Harper Conard

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Duas coisas acerca de mim: amo rock acima de qualquer coisa, a forma como as notas soam, as guitarras que tocam em sintonia com a bateria, tudo formando a melodia perfeita. Como não amar a música? Se é aquilo que me mantém viva. A segunda coisa acerca de mim é que sou uma acompanhante de luxo, nos termos mais vulgares prostituta.

-HARPER. - Alguém grita o meu nome, fazendo-se ouvir por cima da música, os meus olhos acompanham a voz, e eu distingo dois rostos que pertencem a mesma pessoa, posso deduzir que a droga esta a fazer efeito. Esse é o terceiro ponto acerca de mim, sou uma viciada. Não me julgem. Fui raptada com 8 anos de idade porque consideram que eu era uma bruxa, uma das mais poderosas, descendente da Coralie Holcomb. Bem a verdade é que sou uma mera humana, para ser honesta uma mera humana fracassada seria o correto.

-Diz Royu. - Digo com a voz arrastada, o meu corpo cambaleia por entre o aglomerado de pessoas no bar, a multidão vibra ao som de uma música funkeira.

-Aquele homem ali paga 400 dolares por uma noite contigo, topas? - Ele aponta para alguém, mas a droga no meu sistema já nem me deixa compreender.

-Entro nessa. - Digo de rasgada. Deixo o meu corpo andar em direção ao homem, agora consigo visualizar o seu rosto, deve estar na casa dos trinta anos, pela roupa deduzo que seja outro empresário rico. Pisco-lhe o olho. Ele entrega-me um copo de tequila. Mais um pouco de veneno para mim, mais uma dose para a morte da minha alma. Ele envolve o seu braço em torno do meu corpo e ajuda-me a caminhar em direção aos quartos do clube. Entro no primeiro quarto a direita.

13 minutos, e 42 dois segundos depois. Eu tenho um monte de cinzas na minha cama. Um monte de cinzas que pertencem ao homem com quem deveria ter sexo. Que pertencem ao homem que matei. Que queimei vivo. Enrolo o lençol em torno do meu corpo quase nu, deixo as cinzas caírem no chão. Sou uma anomalia, eu fiz com que ele morre-se. Eu não sou mais uma humana fracassada, eu sou uma berração fracassada. Fico em pânico, sinto o medo entranhar-se em mim. corro pelo corredor com lágrimas nos olhos, com o lençol a envolver-me. Quero a minha droga! Quero o meu doce veneno. O meu corpo bate em alguém, os meus olhos cegam-me.

-Calma, calma. - A voz dele entoa.

-Monstro. - Digo em soluços, ele puxa-me para dentro de um quarto. Só sinto algo quando a água fria cai no meu corpo, não consigo olhar para nenhum lado.

-Afrodite, tu sabes que és a minha preferida. - O meu segundo nome na voz dele soa doce, ele é o meu dono, o meu chefe, o homem que me comprou aos meus raptores e que me fez refém deste clube.

-Eu sei. - Digo baixinho, mesmo sabendo que é uma mentira, ele diz isso a todas. Assim que acaba o banho ele veste-me uma roupa quente, eu entro na cama, ainda sem estar totalmente em mim. Ele apaga a luz.

-Boa noite Afrodite. - E assim se fecha, se acaba, se descai, o dia em que eu despertei a bruxa em mim aquele dia em que me tornei nesta assassina. Fecho os olhos e tento não sonhar com monstros.

2 dias depois

Eu gosto deste cliente, ele paga bem e não me obriga a sexo, apenas quer companhia para sair, desta vez levou-me a um concerto de rock. Estou tão concentrada na batida da música que nem reparo que o meu corpo é embalado ao som da melodia, deixo-me levar. Dou um sorriso. Um sorriso raro.

-Estas a gostas? - O Edward pergunta, ele tem cerca de 40 anos, é divorciado, tem três filhos, e requisita-me sempre, porque sabe o quanto eu amo rock, assim como ele. Ele é um solitário. As vezes fala tanto comigo que chego a pensar que sou apenas uma ouvinte.

-A amar. - Os meus lábios encarnados esboçam um ligeiro sorriso.

-Queres conhece-los? - Ele mexe numa mexa de cabelo meu, encolho-me um pouco. Sempre que me tocavam tinha medo essa pessoa se desfizesse em chamas.

I believe in MagicDove le storie prendono vita. Scoprilo ora