⊱✿ capítulo um: o sofrimento de margareth.

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— Precisamos de resultados concretos das suas pesquisas para ontem, doutora Santori. Nossos homens estão morrendo!

Margareth apenas revirou os olhos com a fala não tão exagerada do presidente, que se sentava ao seu lado e mesmo assim falava relativamente alto.

— E o senhor quer que eu faça o que? Que eu saiba nosso acordo não envolve meu projeto pessoal...

— Uh, realmente não envolve, mas acredito que se você conseguisse desenvolver mais rapidamente a tal tecnologia de controle mental, os soldados poderiam ter suas técnicas aprimoradas a partir disso. — respondeu Michael.

A cientista não só odiava o jeito impaciente de Michael Armani, mas ele por completo. O fato de acabarem suas discussões em sexo era apenas um detalhe, já que a mulher acreditava que as pessoas se tornam mais manipuláveis a partir do momento em que tem uma certa intimidade e isso poderia ser útil em algum momento.

— Não é bem assim que as coisas funcionam, querido. — respondeu, passando seus dedos pelo sedoso cabelo do homem.

— Pois deveria ser. Essas revoltas, homens se suicidando por pura covardia e medo de guerrear... Tudo isso se resolveria se você tentasse deixar essa sua fobia ridícula da morte de lado por alguns meses e focasse no que, surpreendentemente, você está sendo paga para fazer. Você sabe que tudo isso é culpa sua, não sabe?

A mulher deu de ombros, brincando com sua caneta.

— Acho que meu tempo por aqui acabou. — disse Michael, se levantando de sua cadeira e lentamente andando até a porta. — Margareth?

— Fale. — respondeu, seca.

— Você sabe que eu te amo, certo? Mas mesmo assim, por algum motivo... Todas as noites eu rezo para que você acorde morta.

Michael Armani saiu da sala com uma estrondosa batida de porta, deixando Margareth sozinha em seu escritório, boquiaberta.

— Como eu vou acordar estando morta, imbecil?! — exclamou, atirando uma caneta preta em algum lugar remoto da sala e tentando se acalmar.

Para Margareth, a morte era a pior condenação que um ser humano poderia sofrer, porém algo que um dia seria opcional, então desejar a sua morte era a mais terrível ofensa.

Ela se esforçava ao máximo para ficar calma, entretanto desistiu disso quando percebeu que lágrimas já brotavam em seus olhos. Sua face, pálida pela falta de contato com a luz do sol  e com olheiras extremamente acentuadas devido à privação de sono que sofria desde quando se comprometeu a trabalhar com dois projetos de grande importância, agora estava vermelha de raiva. Mordeu o lábio inferior com força, arrancando um filete de sangue que já escorria pelo seu queixo.

Pegou dois comprimidos aleatórios em seu armário e fez o mesmo caminho que o homem, saindo da sala enquanto resmungava palavaras incompreensíveis. Levava consigo uma chave, essa que abria uma porta que apenas Margareth e Noriko, sua assistente, tinham acesso.

Abriu a porta lentamente e encontrou sua filha deitada numa cama desconfortável, vestindo a camisola genérica de hospitais e com o longo cabelo ruivo preso em um coque. Assim como a de sua mãe, sua pele era pálida e seus olhos sempre estavam inchados por passar as noites em claro chorando.  Já haviam sete anos desde que saiu das instalações da Reference pela última vez, mas não era como se antes disso sua vida fosse melhor, já que vivia trancada em casa sendo espetada por agulhas desde sua infância. Tinha dezessete anos, porém inevitavelmente tinha pouca maturidade e carregava uma inocência inadequada para uma garota de sua idade.

— Angelina, querida, acorde. — falou Margareth, passando a mão lentamente pelo rosto de sua filha.

— M-mãe?

A garota levantou assustada, logo se sentando com uma expressão de medo, pois sua mãe não tinha o costume de visitar ela mais de uma vez por mês. Margareth preferia analisar as amostras de sangue e tecido coletadas diariamente por Noriko sem demais distrações, incluindo dar a devida atenção para Angelina.

— Quero testar algumas coisas, tudo bem?

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