::Capítulo 1:: Rebecca

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Não era o melhor trabalho, mas era o que eu tinha conseguido. Arrumar o quarto de um príncipe mimado e preconceituoso parecia muito melhor do que juntar estrume de cavalo nos estábulos reais. Pelo menos não fedia tanto e não era tão humilhante.

Eu nunca tinha visto uma escada tão grande e nem um castelo tão extenso.

Estava com medo, admito, mas não teria como desistir agora e não havia para onde fugir, a não ser que eu decidisse me jogar no fosso. Eu sentia o nervosismo correndo no meu sangue, era o meu primeiro emprego e eu não podia cogitar a possibilidade de causar má impressão ao rei e à rainha.

-Bom dia senhor, eu me chamo Rebecca Bones e sou a nova criada de quarto do príncipe Cristopher.- Não sei como consegui dizer algo que fizesse sentido, o homem chefe dos criados tinha uma carranca tremenda, parecia um maníaco, e isso não colaborou nada na melhora do meu nervosismo.

-Vista seu uniforme no armário de vassouras e me acompanhe.-Ele disse.

Eu vesti um uniforme de tecido barato e encardido, era dureza trocar meu melhor vestido por aquele trapo. Eu o acompanhei, fazendo um coque no meu cabelo escuro enquanto caminhava por um corredor longo e mal iluminado.

Chegamos à uma porta ao final do corredor, o criado chefe me diz para mim não acordar o príncipe e para lhe perguntar se é preciso preparar um banho. Abro a porta. Entro no quarto. "Seja o que Deus quiser" penso. De repente me deparo com uma bagunça de dimensões colossais, roupas para todo lado possível, livros de diversos assuntos e autores... Tudo misturado como uma grande e nojenta massa de bolo. Mas no meio daquela bagunça eu avisto um ser humano, um nada charmoso ser humano. Deitado no que parecia ser a cama do que era pra ser um quarto, havia um príncipe dormindo e babando como um bebê. Em um movimento involuntário, solto um gritinho, o príncipe se mexe. Ufa. Ele não acordou, mas reconheço que corri um grande risco de acordá-lo, e se por um triste acaso ele acordasse, adeus emprego, adeus dinheiro, adeus dignidade.
Encontro uma folha de pergaminho com instruções em cima de uma penteadeira. Pego e começo a ler o que está escrito em uma caligrafia muito formal.

Instruções dirigidas à nova criada de quarto:

Arrume o quarto de modo geral.
Varra o chão uniformemente.
Organize os livros nas prateleiras em ordem alfabética.
Não abra as cortinas.
Quando o príncipe acordar, lhe peça se deseja se banhar.
Prepare o banho com tudo o que ele pedir. Recolha, lave, engome e passe as roupas, por último.

Tudo bem, até que não era tanto. Comecei pelas roupas, por que eram o que mais estava me causando agonia. Parecia que faziam centenas de anos que aquelas roupas estavam lá. Mas incrivelmente, elas não fediam a suor ou a qualquer outra coisa nojenta. Tinha quase terminado quando enxerguei uma camisa azul em cima de uma mesinha perto da cama. Fui recolher a maldita camisa e não percebi uma folha de pergaminho desenrolado embaixo da cama onde o príncipe dormia com a cortina que eu recém tinha fechado. Quando vi já estava no chão, enrolada na cortina e com uma dor aguda no ombro esquerdo.

Ótimo. Agora além de perder o meu emprego eu teria que pagar por uma cortina que provavelmente custava muito mais do que todas as minhas roupas juntas e teria ainda que receber xingamentos do príncipe Cristopher.

O Príncipe e a ServaWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu