadeira e logo isso fez ele conseguir o prêmio, que era como se fosse uma espécie de chaveiro com uma medalha de bola de futebol americano, na época eu fiquei doido porque queria muito, e agora praticamente seis anos depois ele me dá a bendita correntinha.
Sorri e peguei o chaveiro dando um abraço nele em seguida, Lou ficou meio desconfortável, mas deve ser porque ele não me deu nada ainda, mas aposto que ele vai me dar alguma coisa, tenho a sensação disso.
— Eu vou ligar para o Ícaro já vir tá? — Ele murmurou e eu assenti.
Lou pegou o celular e logo discou o número do Ícaro, minutos depois ele atendeu e logo descemos para a sala para esperar, ficamos assistindo TV, e passando alguns minutos a campainha tocou e Lou foi atender, segui ele junto com Caio.
Quando cheguei lá ele me entregou um embrulho e me deu feliz aniversário novamente, me deu um selinho, fez o mesmo em Caio e foi rumo ao carro de Ícaro, que se despediu da gente com um aceno de mão. Entrei em casa e me sentei no sofá abrindo o embrulho em seguida, era uma jaqueta muito foda, vou aproveitar e usar ela hoje à noite.
— Ele tem bom gosto — Caio disse fitando a jaqueta.
— Claro que sim, se não tivesse não namorava com a gente — Digo rindo e Caio rola os olhos.
— Convencido demais, agora vem, vamos arrumar as coisas por aqui — Ele diz se levantando.
— Quem convidou? — Caio indaga, mesmo estando presente quando fiz os convites.
— O pessoal do time, mas não chamei o Cassius, algumas pessoas da escola, mas aposto que vai aparecer gente que nem conheço — Digo dando de ombros.
— Entendi, por onde quer começar?
— Vamos pôr as bebidas no balcão, daí depois é só ir comprar o gelo e pôr na caixa térmica, vamos indo deixando tudo encaminhado só para terminar de organizar depois — Ele assentiu.
Pegamos as bebidas e organizamos no balcão, peguei duas caixas térmicas e já deixei na cozinha, o gelo estava na geladeira, então quando fosse a hora era só por nas caixas e pôr a bebida em seguida.
Depois trancamos o quarto do Lou, guardamos algumas coisas na biblioteca, Caio me ajudou pôr o som na sala, arrumamos os copos no balcão. Tive que pôr as luzes negras no lugar das luzes normais da casa, o legal era que os copos brilhavam também.
As tintas eu deixei na sala, tinhas uns pincéis também, mas aposto que iam usar o dedo mesmo, de comida tinha uns salgadinhos e umas besteiras para comer, Caio já estava meio cansado. Assim que tudo parecia estar em seu devido lugar, nos sentamos no sofá e ele se aconchegou no meu colo, ficamos assim olhando pra TV, até que meu celular começou a tocar, e vi que era minha mãe.
" — Oi mãe "
" — Oi meu amor, parabéns, felicidades, saúde, paz, amor, na sua vida, espero que com essa nova etapa você saiba lidar bem com os desafios da vida, eu te amo muito William, você é o melhor filho que eu poderia querer, mesmo me dando umas dores de cabeça "
" — Mãe muito obrigado, obrigado por não ter desistido de mim, mesmo eu sendo um pé no saco "
" — Relaxa, mães não desistem dos filhos, me diz o que tá fazendo? "
" — Arrumando a casa para uma festa mais tarde"
" — Olha lá hein, cuidado com seu primo"
" — Relaxa mãe, o Lou foi dormir na casa de um amigo, ele não curte muito isso de festa, e acredite ele é mil vezes mais maduro do que eu jamais fui "
" — Entendi, eu tô no hospital agora, vou ter que ir atender te liguei pra isso "
" — Tudo bem, obrigado mãe "
Desliguei a chamada e fiquei deitado no sofá com Caio, fiquei fazendo cafuné no cabelo dele, após um tempo peguei o celular e vi que já estava ficando tarde. Levantei e terminei de limpar a casa, Caio me ajudou e assim que terminamos ele foi tomar banho e se trocar.
