Capítulo 02 - Seu Sangue Não É O Meu Sangue

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O povo não estava mais aguentando.
Eram tantas crueldades, tantas mortes, tantas injustiças, que até o rio Nilo estava secando.
A maldição habitava naquele lugar.
E muito longe dali, o guerreiro Silonar só trazia vitórias para a população.
Venciam todos os combates.
Era admirado, era amado, era generoso.
Causava ginecomania em várias e várias mulheres.

Certa noite Silonar teve um sonho estranho.
A sua imagem estava saindo do espelho.
E quando saía do espelho, pegava um punhal e dava uma punhalada nas suas costas.

Aquilo começou a se repetir por várias noites.
Ele contou o seu sonho para todos os sábios e nenhum encontrava a resposta.
O pai do Silonar, o guarda que criou como filho, estava muito doente e com a idade avançada.

Ele sabia de todas maldades do rei Carca, mas queria evitar que o Silonar soubesse que tinha um irmão gêmeo. Pois sabia que ele iria fazer de tudo pra resolver a situação.
E aquilo poderia custar a própria vida.

E todos os dias o guerreiro Silonar falava sobre esses sonhos aterrorizantes.
Ele já estava ficando perturbado com tudo aquilo...
Então seu pai viu que não tinha outra alternativa e contou toda a verdade.
Silonar ficou puto da vida!

E o seu pai lhe disse:
- Filho só você pode salvar aquele povo.
Em breve o exército do rei Carca chegará aqui.
E aí todo nosso povo irá sofrer, todos vão virar escravos meu filho...
Eu já não tenho mais tempo aqui na terra.
Eu sinto muito filho, sinto por tudo isso, mas você ainda vai...
- Pai? Pai? Pai! Meu pai...
Sniff, sniff, sniff... Não faz isso comigo pai...
Não se vai meu pai... Sniff...

Silonar segurou a mão do seu pai e viu seu grande herói morrer em suas mãos.
A tristeza tomou conta do seu coração, mas ele sabia que não podia ficar assim.
Porque lá na frente tudo se vai, tudo se vai... Tudo se acaba.
Tristeza só deixa a pessoa para baixo e fraco.
Melhor sentir raiva do que tristeza.
Raiva dá forças pra lutar.

Passaram os dias de luto e a sede de justiça tomou conta do coração do guerreiro Silonar.
Ele convocou toda sua tropa e seguiu em direção ao reino do Carca.

O rei Carca estava despreocupado. Comendo suas uvas, tomando seu vinho e sendo abanando pelas suas servas.

Pela janela do seu palácio o rei Carca viu uma nuvem de poeira invadindo a sua cidade.
Era a tropa do guerreiro Silonar que estava chegando. Mas Caraca nem se preocupou, ele tinha toda segurança à sua disposição. Simplesmente falou que iria ouvir o que aquele homem com aquela tropa tinha a dizer mas que não iria fazer absolutamente nada.

Silonar foi procurar Carca e ele levou um susto ao ver outro homem idêntico a sua imagem.

Silonar tentou convencer o rei Carca a deixar o poder.
- Carca é melhor você passa a coroa.
Eu também sou filho do "Faraó" rei.
E você não está sabendo administrar o  império.
Você só estava afundando cada vez mais.
O rei Carca disse:
- Como é que é?
Você chega assim do nada e quer me dar ordens?
Quer dizer o que devo fazer? Seu cão! Você pode ser meu irmão, pode ser o que for.
Mas aqui quem manda sou eu.
Eu sou o rei daqui. O Egito inteiro é meu.
Eu faço o que eu bem quiser com esse povo.
Todos eles são meus escravos.
Não me importo com a vida deles, só me importo com o poder!

Carca joga o vinho que estava numa taça na cara do Silonar.
E Silonar humildemente fala:
- Meu irmão, olha esse povo.
Eles estão passando fome.
Não seja tão cruel assim.
Precisamos cuidar deles.

Carca, olha pro horizonte e fala:
- Você veio buscar a morte aqui seu verme.
Daqui você não sairá vivo!
Guardaaas!!

Mas Silonar era muito rápido e pegou seu punhal.
Colocou na garganta do Carca e o fez de refém.
Silonar sabia que não iria sair dali vivo.
E então Silonar gritou:
- Para trás todos vocês. Ou então o bonitão aqui morre!
Eu sei que ele é o rei de vocês, mas eu sou mais bonito.
E eu vou tomar esse trono. Muhahahahahaha. E não me importo em matá-lo. Dane-se se ele é meu irmão. Foda-se a porra toda!

Silonar saiu do palácio com Carca e o levou para o deserto.
No deserto, Silonar soltou Carca e o desafiou para uma luta.
Silonar disse:
- Carca, irei te matar com a honra de um homem, por isso te soltei.
Vamos lutar!
Agora você vai pagar por todo mal que causou.
Vou libertar esse povo da sua mão irmão.
Vamos, lute!

Como Carca não sabia pegar numa espada, ele ficou parado.
Na verdade ele já tinha uma carta na manga. Ajoelhou e fez um símbolo estranho no chão.
E disse:
- Espera!
Não me chame de irmão, Solonar.

- Porra de Solonar! Meu nome é Silonar, CARAJOOSS!
 
- Você não é digno de me chamar de irmão.
Você é muito ingênuo cara...
Seu cão!
Mal sabe o que vai acontecer.

Silonar olhou para todos os lados e sem entender nada viu seus próprios soldados virando as costas e ajoelhando a favor do Carca.

O rei Carca disse:
- O jogo acabou para você, Silonar.
Eu poderia te matar agora.
Mas não vou fazer isso, sabe porque?
Porque quero ver você morrendo aos poucos.
Você vai voltar comigo e ficará preso. Farei dos seus dias os piores dias de sua vida. Um verdadeiro inferno!

Publicado 24/09/2019

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