— Bom dia! Você deve ser o Leo. Pode me chamar de Vic.

— Você é muito bonita — diz arrancando uma risada dela.

— Obrigada. Você é um gentleman.

— Mamãe, ela me falou palavra feia... — Leo vira rapidamente para mim, assustado, arrancando risada de nós duas dessa vez.

— Não é isso, meu amor.

— Eu só quis dizer que você é um "cavalheiro". — Ela se justifica arrancando um sorriso do meu filho.

— Ah... Mamãe, e o tetê? — Rapidamente se volta para o seu alvo principal: a comida. Leo, apesar de ter sete anos, tem algumas atitudes de crianças menores que ele. Tudo o que passamos fez com que eu o mimasse da forma que podia e, sendo o meu maior companheiro, não conseguia me arrepender, mesmo sabendo que não era o ideal.

— Senta um pouquinho pra mamãe conversar com a dona Victoria que eu já levo, ? — Ele balança a cabeça e volta para o quarto. — A senhora aceita uma água? — Dou-lhe espaço para entrar.

~*~

A primeira semana de trabalho passou rapidamente e segui tudo o que me foi indicado por Vic, que insistiu que eu a chamasse assim. De início, ela explicou que a pessoa responsável pela limpeza, geralmente morava num espaço que havia dentro da própria mansão, mas levando em consideração o fator Leo, ela ordenou uma rápida e simples reforma na antiga casa de caseiro nos fundos da propriedade. Antes mesmo que eu tivesse tempo para me instalar na nova casa, Vic precisou viajar.

Leo detestou o fato de ter de ficar durante todo o dia na escola, e admito que eu também não gostei muito, mas, ao início da segunda semana meu filho já estava animado e ansioso para voltar para a escola e ver seus novos amiguinhos.

A gigantesca e imponente propriedade, apesar de linda, era simplesmente vazia e precisava urgentemente de flores e música para alegrar o local. Mas, seguindo as instruções de Vic, mantive meu velho radinho a pilha no volume mínimo na cozinha.

— Helena! — Escuto a voz de minha patroa na entrada e prontamente vou ao seu encontro.

— Bem-vinda de volta! — cumprimento-a animada.

— Obrigada! — Seu sorriso é sincero. — Eu preciso sair e comprar algumas coisas. Vim direto do aeroporto porque preciso conversar com você rapidamente.

— Aconteceu alguma coisa, dona Vi... — Ela me olha com uma cara feia e retifico. — Vic. Só Vic. Sem dona.

— Bom, vai acontecer. Hugo está voltando hoje e ele pode ser um pouquinho... bom, a palavra é... difícil. Nessa última semana eu deveria ter ficado para te instruir melhor a respeito dele, mas, bem, obviamente eu não pude. — Ela fala rapidamente como se nem precisasse respirar. — Você sabe as regras e eu confio em você. Hugo está chegando e eu preciso que você as siga à risca. Onde está o Leo?

— Claro, Vic. Ele está na escola.

— Isso é ótimo. Depois quero saber como está sendo a adaptação de vocês, mas eu realmente preciso ir agora. — Sopra um beijo no ar e sai rapidamente enquanto um time de pessoas começa a adentrar. — Os funcionários sabem como funciona, fica tranquila.

— Funcionários? — em questão de segundos, a casa que até então só tinha a mim cuidando de tudo, parece estar sendo invadida por um batalhão.

Enquanto a cozinha é revirada por dois cozinheiros que preparam uma refeição digna de reis, a piscina é limpa, assim como o jardim, e algumas moças lustram as escadas. Um jardineiro tira a maioria das plantas que estão mortas e adiciona algumas poucas que apesar de simples, trazem certa vida ao lugar.

Todos parecem saber bem o que fazer e, com a casa com mais funcionários, pela primeira vez desde que eu me mudei sinto-me completamente desnorteada.

Quando a campainha toca, imediatamente as poucas vozes que se ouviam silenciam-se rapidamente e todos os olhos se voltam para mim, deixando claro que abrir a porta é a minha responsabilidade.

Todos os funcionários se direcionam rapidamente para a cozinha, deixando o silêncio ecoar. Parece que sou capaz de ouvir meu sangue pulsar por minhas veias.

Tão logo abro a porta vejo um homem alto, usando um terno escuro e com uma barba escura cheia. Seus olhos igualmente escuros pareciam tristes e sua boca também, quando olhou diretamente nos meus olhos:

— Quem é você? — Sua voz era autoritária e arrogante, tirando-me o fôlego momentaneamente.

— Eu... e-eu... Meu nome é Helena. Cuido da limpeza.

— Victoria! — brada entrando na casa sem me dar muita atenção. — Victoria! Onde ela está? — Volta-se para mim.

— Ela não está, dis...

— Isso eu notei! — resmunga irritado.

— Ela disse que iria comprar algumas coisas e que...

— Quando ela voltar... — Me interrompe mais uma vez. O que tem de bonito, tem de mal-educado! — Diga que a estou esperando lá em cima — resmunga sem olhar em minha direção e subindo as escadas em seguida.

O estrondo de uma porta batendo me tira do torpor e percebo então a porta de entrada ainda aberta e uma mala ao lado. Fecho a porta e coloco a mala próxima à escada antes de voltar à cozinha. Todos pareciam estar mais atentos ao que estava acontecendo comigo e com o patrão do que com o próprio serviço.

— Pobrezinha, mal chegou e já está sofrendo com o mau humor do senhor Victor Hugo. — Escuto uma voz antes de finalmente entrar no cômodo e todos voltarem a me ignorar enquanto fazem seu trabalho.

Meu Viúvo - (COMPLETO)Where stories live. Discover now