Fiz o mesmo, tomei um banho bem relaxante e em seguida me arrumei, vesti uma calça jeans branca e uma blusa listrada, coloquei a jaqueta que ganhei do Lou e em seguida calcei meu tênis, passei perfume e desci para o andar de baixo para ligar o som, logo a música Sexxx Dreams começou a tocar bem alto, Caio desceu as escadas, estava vestindo uma calça preta, e uma camisa regata branca com gola V, estava lindo. Quando chegou perto de mim nos beijamos e ele dançou rebolando o quadril junto do meu, combinou perfeitamente com a música.
Faltando dez minutos para a festa, algumas pessoas já chegavam, cumprimentei todos recebendo os parabéns, as bebidas já estavam no gelo e logo eles iam se servindo, alguns já chegavam com garrafa de alguma coisa. O efeito da luz negra com a roupa branca era muito foda, Lou gostaria de ver.
Louis
Assim que sai de casa com Ícaro paramos no mercado, ele queria comprar salgadinho, acho que o Will gostou da jaqueta, não tive muito tempo de ver a reação dele, mas aposto que amanhã ele vai me dizer.
— Então o que vamos fazer? — Ele pergunta.
— Não sei, assistir filme ou alguma série o que acha? — Pergunto sem saber exatamente o que a gente podia fazer.
— Pode ser.
Ícaro estacionou o carro, e logo estávamos entrando em sua casa, subimos as escadas e elas davam em um corredor, tinha uma pintura de vênus na parede.
— Ignora isso aí, mamãe insisti em deixar ela — Assenti.
— É uma pintura bonita — Ícaro ri e para olhando a pintura.
— Verdade, mas não gosto, as vezes parece que um espírito possui ela — Ri do comentário dele e seguimos para seu quarto, o quarto era todo azul claro, tinha uma cama de casal, um guarda roupas, uma mesa para estudos, e mais algumas coisas, e era bem cheiroso. Deixei minha mochila no chão e tirei meus tênis ficando sentado na cama.
— Pode ficar à vontade, mi casa su casa — Ícaro diz forçando um sotaque e acabo rindo.
Ele ligou a TV e colocou na em streamer para a gente assistir algo, em seguida colocou a série American Horror History, me deitei na cama com um travesseiro como apoio para as costas, e Ícaro deitou do meu lado em seguida.
— Você vai adorar essa série — Ele diz empolgado.
— Sobre o que fala?
— Bom, depende da temporada, já que o tema muda, mas não vou dar spoiler, acho que conseguimos terminar até o amanhecer — assenti.
— Okay.
William
O pessoal do time chegou fazendo algazarra, o relógio já marcava 21:50 e nossa casa já estava cheia, muitas pessoas dançavam loucamente, algumas meninas estava só uma bagunça de tinta néon, outras já estavam apenas de sutiã rebolando ao som da música, me levantei e fui cumprimentar Pedro que chegou com Cassius, já ia preparado para pôr ele para fora.
— Antes de qualquer coisa, eu que chamei ele, dá uma chance Will, a gente é do mesmo time — Olhei para Cassius e em seguida para Pedro e disse "aproveitem a festa", fui até a cozinha e peguei um copo com vodca, assim que cheguei tinha uma garota deitada na mesa, e estavam tomando vodca no corpo dela, body shot, pensei se Lou deixaria eu fazer isso qualquer dia, era engraçado, algumas meninas também faziam isso, passando a língua por cima do peito da menina.
— OLHA O ANIVERSARIANTE AÍ, VEM WILL — Um garoto da sala ao lado gritou, apenas fiz que não com a cabeça, não ia meter minha língua no corpo de ninguém, muito menos onde um monte de línguas estava passando.
Acabei parando e rindo com a linha de raciocínio, alguns meses atrás eu faria isso sem problemas, vi Caio conversando com algumas pessoas, comecei a dançar normal e logo a amiga do Lou apareceu e dançou comigo a Pandora, ela era legal não forçou nada e dançou de boa.
— Festa legal, parabéns — Assenti e falei um pouco alto por causa do som.
— Obrigado — Ela continuou dançando, mas depois parou um pouco.
— Tem como você pôr a música "let me love you" para tocar? — Fiz que sim com a cabeça, peguei o celular e adicionei a música para tocar em seguida, Pandora estava meio alterada, assim que a música começou a tocar ela pegou um copo de vodca e começou a beber e cantar e dançar ao mesmo tempo, apenas fiquei olhando.
