- Meus pêsames. - Sussurrei apenas para o menino. Ele assentiu e jogou a cabeça para trás com os olhos fechados.

Eu não sei como ele está se sentindo, mas sei que deve doer muito e isso me dói também.

- Naquele dia, quando eu voltei para casa, eu só queria ficar sozinho e pensar um pouco. Mas uma menina doida entrou pulando a janela do meu quarto. - Contou com um sorriso nos lábios, o que me fez sorrir também. É bom ver ele assim. - Ela diferente das outras pessoas não perguntou se eu estava bem ou falou que a dor ia passar. Ela apenas me deu uma rosquinha quente com o sorriso mais lindo nos lábios e sentou ao meu lado. Ela me contou como tinha acabado com três garotos sozinha. Ela agiu normalmente e aquilo foi muito bom. Pela primeira vez desde que meu pai tinha ido, eu sorri. Um sorriso sincero e não aqueles forçados que eu tinha que fazer toda fez que perguntavam se eu estava bem. - Minha mão foi apertada com mais força e eu tive que esconder um sorriso bobo que dominou meus lábios. Ele estava sorrindo e eu também. Queria saber se seu coração está tão abalado quanto o meu ou suas mãos trêmulas por causa do toque quente como as minhas.

- No final daquela tarde, a menina foi embora pulando a janela como sempre, mas antes disso, ela, diferente dos outros que me abraçaram, beijou minha testa com o beijo mais doce de todos e disse que iria espancar aquela dor até ela sumir por completo. - Um sorriso lindo permanecia em seus lábios e eu estava perplexa, com o coração na mão.

Então era isso... Isso que eu deveria lembrar.

Encontrei seus olhos brilhantes e seu sorriso calmo, senti meu coração perder uma batida com isso.

- Ela disse que toda vez que eu passasse por algo difícil e sobrevivesse, ela me daria um beijo na testa. - Revelou, sem tirar seus olhos dos meus. - E eu levei isso para minha vida. - Sorriu, com um sussurro apenas para mim. Eu estava tonta, com o coração abalado, mas ao mesmo tempo feliz e com um sentimento crescente no peito.

Eu não devia estar gostando tanto de estar aqui, segurando sua mão e sentindo seu calor.

Mas eu estou gostando.

A brisa que entrava naquele quarto era calma, assim como o sorriso do menino. Era madrugada e tudo parecia um sonho.

Lembrei de quando invadi o quarto dele e o encontrei chorando. Esse sentimento ruim e familiar, foi o mesmo sentimento que senti naquele dia. Esse toque quente foi o mesmo que dividimos naquela tarde, aquela tarde que estava próxima da nossa despedida.

Minha voz entalou na garganta e eu queria desesperadamente abraça-lo.

- Aquela menina era você, Lory. - Declarou fazendo minha estruturas desabarem. É num movimento rápido meus braços cobriram seu corpo, num abraço quente e necessitado. Nesse abraço eu finalmente consegui respirar e percebi que talvez era impossível impedir esse sentimento de crescer.

Pois nesse ponto ele já estava grande e necessitado demais.

Seus braços me apertaram com cuidado e seu queixo se apoiou no meu ombro. O escutei respirando calmamente fazendo meu coração latejar e bater com força. Seu cheiro era tão bom e relaxante, eu poderia sentir seu calor para sempre.

...*...*...

- Você não costuma amarrar o cabelo. - Contou com a voz calma enquanto ainda observava as estrelas. Encarei-o surpresa com a sua afirmação repentina.

Um vento frio passou por nós fazendo eu abraçar meu corpo com força.

- Eu sei. - Falei num sussurro. A noite estava escura, iluminada apenas pelas estrelas brilhantes no céu.

Dilan virou de lado e sustentou meu olhos. Permaneci deitada no telhado frio encarando seus glóbulos castanhos.

- Eu gosto quando você amarra. - Admitiu sorrindo divertidamente, o que me fez rir baixinho.

Você Cresceu [✓]Where stories live. Discover now