Imperfeito (Degustação Disponível na Amazon)

Capitulo 2

Minha vida virou de cabeça para baixo. Polícia, testemunhos, ameaças, processos, audiências, enfim... Foi um verdadeiro inferno, dias de pesadelos qie cheguei a desejar que tivesse morrido junto com eles. Uma rede de televisão foi processada por mostrar imagens dos corpos dos meus irmãos, e meu advogado conseguiu uma indenização de mais de um milhão de reais. Tive todo um suporte jurídico, amigos e colegas da minha mãe ficaram ao meu lado a cada audiência e fizeram questão que todos os culpados pagassem pelo crime. Demorou dois longos anos, mas todos os culpados foram presos. Meu padrinho, um amigo de o infancia do meu pai, fez questão de cada um dos bandidos pagassem pelo crime. Eu não sei como eu consegui aguentar tudo sem cair. Não sei de onde veio tanta força, mas eu consegui! Sabe o que é engraçado em situações extremas como essa que eu passei? É na hora da precisão que conhecemos quem são as pessoas que estão ao nosso redor.

Meus familiares viraram as costas para mim, ninguém queria ficar com uma menina "jurada de morte" em sua casa. Meus amigos se afastaram, minha colega de quarto foi embora, até o meu namorado me deixou. Não vou dizer que não machucou, machucou e muito. Me vi sozinha, com apenas dezoito anos idade. Eu fui fraca... Durante um ano da minha vida foi fazer merda, tranquei a faculdade, mudei de cidade e passei a beber diariamente. Usei drogas, comecei com a mais simples só para mascarar a minha dor e quando vi estava na pior de todas. Esse foi o jeito de esquecer tudo o que me causava aquela aflição desmedida, quando estava bêbada e drogada não sentia nada, não revivia em minha mente o que aconteceu, não me sentia culpada por ter sobrevivido. Não precisava trabalhar, já que herdei o dinheiro dos meus pais, o seguro de vida deles e o processo contra a o canal famoso de televisão. Eu estava sozinha, em uma cidade estranha, sem amigos, sem família, me escondendo da única pessoa que tinha e que se importava comigo. Meu padrinho. Você tem noção de como o ser humano é sujo? Do que eles são capazes de fazer por dinheiro? Pois eu tenho, quando familiares souberam que a "jurada para morrer" tinha herdado milhões, até me interditar eles quiseram. Alegaram que eu não era capaz de cuidar de mim mesma, que tinha ficado louca por presenciar a morte dos meus pais. Isso me deu tando nojo que fugi, me joguei de cabeça no aspiral de destruição e foi um sonho que me vez enxergar a merda que eu estava fazendo da minha vida.

Nesse sonho, meu irmãozinho pedia para eu reagir, para eu reencontrar o meu caminho novamente. Levi disse que minha história não era aquela, que era tudo uma fase, mas que eu estava entrando em um caminho sem volta e era preciso acordar! Não tinha amigos, as pessoas que me rodeavam só queriam o que eu podia proporcionar a elas, bebidas, baladas, drogas ilimitadas. Então eu acordei! Joguei todas as bebidas que tinham na minha casa fora, busquei ajuda para seguir em frente e me manter limpa e viva novamente. Viva, porque durante uma ano me vi perdida, sentindo pena de mim mesmo, me amaldiçoando quando Deus tinha me dado uma nova chance. Uma infermeira me falou, que tudo na vida é provação, que Deus não me deixaria na terra atoa. Que eu tenho um propósito e foi nisso que me apeguei. Se eu tinha um propósito a seguir, então tinha que lutar por isso, lutar por merecer. Voltei para a faculdade, me formei em designer de interiores e sigo minha vida sempre com um sorriso no rosto.

Eu me reinventei novamente, não escondo o meu passado. Não. Eu apenas aprendi a lidar com ele e com todo o remorso que existe dentro de mim. Não perco mais meu tempo cultivando raiva, mágoa, nem remoendo o porque de estar viva. A vida é um sopro, hoje você esta bem e amanhã pode não estar. Eu escolhi viver, escolhi me jogar no mar de possibilidades e hoje eu estou em Campinas! Uma cidade no interior de São Paulo, onde as pessoas são atenciosas, caridosas. Onde você vai no mercadinho e as pessoas de tão bom dia no caminho. Comprei um casinha em uma vila, é mais um condomínio fechado, mas que mais parece uma vila. Tem as vizinhas fofoqueiras, o vizinho rabugento e que é um amor, tem o vizinho que se acha o dono da rua e as senhoras que amam entupir os outros com comidas. Quase todos os dias desde que cheguei, ganho um bolo, uma torta ou um doce caseiro. Sorrio ao lembrar disso.