.13. Adolescente III

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Havia se passado pouco mais de dois anos e tudo parecia estar indo bem. Avocato cumpriu a promessa de visitar Gary e Jack cuidava muito bem do menino. No entanto, Jack começou a agir estranho, muito estranho. Ele andava distraído, muitas vezes. Como se estivesse em outra dimensão. Ria sozinho, às vezes chorava também, e Avocato podia jurar que viu seus olhos brilhando uma vez.

Na verdade, o ventrexiano já havia notado mudanças no comportamento do alien verde há muito tempo, mas ele achou que fosse do luto. Porém, atualmente, estava impossível negar que algo estava errado. Ele decidiu, então, ir conversar com ele.

- Do que você quer falar? - O pequeno alien estava arrumando o jardim da casa de John. Estava anoitecendo, Gary havia ido fazer dever de casa na casa de Quinn e logo chegaria em casa.

- Vou direto ao ponto. Qual o motivo da sua mudança de comportamento? - O ventrexiano disparou.

- Do que você está falando? - O pequeno respondeu com tom inocente.

- Não se faça de idiota. Ambos sabemos que isso é tudo que você não é. - O felino respondeu, irritado.

- Vou tomar como um elogio, obrigado. - O esverdeado se levantou do chão e tirou as luvas de jardinagem. - Pois bem, vou te contar o que acontece, mas porque somos amigos, certo? - Ele respondeu, a última parte com uma voz mais grossa, uma cara psicótica e olhos brilhando. Ele também tinha começado a flutuar.

- Vê isso, Avocato? Os titãs me deram esses poderes e me prometeram bem mais.

- O quê? - O ventrexiano abaixou as orelhas e deu um passo para trás. Ele nunca admitiria, mas estava assustado. - Isso é ridículo. Eles vão te dar isso tudo de graça? - Disse, tentando manter-se firme.

- Eles querem a Terra e adivinha? Eu vou entregar a eles. - O felino arregalou os olhos. Não podia crer no que o alienzinho dizia. - Você poderia se juntar a mim, Avocato. Poderia ser minha mão direita. Meu general

- Haha, vá sonhando. - O ventrexiano deu uma risada forçada, para logo voltar a seu rosto sério - Não preciso de nada disso. E, sinceramente, você também não.

- Aí você se engana. Com esse poder, eu poderei me vingar de A Sheryl por ter destruído a minha vida! - Ele disse isso com a voz alterada para um tom mais grosso e soltando uma onda que derrubou Avocato no chão. 

- Você está louco. Aquela mulher era horrível, mas nunca fez nada a você. - O ventrexiano a defendeu, sem saber muito por que.

- Calado! - Jack gritou e, usando seus poderes, ergueu Avocato do chão. - É culpa dela aquele garoto idiota existir! É culpa dela John estar morto! É culpa dela minha infelicidade! É tudo culpa dela e daquele garoto! - Ele gritava, enquanto contorcia o felino com seus poderes.

- Quê? Eu pensei que você gostasse de Gary! - O ventrexiano tentou argumentar.

- Pensou errado. - Ele disse isso com um sorriso, comprimindo mais Avocato. 

- Vocês estão brigando ou só discutindo? - Gary chegou, carregando a mochila no ombro. Os presente encararam o loiro, surpresos. - Aliás, o que vocês estão falando de mim?

- Ora, ora. O que temos aqui...? - Jack soltou Avocato para capturar Gary. - Vem aqui, O Gary.

- O que rolando aqui? E é só Gary e você sabe disso. De onde você tirou esse "O"? Aahh!! - O garoto gritou, ao sentir seu corpo se torcer de uma maneira nada confortável - Ei, Jack, é bom se sentir querido, mas isso é querer demais!

- Silêncio! - O alien esverdeado respondeu - Isso é tudo culpa sua e eu vou fazer você pagar!

- Bem, eu não tenho nenhum dinheiro aqui, mas AVOCATO!!! - O rapaz tentou pedir ajuda.

Avocato tentava tirar o garoto do controle do alienzinho, mas era impossível.

- Haha, a força do amor verdadeiro vai me livrar desse seu vudu!! - O loiro se vangloriou, enquanto sentiu seu braço ser puxado para cada vez mais longe de seu corpo.

- Ah, é? É o que veremos. - Jack intensificou seus poderes e, sem muito esforço, arrancou o braço do humano.

- AAAAAAAAAAAAhh! Seu idiota! Meu braço! Você arrancou meu braço! Ah, meu deus! Ah, que merda! Eu tô sangrando! Vou esvaziar todo! - O loiro gritava nos braços de Avocato, enquanto sangrava. O felino rapidamente tomou iniciativa e cobriu o ferimento com uma substância verde. - Por quê? - O menino perguntou, confuso e um pouco triste, pela violência repentina de alguém que ele considerava tão próximo.

- Você é igual a ela... - O verdinho acinzentado disse. Isso machucou o coração do garoto. Tudo que ele menos queria é ser como sua mãe...

O ventrexiano se cansou de ficar só olhando e resolveu agir, porém, quanto tentou se aproximar do alienzinho flutuante, foi atingido por outra onda, bem mais forte, que o jogou para longe.

- Não se meta. - O pequeno falou.

- Avocato!! - O menino gritou pelo felino amado.

- Agora é sua... - Jack interrompeu a própria frase. Ele ficou parado alguns instante com um rosto vazio, como se estivesse em outro mundo. Isso deixou Gary confuso e um tanto assustado. - Bem, acho que não posso acabar com você agora. - Ele completou, saindo de seu transe.

O pequeno alien verde parou de flutuar e se dirigiu a porta.

- Mas não pense que acabou. Nós nos encontraremos de novo, O Gary.

Dizendo isso, ele saiu pela porta assobiando.

Gary estava atordoado. Quando recobrou seus sentidos, ele correu para ver Avocato, que estava inconsciente. O ventrexiano não parecia gravemente ferido, apenas alguns arranhões. O loiro começou a derramar lágrimas, enquanto acariciava o rosto de seu amado. Ele abraçou o felino com o braço que lhe restava e o manteve em seu colo, esfregando seu rosto no dele, soluçando. 

Provavelmente agora as coisas vão começar a dar errado...

Amor Juvenil (Garycato) [Cancelada]Kde žijí příběhy. Začni objevovat