Prólogo

37 4 12
                                    

''Não sei se poderia me considerar uma garota sóbria ou com um juízo completamente perfeito por pensar assim, mas tenho certeza que você sabe que eu poderia estar queimando e morrendo por dentro por causa de diversas palavras que você não pensa antes de dizer, porém ao ouvir o seu "eu te amo" depois de nossas brigas completamente brutas sempre me faziam repensar que talvez tudo tivesse sido apenas mais uma de suas recaídas. Com toda certeza você vai mudar e voltar a ser aquele namorado bom e gentil que eu tinha, apesar de sempre demonstrar ciúmes e as vezes ficar bravo quando eu passo tempo demais com os meus amigos e não ao seu lado, eu sei que ainda existe a pessoa boa e gentil dentro de você. Mas tudo bem, eu consigo compreender, afinal, tudo o que você faz é pra tentar me proteger.

Mas o que eu não consigo entender é o porque de você não vim até mim quando eu estou desabando, por que você me deixa afundar sozinha se só faz tudo para me proteger? Porque você só fica parado observando quando sabe que dentro de mim tudo está se destruindo?  Eu sei que você diz que eu não sei como as coisas funcionam e que nosso relacionamento está nos padrões que deveriam estar, só que as vezes eu fico confusa, muitas pessoas que estão apaixonadas demonstram amor e proteção de um modo diferente, já você demonstra gritando, me forçando a fazer o que é incômodo pra mim e me privando de muitas coisas, até mesmo de me aproximar demais do meu melhor amigo, isso não é um pouco exagerado demais? Eu sei que não devo incomodá-lo com coisas banais e que você sempre diz que deve ser o único que eu conto todos os meus problemas, mas ter amigos é importante e essencial não é? Eu gostaria de poder conviver com eles novamente, principalmente com o Will. Ele é importante e eu gostaria de estar com ele em suas melhores e piores fases, como prometemos um ao outro quando éramos crianças.

Mas tudo bem, eu sei que você odeia quando é questionado. Eu não quero parecer curiosa demais. Eu só estou escrevendo isso porque não sei te explicar o que estou sentindo esses dias, tudo está tão confuso e eu ainda sinto um pouco de tontura desde a nossa última briga. Hoje eu espero que você não tenha mais uma recaída, só se passou um dia depois que você teve a mais recente. Parece que quanto mais brigamos mais você se demonstra violento e isso me deixa com medo, mas no final de tudo eu sei que você também está confuso, eu prometi que não desistiria de você. E eu não vou.

Com amor, Karina.''

Após ler tudo aquilo que estava escrito no papel, Will mal podia acreditar que aquelas palavras eram mesmo da sua melhor amiga, não podia acreditar que tudo aquilo era real. Parecia que tudo era uma enorme mentira e que aquelas palavras não haviam sido escritas por ela.

— Quando foi que ela escreveu isso? — perguntou angustiado enquanto ainda tentava engolir todas as palavras que havia lido.

— Não sabemos ao certo, mas eu acho que ela usava o pequeno caderno como uma espécie de diário quando estava se sentindo confusa demais, meio que para colocar um pouco pra fora. Então provavelmente foi no dia do acidente já que a data condiz com o dia que escreveu pela última vez — explicou — Estava tudo destruído e praticamente todas as folhas estragaram, mas essa por sorte ou destino, foi a única que se salvou. Isso mostra que apesar de ainda ter um tipo de sentimento por ele, ela estava com medo por ele estar ficando cada vez mais violento nas brigas.

— Eu não posso acreditar que foi ela quem fez isso, não parece ser real. Sabe, quando éramos crianças ela sempre me questionava o porque de existir as mentiras no mundo,  já que todos que mentiam ficavam se sentindo mal logo depois — ao lembrar-se disso a tristeza tomava o seu peito — Mas ela acabou se apaixonando por uma mentira.

