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"É só mais um ano a menos,não a mais!" - pensou Adrien Agreste,ao acordar.

Não,ele não queria viver. Na verdade,essa era uma das pouquíssimas vezes que ele desejaria viver.

Há doze anos,ele, infelizmente,perdeu sua maravilhosa mãe,Emilie Agreste, vítima de um tipo raro de tumor que alastrou no tecido dos pulmões, levando a morte, apesar dos caríssimos tratamentos paliativos oncológicos.

Gabriel Agreste,seu pai, desejava ansiosamente preencher o vazio no coração do loiro desde esse terrível fato ter acontecido. Entretanto,nada ,nem suas insistentes convites pelas reuniões e festas de família, aniversários ou menos lazer ao lado do velho piano da família dificilmente o fizera mudar de idéia.

Nathalie Sancoeur,por outro lado era a única que poderia entrar naquele cômodo,sem ser expulsa pois desenvolveram uma afinidade habitual de médica e paciente.

-Então, Adrien,como vai?

-Ah,normal, né? - respondeu meio irônico

-Adrien,sei que hoje infelizmente completou mais um ano de vida mas poxa,se esforça!

-Em viver ou morrer?

-Adrien, você não leva nada do que eu falo a sério, não é?

-Escute: Eu tô cansado de tratamento disto, tratamento aquilo.... chega! Não aguento mais agulhas e comprimidos e placebos....

-Meu amor,acha que me sinto bem em te ver sofrendo? Acha que se eu pudesse,não impediria isso?

-Mas eu não quero mais sofrer! Eu cansei disso! Quero.....partir!

-Opa opa.... não! Não diga essa asneira! Já é a quinta vez que me fala em morte!

- Porque é o que tô sentindo ou menos,o que sempre senti!

-Tudo bem,eu saio e não vou te importunar com tantos exames hoje! Aliás, aproveita essa nesga do sol e abre a janela, só um pouquinho... - recomendou ela

-Isso se o ar não me matar,não é? - ele respondeu ainda com ironia - Afinal de contas,são tão fraco que nem minha mãe suportou e partiu logo!

A dama deu um longo beijo na testa dele e beijou

-Como meu menino está, doutora Sancoeur? - perguntou Gabriel Agreste,com olhos azuis acinzentados super cansados

-Ele ainda está na mesma! Ele insiste em "partir "! Disse que ele é culpado da morte de Emilie e tudo mais...

-E então, continua irredutível com isso e não quer prosseguir com tratamento da Mademosseille?

-Infelizmente não senhor Agreste. E eu não quero pressionar e perder a pouca confiança que ele tem em mim. E já fora tão difícil convencer ele de que não iria tirar sangue,que dirá agora com dezessete anos!

-Eu me sinto cada dia pior....vejo meu pequeno definhar e se recusando a viver! - e ele cobriu o rosto com as mãos chorando - Eu daria minha saúde pela dele!

-Oh não chore! - e tentou acalmar o homem - Respire fundo, Gabriel. Seu menino,se Deus quiser,irá encontrar motivos para sorrir, você verá meu caro Agreste.

-Tem tanta fé assim nesse Deus? - pergunta Gabriel Agreste meio incrédulo - Eu me sinto abandonado depois de perder minha Emilie.

- Gabriel,eu não tenho argumentos o suficiente para te provar do contrário,mas Deus não desamparou vocês,e sei que qualquer discurso meu sobre luto nunca é suficiente. Mas quero dizer que tenho fé e sou otimista por vocês dois. - disse Nathalie Sancoeur, sorrindo para ele

Na janela, Adrien se imaginou pulando do segundo andar.

-Acho que meu pescoço quebraria bem ali! - dizia Adrien consigo mesmo enquanto avistou o chão

Entretanto, miados interromperam suas divagações obscuras.

-Nossa...Que casarão! Queria morar aqui! - pensou Lady Noir,uma gata fofa de olhos marinhos,em meio ao jardim de rosas brancas - Uma joaninha? Vou esperar e atacar ela.

A curiosa gatinha brincava no chão olhando para o inseto alado e vermelho.

-Se foi ... Droga!

Todavia,ela subiu as paredes,escalando, querendo saber quem murmurava tanto na janela

-aha um humano! Nossa,que humano bonito! - pensou ela, avistando ele

-Ue, é um gato? - Adrien Agreste disse, espantado

Os dois se encontram no limiar da janela

-Gato? Não ... é uma gatinha! Posso te pegar, mocinha? Vai me machucar vai?

-Não! - miou ela, suavemente, caminhando rumo a ele - venha me pegar!

Adrien vagarosamente pegou e segurou sem medo. Levando para o quarto dele,pôs na cama

-Nossa, você é linda demais! Aposto que não tem casa, certo?

-Sim,não tenho lar! - miou ela demoradamente

-Já sei. Você vai morar aqui e ....olhos marinhos... já tenho um nome: Marinette. Isso,u nome que vem do mar!

Aquilo foi o primeiro capítulo da vida de ambos.

O doente e a gatinha Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu