Capítulo 2°

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...

*....*

Uma cama, uma mesa, uma porta, três paredes brancas, uma divisão de vidro, ninguém a frente. Não havia nenhum barulho, nenhum som se quer. Levantei indo em direção a tal porta e entrei, era um banheiro, sair. Andei em direção a divisão de vidro e estiquei a mão, tocando, sentido o material frio e duro. O meu reflexo apareceu. Meu cabelo estava mais baixo, assim como minha barba, alguém tinha me feito aquilo, os técnicos também. Olhei pela primeira vez o que vestia, uma camisa de algodão e calças do mesmo material. Aquilo era estranho, nenhum técnico nos vestia, ainda mais com coisas macias, se não tivessem algo para machucar, eles não faziam nada a favor de ninguém.

Uma abertura surgiu, além da separação de vidro, um homem surgiu. Ele vestia negro. Algo em seu semblante quase o fez familiar. Dei um passo para trás. Pensando que minha mente podia estar confusa. Aquele homem se vestia como um técnico, não exatamente como eu conhecia, mas ainda sim devia ser um deles. Um instalo soou em minhas lembranças. Eu tinha visto aquele traje, e logo depois apaguei, era claro, fui dopado, por homens como o que eu encarava agora. Eles tinham me trazido para uma nova base ao que parecia.

- Olá, eu sou Kall, acredito que esteja confuso, mas quero que saiba que está seguro. Você foi trazido para o centro de reabilitação de novas espécies resgatados do ECP, o programa de homens que nos torturaram. Eu sou da sua espécie e fui resgatado também.

Ele deu um passo na minha direção e eu recuei. Então ele fez algo que me surpreendeu. Levantou os lábios mostrando sua presas. Franzi o cenho. Aquilo não podia ser possível.

- Eu sou como você!

Olhei com desconfiança. Isso podia ser um truque? Dei um passo a frente e ele também. Seu olhos cravados em mim.

- Você está seguro, pode confiar em mim, eu sou um irmão seu.

Eu não disse nada. Ele deu mais um passo até encostar sua mão no vidro. Ele era tão grande quanto eu.

- Me diga seu nome? Como quer ser chamado?

O encarei sem expressar nada. Aquele era um ambiente era novo. Eu não sabia como avaliar. Eles podiam estar me usando novamente.

- Sou seu irmão, confie em mim...

Eu não confiava em ninguém. Ele se afastou rosnando baixo. Mas me encarou novamente parecendo calmo.

- Pessoas vão vim tentar conversar com você, são médicos, eles querem te ajudar... Falará com algum deles?

Me afastei indo até a cama. Eu não queria ninguém. Virei o rosto e fiquei encarando o chão branco. Escutei novamente o rosnado dele, o vi se afastar, foi em direção a porta, mas não saiu.

- Pode me chamar, basta olhar para a câmera no teto, irei vim se quiser.

Não olhei para ele mesmo tendo-o escutado perfeitamente. Continuei parado olhando para o chão concentrado. Estava com raiva, desconfiado, não gostava desse mudança de ambiente. Eu sabia onde estava antes o que esperavam de mim, mas ali? Podia ser mais um teste? Claro que sim. Eles sempre faziam isso, enganavam, por isso tinha que me manter atento e frio.

Era bom esperar por um espancamento, eu estava sendo vigiado, a qualquer momento eles podiam simplesmente entrar e me castigarem. Talvez fosse bom. Assim eu saberia como lidar. Agressão era bom, pois aí eu sabia quem eles realmente eram, pois sendo o que eu era só poderia ser atacado. Os técnicos me odiavam mais do que os outros. Eu sabia que tinha outros, já tinha visto na minha primeira instalação, por isso ao ver aquele sujeito de negro me deixou tão confuso. Mas ele estava livre, o que podia dizer que tinha passado para o lado dos técnicos. Tudo era muito confuso. Mas eu não ia expressar nada, continuaria ali, fingindo calma e frieza.

ForgottenWhere stories live. Discover now