— Não pode culpá-la Will, ela criou um mundo dentro dela e a sua cabeça estava absolutamente confusa. E também não podemos esquecer que ele controlava a mente dela de um jeito que a prendia completamente — explicou novamente. Alícia era uma boa pessoa além de terapeuta, cuidava da Karina com tanta dedicação que fazia Will muitas vezes ficar maravilhado. Ele mal a conhecia, mas com toda certeza ela tinha a sua admiração.

— Eu me preocupo muito, sei que ele fez um estrago bem grande no psicológico dela — falou entregando o papel para ela novamente.

— Ele fez coisas irreparáveis, ela vai ter sequelas pelo resto da vida — levantou e se aproximou de Will — Mas temos que ter fé Will, temos que começar a acreditar que ela vai conseguir vencer e deixar para trás muitos dos traumas.

— Eu acredito muito nisso, apesar de ser uma pessoa teimosa eu sei que ela é forte — quando se levantou foi ao encontro dela e abraçou-a inesperadamente, o que no começo foi completamente inusitado da sua parte já que era excessivamente conservador, mas depois de segundos ela retribuiu o abraço achando sua atitude um pouco engraçado — Obrigado por estar fazendo tanto por ela, eu não sei como te recompensar. 

— Não precisa fazer isso, eu ficarei bem quando ela estiver saudável novamente.

Logo depois de se afastarem Alícia disse que precisava ir embora já que ela tinha outro compromisso após sair dali, então ele apenas acompanhou-a até a porta e se despediu. Quando seguiu até o quarto da melhor amiga achando que ela estaria dormindo, a encontrou sentada em sua cama observando o velho violão que costumava tocar quando mais nova.

— Achei que estaria cansada — falou entrando no quarto.

— E estou, mas resolvi que não iria dormir por agora — falou ainda olhando fixadamente para o violão a sua frente — A sua namorada foi embora cedo hoje, geralmente vocês conversam por mais tempo.

— Eu já te disse que ela não é a minha namorada — revirou os olhos e sentou-se de frente para ela na cama — Já que está acordada poderíamos ir para algum lugar agora, o que acha? 

— Will, você sabe o que eu penso sobre sair.

— Sim eu sei, mas até quando? — disse cansado — Kah, você não pode viver escondida do mundo pra sempre. Uma hora você vai ter que sair.

— Eu não quero, não vou sair. Eu sinto muito se isso te decepciona Will, mas eu não me sinto confortável nem mesmo com você e a Alícia me olhando quanto mais as outras pessoas que eu nem se quer conheço? — falou fria e totalmente direta — Ninguém é obrigado a conviver com alguém como eu.

— Com alguém como você? Karina são apenas marcas, você precisa aceitar que agora essa é você. E que continua tendo a mesma aparência de sempre apesar delas, o mundo não acabou pra você por causa daquele cara sabia?

— CALA A BOCA — por instantes ela perdeu a cabeça e foi para cima do amigo ameaçando batê-lo, e até realizou esse ato, porém ela logo perdeu suas forças e sabia que não conseguiria ficar com raiva por tanto tempo, então tudo o que lhe restou foram as lágrimas.

— Você não precisa ficar assim sozinha, sabe disso — Will disse tentando consolar a amiga, mas sabia que isso não iria funcionar.

— Vai embora Will, eu preciso ficar sozinha.

E mais uma vez Will se sentia mal por falar tão duramente a verdade para ela, mas ele sabia que um dia seria um dos degraus do qual ela subiria para a sua recuperação. 

Ele só precisava ter confiança e acreditar que ela era capaz.

To be continued...

 Depois tanto, tanto, tantoo pensar enfim a coragem bateu na porta para postar esse prólogo ashuahs

 Eu espero que assim como eu amei escrever cada detalhe dessa história vocês também amem cada detalhe dela, não esqueçam de deixar sua estrela e comentar porque é bastante importante. 🌸⭐

Até o próximo capítulo! bejox

Amor até a página 2Onde histórias criam vida. Descubra agora