Sim (Nome Provisório)

I - Novos Caminhos

           

Um ano e meio antes...

Lydia

Meu dia começou como qualquer outro da minha vida, com uma noite mal dormida, nenhum café da manhã na mesa, nenhuma dose de afeto e muito menos companhia para compartilhar da minha alegria. Conforme a rotina, levantei da cama diretamente para o meu banheiro, onde tomei um banho relaxante ao som da minha playlist predileta. Escolhi minha roupa minuciosamente tentando parecer o mais profissional possível, afinal não faço a menor ideia do que isso significa e neste momento não tenho ninguém para quem perguntar, já que minhas melhores amigas são uma médica que acabou de sair de um plantão noturno, uma professora que começou a trabalhar na hora em que me levantei e uma ex-modelo como eu. Respirei fundo, sai de casa subi em minha moto e fui.

Nunca me senti tão nervosa em minha vida, jamais imaginei ter um emprego destes, se ao menos por um único minuto em minha medíocre vida, a ideia de que o delicioso clone do Clark Kent, mais conhecido como Darcy, me ofereceria um emprego de verdade em sua enorme empresa eu jamais teria feito tudo que fiz contra a mulher que ele amava. Não vou ser hipócrita, eu teria feito sim, gosto de caras bonitos e o ex dela me deu bola, paciência. Agora estou aqui parada na porta do pequeno prédio onde o grupo empresarial comandado por ele e por sua noiva (que por sinal é minha vizinha, irmã de uma de minhas melhores amigas e também a mulher que um dia eu humilhei roubando seu namorado e armando um flagra para que ela me pegasse na cama com ele), morrendo de medo da humilhação que ela possa me fazer passar com todo o direito do mundo, mas triunfante porque mesmo depois de toda a merda eu consegui um espaço no sol de Lizzie e isso é maravilhoso.

Acontece que no instante em que me sentei naquela mesa, disposta a roubar o parceiro gato de Lizzie Benedict novamente, ele tristemente me contou o quão arrasado estava por ter se distanciado dela e generosamente me ofertou um emprego com um excelente salário, de certo modo parecia que o destino queria me agraciar, já que remorso não é um sentimento que eu cultive. Ele era um bom homem e pela maneira a qual se referia a ela, tudo me dizia que Lizzie não era nada daquilo que minha mente doentia adolescente dizia, mas sim uma mulher generosa e extremamente inteligente, que era completamente vital para o funcionamento daquele homem maravilhoso. Desisti de roubar o namorado dela e aceitei o emprego, mesmo ele sendo extremamente gostoso, estava me oferecendo uma oportunidade única, e se tem algo que concordo com a cretina de minha mãe é que dinheiro a gente não nega, aceita e o salário na P&P era o melhor que conseguiria com minha baixa escolaridade.

Entrava ali disposta não somente a ser a melhor funcionária que eles já tiveram como também em concertar tudo de mal que um dia já fiz contra eles, e principalmente contra a Liz. Como pude ser tão otária a ponto de tentar separar um casal que estava com o casamento marcado para dali a pouco mais de dois meses? Sinceramente não sei, mas esta oportunidade mudou minhas perspectivas, eu mostraria para todos que posso ser alguém, mesmo que não seja completamente capaz de algumas coisas que todos fazem.

E foi assim respirando fundo e pensando positivo que entrei no elevador.

Assim que o elevador parou no andar do setor onde trabalharia, fui abordada por uma mulher chamada Claudia, que se intitulou uma das coordenadoras do departamento. Ela tinha por volta de uns trinta anos e não tinha cara de muitos amigos, entretanto foi cortês e me levou até um pequeno refeitório ao final do corredor. Enquanto caminhávamos ela me disse que aquele era o setor de consultoria e assessoria da empresa, e que eles eram os responsáveis pela carteira de clientes que os contratava não para uma campanha de marketing e publicidade, mas sim para o marketing interno e treinamento de funcionários, confesso que não estava entendendo muita coisa, uma vez que concluí o ensino médio graças às ajudas de Katy e Bruna, mas me esforçaria para entender todos aqueles termos. A mulher também me disse que a chefe do departamento e daquela diretoria era ninguém menos que Lizzie Benedict e que esta seria minha chefe imediata.