Único; Na fazenda grande.

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O sol já raiava forte em toda a sua glória na linha do horizonte, despontando por cima das montanhas e vastas áreas de terras. Não batia nem mesmo cinco da matina, e o moreno robusto já estava de pé. Não era novidade para ninguém que o caipira João Jungkook era um matutino que acordava junto com os galos na fazenda, pois era de sua rotina viver uma vida tranquila, porém bastante suada na roça. O seu dia seria cansativo, — como sempre. Tinha vários deveres a cumprir sendo criador de um bom numeroso grupo de gado e galinhas, assim como tinha que cuidar do seu grande e fiel companheiro: o Bezerrinho, que na verdade era um baita de um cavalo teimoso pra burro.

Mas, aquela manhã, o moreno se levantou em um pulo do seu acolchoado de palha. Sorrindo à toa e coçando a barriga, logo buscava sua toalha para ir tomar um banho de "cunha", já que por aquelas bandas não se tinha água encanada. Porém, nenhum outro dia em todo os seus 21 anos de vida estava sendo tão feliz quanto aquele dia. Separou sua melhor roupa de fazendeiro, chapéu e botina de coro. Ará, que Jungkook já estava até gastando suas cordas vocais com um modăo daqueles que não deixava ninguém ficar parado. Sorriu aos quatro cantos e saiu pisando firme no chão de madeira velha que era feita a sua casa. Já devidamente arrumado e cheirando a homem viril, foi até a cozinha, sabendo que o seu leite quentinho acabado de sair das tetas de sua vaca Mimosa já estava servido à mesa, graças a João Hoseok, seu irmão mais velho, que fazia questão de ordenhar as vacas de manhã cedo.

— Deixá de ser pião, ouvi modăo, mô violão, num deixo não. Num deixo não. — Já chegou na cantoria, se remexendo no arrasta-pé de um forró.

— Num é que tá feliz po de mair, sô! — O mais velho exclamou, metendo o dente na sua espiga de milho quentinho, deixando que um sorriso um tanto amarelo e largo se abrisse em sua face iluminada.

— Ará! E "num" era pra estar, irmão? — Deu um tapa nas costas de Hoseok, já sentado à mesa, como um cumprimento de bom dia.

— "Mar" é claro que é! É São João, Jungkook! — A animação transbordava de seus olhos, e o moreno gargalhou solto numa felicidade só. — Um monte de comida e muié bonita.

— "Mai" eu "num" tô feliz só "po" isso não, Hoseok. — Olhou para longe, já se servindo de seu tão amado bolo de milho.

Só em lembrar que daqui a pouco seus olhos seriam beneficiados com a melhor personificação do que é o paraiso, suas pernas já tremiam toda. Estava sorrindo "leso".

— Fala logo o que é, "minino" besta.

— O Bezerrinho "tá" "chegano", "homi"! — Estava pulando mais do que pipoca na panela, todo pimposo.

João Hoseok, porém, parecia confuso.

— Ará, "mai" o Bezerrinho tá ali "comeno" capim já. — Comentou, apontando para além das janelas de alvenaria e mostrando o cavalo de Jungkook passeando e comendo pelos arredores da fazenda.

— Num é aquele Bezerrinho! — Bateu na sua própria testa pela leseira do seu irmão. Como ele não poderia lembrar do outro tão amado Bezerrinho de Jungkook? — O meu Bezerrinho, sô! — Gesticulou, puxando sua calça jeans pra cima ao mesmo tempo que ajeitava seu cinturão no lugar. — O Jimin Bezerrinho.

— Ará, o primo da cidade grande. — Banalizou, se levantado da cadeira. — Tu para de ser besta, ele é fresco por demai pra tu, homi.

— Mai tu para de ficar falando asneiras que num carece! Assim que o Bezerrinho sabé como os negócios funciona aqui na roça agora, ele vai gostar por demai. — Declarou, sorrindo esperançoso.

O fato era que o caipira nutria um fogo e paixão por Jimin, seu primo da cidade grande, desde que se conhece por gente, porém, o loirinho nunca o dava uma chance, já que tinha um jeito "singular" demais para se adaptar com a vida no campo. E era sempre o mesmo episódio todas as vezes que o garoto estudado e metido vinha passar as festas juninas junto aos seus primos na roça, muitas vezes deixando a fazenda de pernas pro ar por nunca querer ter que passar suas férias ali, afinal, o que Jimin mais desejava era esquecer que aquela época do ano existia e ir encher a cara no centro da cidade, pois além de tudo, o garoto temia ter que chegar no campo e dar de cara com seu primo dentuço e magrinho como uma galinha depenada, que corria atrás de si como se ele fosse um boi pronto para o abate.

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