"Seus olhos castanhos queimam minhas retinas e seu sorriso embeleza qualquer dia triste e vazio, desejaria segurar sua mão em tempos de calor ou em qualquer estação. Meu coração surtou de desejos e minha boca anseia pelo beijo daquela que não conheci".

-De onde surgiu isso tudo? Estou pior do que eu imaginava estar. Santo Deus!

E estava, nem ele mesmo entendia o motivo daquilo tudo, após tomar seu café da manhã foi ajudar seu pai no conserto do telhado, toda vez que chovia parecia que molhava mais dentro de casa do que fora devido a tanta goteira e foi assim aquela manhã do Theodor. Ajudando o pai e o pensamento na garota daquele domingo surpreendente.

Naquela mesma manhã Helene estava radiante como sempre, porém dentro de uma sala de aula ouvindo explicações de Física enquanto alguns conversavam no meio da aula e outros aproveitavam pra cochilar, pelo visto ocorreu uma festa na noite anterior, todo mundo falava isto na escola, mas não vem ao caso agora.

Ela estava presa em seus pensamentos nem sequer prestava atenção na aula também, mas ficava lá olhando para o quadro branco com todas aquelas fórmulas que naquele momento eram insignificantes. Helene estava num momento só dela, pensando na vida antes da mudança, aquela falta de amigos, mas de alguma forma ela estava confiante e sabia que algo mudaria sua vida, não sabia ao certo o que seria, mas sabia.

O alarme toca. O intervalo começa.

Helene sentou-se em um banco branco que ficava logo na entrada da escola e sentiu a presença de alguém se aproximando, era a Amanda, faziam parte da mesma turma, mas ninguém chegava perto de Helene, por causa da superproteção de seu pai Heitor, que sempre deixava os seus seguranças por perto de sua filha, porém neste dia eles não estavam lá, Heitor acatou o pedido de sua esposa. E como não acatar?

-Olá! Te vi aqui sentada e resolvi me aproximar, já que seus seguranças não estão aqui. Percebi que passou toda a aula de Física longe, parecia não estar bem.

-Oi! Estou bem, não foi nada, apenas algumas lembranças que estavam aparecendo e fiquei lá revivendo todos os momentos. Mas obrigado por perguntar. A propósito me chamo Helene.

-É! Eu sei. Você é muito conhecida aqui no meio dos garotos, todos eles te acham muito linda.

-Eu?! Coitada de mim, nem sou isso tudo que eles andam falando.

-Se você diz, mas ai tá a fim de sairmos qualquer dia só pra te mostrar um pouco da cidade?

-Claro que sim! Seus olhos brilharam e um sorriso inesperado brotou de seus castanhos olhos. Soube que aqui próximo tem uma floresta, gostaria muito de ir lá.

-É a Wald Küste, fica em Die Engel Singen, leva um pouco mais de uma hora pra chegarmos até lá, poderíamos ir sim, seria ótimo, mas precisaríamos de um guia pra podermos caminhar aquela imensidão de árvores sem nos perdermos.

-Verdade, não quero passar meus dias presa no meio daquele mato todo!

-Chamarei mais pessoas pra ir conosco, afinal uma trilha só é boa quando tem muita gente!

-Claro, vai ser bom pra mim que poderei conhecer mais pessoas, por que não tenho amigos aqui ainda.

-Talvez você já tenha ganhado uma.

As duas sorriram e perceberam que o sinal já tinha tocado novamente depois que viram que não tinha mais ninguém por perto, então se apressaram e voltaram para sala, aula de Gramática, desta vez ela prestou atenção.

Mas quem não estava prestando atenção nas coisas muito menos na vida que se passava fora de sua mente era o apaixonado Theodor, a gente fica muito ridículo quando nos apaixonamos, já perceberam isso? E ficamos iguais a este pobre jovem que quase quebra todas as telhas que estavam ali no chão para serem postas no lugar das que estavam quebradas, mas neste momento ele não estava se importando com isso, o mais importante dos seres, para ele, estava habitando os seus pensamentos. Foi difícil, mas eles terminaram o conserto e ficou ótimo, somente para comprovar que ficou bom uma chuva caiu de repente sobre a casa, mas só quem se molhou foi seu avô que ninguém sabe o motivo estava lá fora e falando com o vento e ninguém sabia o que ele estava falando, essa foi a primeira de muitas outras vezes que ele iria ao quintal gritar pro mundo, só que na maioria das vezes ele apenas sussurrava, não tinha tanta força pra ficar gritando o tempo todo e pra ninguém, foi aprontar e pegou um resfriado pra que ficasse quieto dentro de casa.

THEODOROnde histórias criam vida. Descubra agora