Em seguida ela veio me abraçou e começou a chorar, fiquei meio sem entender, mas não larguei ela, assim que ela terminou de chorar de desculpou e voltou a circular. Me sentei ao lado de Caio no sofá, o mesmo já estava meio alterado também.
— O que o Cassius está fazendo aqui? — Ele disse fazendo uma careta.
— Relaxa, ele não vai fazer nada, e também o Pedro pediu — Ele concordou me fitando e logo em seguida riu.
— Entendi, a gente podia subir não acha? — Ri e neguei.
— A gente vai ter muito tempo para isso baby, não bebe muito, você já tá meio alterado — Ele gargalhou alto.
— Eu tô é ótimo — Disse e o cheiro de álcool invadiu minhas narinas.
— Sério amor, não bebe muito — Ele assentiu rindo de novo.
Levantei e fui até o quintal, mas assim que abri a porta tinha duas pessoas transando no gramado, sai de lá o mais rápido possível, a festa estava bem legal as pessoas se divertiam, mas estava faltando algo, estava faltando o Lou, eu tava tão empolgado pra festa, mas agora só queria mandar todo mundo ir embora e ir buscar ele, pra gente ficar os três comendo e assistindo filme. Senti cheiro de maconha e logo pude perceber que estavam usando.
— É aí Will parceiro, aceita um trago mano? — Neguei começando a me sentir incomodado com a festa, e querendo que tudo acabasse logo.
— Não tô de boa — Disse afastando a mão do menino que estava segurando o cigarro.
O som da música foi diminuído e até estranhei e fui até a sala, tinha uma rodinha se formando e logo vi uma garrafa e já sabia o que aquilo significava.
— Vem Will vamos jogar sete minutos no paraíso, você quer ir? — Neguei.
— Acho melhor não, podem brincar aí — Eles concordaram, alguns resmungando por eu ter negado.
Olhei o relógio e já estava pra dar 02:00 da manhã, bebi mais um pouco e dancei quando tocou " I follow rivers", uma menina bem bêbada tentou me beijar, mas evitei o beijo e ela me encarou sem graça.
— Aí Will qual é, só um beijo, eu tô aqui doida por você — Ela diz fazendo biquinho.
— Desculpa Amanda, mas eu tenho namorada já, nem rola — Ela franziu o cenho mas riu.
— Aí gatinho, mas ela não vai nem saber, só um beijo não mata — Rolei os olhos.
— Mesmo assim, vai lá curtir a festa, fiquei sabendo que o Breno quer ficar com você — Inventei apenas para me livrar dela.
— É mesmo? É hoje que ele não me escapa — Ela saiu aos tropeços.
Ri com o que ela disse, voltei até a cozinha e agora estavam dançando nas cadeiras como se fosse um daqueles bares de stripper, o mais interessante foi uma cara do terceiro ano se pegando com um menino do segundo, eles estavam tão de boa, espero algum dia poder ter essa liberdade com os meninos. Fui cumprimentar eles. Pelo que eles me falaram são namorados já tem um bom tempo, sorri que nem um abestado com isso, fiquei mais tempo conversando com eles do que com o resto das pessoas da festa.
Dancei bastante quando tocou Move your body da sia, os dois meninos que eram namorados, dançaram comigo, foi bem legal, olhei o relógio e já estava marcando 3:55 percebi que Caio havia sumido e sai procurando ele. Procurei no quintal, mas já tinha outras pessoas fodendo lá, olhei na sala, cozinha, banheiros olhei no quarto dele, mas Pedro estava se amassando com uma menina na cama, olhei no meu e estava vazio, vi a porta do quarto do Lou meio aberta e fui ver, lembro de ter trancando o quarto dele, foi algo que ele pediu.
Quando abri a cena que eu vi doeu mais que uma facada, Caio estava praticamente pelado com uma menina loira em cima dele rebolando no seu colo, eles nem notaram minha presença, o pior foi Caio gemendo o nome do Louis ou chamando o meu.
— Não é Louis, e Karina já disse — A menina falou ofegante e de forma impaciente enquanto rebolava mais.
