Lições *

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IVAN

Amassei o velho jornal vendo o maldito Monferrato no topo, ele tinha tirado muito mais do que minha liberdade, ele tinha roubado algo muito mais precioso para mim. Tinha chegado o momento de algo ser feito, algo que valeria para sempre a pena.

-Pediu para me ver? Acredito que não esteja te privilegiando.

-Tenho como provar que sou inocente.

-E por que só agora isto está sendo ressaltado?

-Eu lembrei, tenho direito já que estou aqui por investigação e insistência sua. Não vou deixar nenhum agente tocar em meus pertences pessoais, exijo ser acompanhado, eu só quero provar que nunca tentei nada contra o Samuel. -Era mentira, mais era minha única opção dada minha situação. O delegado me olhou por alguns minutos, e no fundo eu sabia que iria conseguir.

-Eu irei junto, se tentar da uma de esperto aí sim terei certeza que é culpado.

-Você tem minha palavra que voltarei com provas. -"Ele comeria poeira, assim como todos os outros.

-Ok. -O momento de minha liberdade estava mais próximo do que nunca.

FELIPA

Muitas vezes os arrependimentos se tornavam reais quando realmente queremos. Eu não poderia jogar toda a culpa em minha tia sabendo o tamanho de minha participação em tudo, e no fundo eu me surpreendi. Não era mentira quando eu sentia dentro de mim o peso de meus atos, eu queria apagar com uma borracha o que fiz, mais sabia que não seria assim tão fácil, exigiria um tempo que no fundo todos os que prejudiquem precisavam. Eu quero mudar, sorrir de verdade e não chorar apenas por angústia, erros não poderiam ser apagados, mais acertos poderiam ser feitos e por mais que eu não tivesse sido alguém melhor, eu desejaria tentar, ser um Felipa diferente, ser eu.

-Pronto Tom, já fiz todos os pontos da lista.

-Ok. Eu vou esperar no caminhão, a senhora Geórgia levará um bom tempo para arrumar cada cobertor daquele.

-Não se preocupe. Obrigada. -Nosso motorista e segurança assentiu saindo do depósito onde materiais para doação eram organizados. Nunca em toda minha vida eu havia trabalhado tanto, meus dedos e costas doíam, tanto pelo cansaço como pelo frio que estava de matar. No fundo eu me sentia leve, era um trabalho digno e eu tinha o feito com minhas próprias mãos.

-Se você continuar com essa lentidão tia, não vamos sair daqui tão cedo. -Falei a vendo me olhar com tanto ódio que eu mesma conseguia sentir.

-Sua idiota, não vê que isso é culpa daquela imbecil? Que ela é culpada por minha vida está no lixo agora.

-Eu acho que ela foi bastante generosa tento em vista o que fizemos. Só estamos colhendo nossos próprios erros, nada comparado ao que fizemos a ela tia.

-Você bateu a cabeça Felipa? Que redenção é essa agora? Ser humilhada te deixou boba? -Eu sorri, era tudo que eu poderia fazer diante dela. Apesar de tudo tinha sido minha família quando meus pais se foram e ela me acolheu.

-Talvez sim tia, mais não boba. Eu acredito que tenha aberto meus olhos para tudo! No fundo sabe? Sou grata aos dois, agora eu percebo que forçar o amor de um homem nunca me faria bem. Fiquei feliz por cada humilhação.

-Eu não vou aguentar isso por muito tempo, não estou suportando mais.

-Lembre-se da cela da prisão, faça um balaço do que realmente seria pior tia. Isso aqui não é nada. Agora termine, já vai escurecer. -Ela bufou voltando a dobrar cobertores em seus lugares. Sentei próxima a ela em puro silêncio, era hora de mudar o rumo e começar a pedir perdão.

MEU GOVERNADOROnde as histórias ganham vida. Descobre agora