31 | Se ele estiver me ouvindo

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- Você está acabada - ele cruza os braços musculosos. - Precisa dormir, Alyssa.

Dou de ombros.

- Eu estou dormindo - minto. Callum sabe disso.

- Estou falando sério - ele me repreende.

Dou de ombros novamente.

- Eu também - sorrio.

Conheci Callum no dia do acidente.

Depois da discussão que tive com Hunter, eu só queria voltar para o meu apartamento e afundar na cama, no entanto, eu não estava muito longe quando duas ambulâncias passaram por mim, quase voando, indo para a direção contrária a minha. Para a direção que ele seguiu. Então, não pensei duas vezes antes de dar meia volta e seguir o mesmo rumo que as ambulâncias.

Nunca mais encoste em mim, Hunter, as últimas palavras que eu lhe disse me açoitam até hoje.

Essas foram as últimas palavras que ele me ouviu dizer e, agora, elas nunca fizeram tanto sentido.

Ele realmente não pode mais me tocar.

Nunca achamos que que a última vez é, de fato, a última vez. Não dizemos coisas como "eu te amo", "você mudou a minha vida", " você é muito importante para mim", com frequência, porque sempre achamos que teremos outras oportunidades para isso. Sempre achamos que haverá mais, que teremos mais tempo. Mas, a verdade é que, não, nós não temos. A vida é isso e tudo pode acabar no dia seguinte. Na hora seguinte. No minuto ou segundo seguinte. Todo instante conta.

"O capô do carro batido contra um poste soprava fumaça, envenenando o ar limpo.

Não era o carro dele.

O alívio se apodera do meu corpo quando constato tal coisa, mesmo sentindo pesar pela família do rapaz que é retirado pelos paramédicos do carro destruído.

De repente, me sinto estúpida por ter pensando no pior. Me afasto do aglomerado de pessoas que, assim como eu, observavam o cenário do acidente.

- Achei! Ele está aqui! - Um paramédico berra antes que eu me afastasse o suficiente.

Paraliso.

Duas ambulâncias, dois feridos.

Óbvio.

Me aproxixo outra vez, avistando um punhado de paramédicos se locomover até um ponto à frente do carro. Um corpo jaz no meio-fio, desacordado.

O grito que escapa pelos meus lábios entreabertos é engolido pelos assovios do vento. Corro em direção ao seu corpo, sendo interrompida por um dos paramédicos.

- Ele é meu... - afoita, não sei o que falar. - Eu conheço ele, é meu amigo.

- Peço que mantenha distância enquanto fazemos nosso trabalho - o homem barbudo segurou meus ombros, compreensível.

- Mas, e-eu...

- Você pode acompanhá-lo até o hospital, moça.

Concordo com a cabeça e deixo que o homem me guie até a parte traseira da ambulância, a qual eu entro e aguardo até que o tragam até mim."

Callum chegou no hospital alguns minutos depois de mim, e ficamos aguardando na sala de espera juntos enquanto Hunter era operado. Não trocamos nenhuma palavra, ambos receosos demais para sequer conseguir falar, mas, de alguma forma, mesmo que silenciosamente, apoiamos um ao outro

Crossroad (EM REVISÃO) Where stories live. Discover now