— Pois é Caio é Karina —Caio se assustou me olhando, e em seguida deu uma risada, meus olhos encheram de lágrimas, Caio ia se levantar.
— Não precisa parar, se diverte curte a festa amigo — Disse dando as costas, mas em seguida voltei.
— Na verdade, precisa sim, levanta da porra dessa cama e vai transar com essa vadia no teu quarto, não no quarto do Louis, bora VAZA DA DAQUI CARALHO, OS DOIS — Digo puto da vida pronto pra quebrar os dois se fosse preciso.
Caio arregalou os olhos e logo saiu com a tal menina, para mim a festa acabou naquele momento, sentei no chão coloquei a cabeça apoiada no joelho e chorei, chorei como nunca na minha vida. A música ainda tocava super alta, e logo começou a tocar Broken-Hearted Girl, irônico não? Limpei meu rosto e desci as escadas, as pessoas ainda dançavam, Caio estava na sala aos beijos com a mesma menina, decidi ignorar, mais tarde ele iria ter o que merece. As pessoas ainda jogavam aquele jogo tosco, e estavam animadas até demais, a prova disso era uma menina chupando Diogo no sofá. Meu ódio por essa festa cresceu em grande escala, só queria acabar tudo e mandar todo mundo ir embora.
Olhei o relógio e estava marcando 04:45 da manhã, peguei um microfone e falei "Pessoal a festa já está no final, já, já vou ter uma viagem de aniversário então é isso obrigado para quem veio, espero que tenham se divertido bastante", ouvi algumas vaias, mas pelo menos entenderam. Aos poucos a casa foi ficando vazia, e Caio foi ficando normal, desliguei o som e me sentei na frente dele no sofá, ele mantinha o olhar baixo.
— Ela parecia ele, não foi por querer — Ele diz tentando justificar e sinto nojo até de ouvir a voz dele.
— Não dá pra confundir — Digo sentindo um nó na garganta e meus olhos ardendo.
— Eu bebi muito, desculpa — Caio disse passando a mão nos cabelos
— Eu falei para não beber tanto a esse ponto, e bebida não justifica — Disse quase em sussurro.
— Ela me deu um copo e aceitei, quando vi já tinha acontecido toda essa merda — Ele diz me fitando com os olhos vermelhos e meio perdido.
— Ah é? E você não tem boca? SABE QUANTAS PESSOAS EU REJEITEI HOJE? VÁRIAS, PORQUE EU TENHO O CARALHO DE UM RELACIONAMENTO, PORQUE EU TENHO DOIS NAMORADOS, VOCÊ TEM NOÇÃO QUE ESTAVA PRATICAMENTE TRANSANDO NO QUARTO DO LOUIS PORRA? — Digo me levantando e ameaço desabar a qualquer minuto.
— Desculpa.
— Enfia no cu essa desculpa, não tinha motivo para você ter beijado ela mesmo depois de ter descido — Algumas lágrimas insistem cair mais limpo com a manga da jaqueta.
— Não queria que desconfiassem de mim — Ele diz olhando pro chão.
— DESCONFIAR DE QUE? ERA SÓ FALAR QUE NÃO TAVA AFIM, NÃO PRECISAVA BEIJAR ELA CAIO, eu preferia mil vezes ter te beijado na frente de todos hoje e me exposto do que ter presenciado essa merda — Caio continuou calado, isso me irritou, avancei sobre ele e segurei pela gola da camisa.
— Não me bate Will, eu amo você — Caio diz choramingando e isso foi o suficiente para eu descontar minha raiva.
— Pega suas coisas e some daqui, vai passar um tempo com a tua mãe, você é um filho da puta isso que você é, na primeira oportunidade você jogou no lixo o meu amor e o amor do Louis, eu tô com nojo de você Caio — Digo com a voz falhando, preferia quebrar um osso que passar por isso.
— Will por favor — Disse chorando.
— Vai logo — Eu também estava chorando, aquilo era demais pra mim.
— Por favor Will, eu não fiz porque eu quis, tá tudo como um borrão, eu não lembro praticamente de nada depois daquele copo, por favor, acredita em mim — Disse se ajoelhando e minha cabeça roda, talvez pela bebida, talvez pela situação deplorável que a gente estava.
— Caio, levanta se não vou te chutar até você entrar em coma, sobe para o quarto toma banho e vai para casa da tua mãe. Eu vou sair para recolher o lixo do quintal, quando eu voltar não quero ver você aqui, e não se preocupe, não vou falar para o Lou que você me deu de presente de aniversário um par de chifre — Fui para o quintal e chorei mais um pouco, eu não estava acreditando no que estava acontecendo, não podia ser verdade.
Louis
— Viu, eu te falei que essa série é foda — Ícaro disse rindo após eu me assustar com uma cena.
— É um filme um pouco macabra, essa abertura parece uma clínica de aborto — Digo e ele ri.
— Sim, quer sorvete? — Assenti.
— Adoraria
— Vou buscar — Ícaro se levantou e foi buscar o sorvete, após alguns minutos retornou com o pote e duas colheres, comemos e ficamos assistindo a série. Após alguns episódios eu já estava um pouco cansado e já queria dormir, já marcava 3:55 da manhã.
— Se já quiser dormir a gente desliga e dorme — Assenti sentindo o sono me vencer.
— Pode ser — Ícaro desligou tudo e me deu um outro cobertor, e em seguida se deitou de frente pra mim
— Lou?
— Oi
— Hum, você pode dormir comigo? Tipo, posso te abraçar para dormir? Sem maldade nem nada, só sinto sua falta — Fiquei pensando e então aceitei, Ícaro era de longe meu melhor amigo, e não via problema nenhum em dormir abraçado com ele. Me aproximei mais dele, e ele me abraçou me juntando ao seu corpo.
— Como vai o namoro? — Ele indaga.
— Bem, é muito legal, é meio estranho algumas situações, mas a gente vai conciliando tudo e você com a Luna? — Ele ri.
— Estamos indo bem, um passo de cada vez, ela é incrível, tipo é como entrar em um universo paralelo — Assenti.
— Que bom, os meninos são bem divertido, a gente faz praticamente tudo junto, me sinto feliz de verdade aqui — Digo e ele assente.
— Sim, eu vejo, vocês pretendem assumir algum dia o relacionamento?
— A gente nunca parou para pensar nisso, mas se tiver que ser assim, por mim eu estou disposto a enfrentar o que venha acarretar — Ele ri me apertando.
— Você é corajoso, admiro isso em você.
×
— Então, você fez tudo direitinho como eu disse? — A voz do outro lado da ligação indaga ansiosa pela resposta que viria em seguida.
— Sim, óbvio que fiz, caiu fácil, nunca achei que a mesma coisa ia funcionar duas vezes, mas ele é mais burrinho do que eu imaginava — A garota diz brincando com o pirulito de cereja na boca e rindo em seguida.
— Muito bem.
— Mas me diz o que você ganha com isso? — Pergunta curiosa.
— Por enquanto nada, mas tudo no seu tempo, você não entenderia
— Tudo bem, eu vou indo, preciso encontrar com um gatinho que trombei na festa.
William
Assim que entrei em casa novamente Caio não se encontrava mais lá, o dia já estava amanhecendo, comecei a limpar tudo, a casa estava literalmente um lixo, nunca mais vou fazer festa alguma. Peguei produtos de limpeza e sacos de lixo e comecei a limpar tudo, varri, arrumei, joguei fora o que tinha de ser jogado. Troquei os lençóis da cama do Lou também, botei tudo para lavar.
Após mais ou menos uma hora e meia de faxina intensiva, eu me sentia destruído, tomei banho vesti uma roupa quentinha e me sentei no chão da sala, liguei a TV e estava passando desenho, fiquei comendo o bolo e tomando suco, precisava dormir, mas minha mente estava inquieta. Meu peito doía, uma parte de mim queria ligar para Caio e trazer ele de volta imediatamente, e a outro queria encher ele de porrada.
Joguei as louças na pia e subi para meu quarto, me joguei no meio dos cobertores e abracei com força os mesmos.
O trecho da música da Beyoncé continuava martelando na minha cabeça.
"I don't wanna be without you, babe
I don't want a broken heart"
Suspirei e rolei na cama novamente, seria difícil dormir peguei o celular e mandei uma mensagem para o Ícaro, para trazer o Lou quando a noite estivesse caindo, precisava descansar, descansar muito.