Capítulo 2

160 17 0
                                    

Ao abrir a porteira dava pra ver um caminho que se dividia. Seguindo em uma direção você chegava até a casa, relativamente pequena, dois andares que estavam de pé por pura mágica ou algum capricho da gravidade. As janelas de venezianas estavam ou quebradas ou faltando abas inteiras e vidros estavam quebrados em várias delas.

O outro caminho levava até um celeiro bem grande, que estava em condições melhores que a casa, o que não quer dizer muita coisa. Também dava para ver o que deveria ser uma garagem. Minha vontade de entrar no carro e voltar para LA gritava e se não fosse o fato de eu não ter onde morar lá, eu teria voltado.

Entrei no carro e depois de respirar muito fundo segui até a entrada na suposta garagem e peguei o molho de chaves que o advogado me entregou quando eu recebi minha "herança". Encarei a porta da cozinha por um tempo e depois de achar a chave correta abri a porta e o cheiro foi a primeira coisa que me atingiu em cheio.

Parecia uma cozinha dos anos 50 ou 60, com móveis muito velhos e caindo aos pedaços. Confesso que por dentro a casa estava menos ruim que por fora, mas ainda sim seria mais barato demolir e construir do zero. Infelizmente eu não tinha dinheiro para nenhuma das opções.

Abri todas as janelas que encontrei na cozinha e deixei a porta aberta. A sala não estava muito melhor que a cozinha, o sofá era muito velho e fedia mesmo de longe. Tinha uma grande lareira de pedra que eu presumi ser grande o suficiente para esquentar a casa inteira se tivesse lenha o bastante. Estávamos na primavera, mas aquele lugar era muito mais frio que LA. O inverno seria um grande desafio para quem nunca morou onde nevava.

Não tinha banheiro no térreo, mas tinha um cômodo que deveria ser um escritório que foi improvisado de quarto e uma porta que eu presumi que levaria para o porão. De jeito nenhum eu iria abrir aquela porta. O segundo andar tinha um quarto grande, um quarto menor e um banheiro.

O quarto menor estava cheio de tralhas e mal dava pra entrar. O banheiro parecia bastante limpo em comparação com o resto da casa e era até agora o único cômodo decente. O quarto maior tinha um armário com portas venezianas, uma cama de casal velha e uma cômoda. O papel de parede era velho e estava rasgado em várias partes.

Não tinha luz, mas isso eu já tinha imaginado, tinha água corrente, mas eu não sabia de onde ela vinha. Graças a Deus não tinha nenhuma comida estragada nos armários ou na geladeira. Pra ser sincero não tinha comida nenhuma na casa e aquilo me deixou pensativo por alguns minutos.

Depois de abrir todas as janelas da casa e a porta da sala, sentei na varanda para mexer no meu telefone, fazer uma lista das coisas que eu precisaria, tentar organizar as coisas na minha cabeça. O brilho do sol me chamou a atenção e no momento que eu olhei para o horizonte eu perdi o fôlego. O sol se punha atrás de uma colina iluminando a copa das árvores de um pequeno bosque próximo de um jeito que tão lindo.

Voltei para a casa, fechei tudo e entrei no carro em direção a cidade, se é que se podia chamar aquilo de cidade. Parei de novo no posto de gasolina e Lindsey sorriu pra mim e eu retribui.

– Achou a fazenda? – Perguntou.

– Achei sim. Muito obrigado de novo. Aliás, tem um outro favor que você pode me fazer. Tem algum hotel por aqui onde eu possa passar a noite? – Perguntei.

– Aqui-aqui não. Mas se você voltar para a rodovia e seguir para o norte, vai ter um motel nos limites com Eureka. Se não tiver vaga só em Eureka mesmo, aí é mais uns 40 minutos de carro.

– Ótimo – Disse rolando os olhos e Lindsey riu.

– Desculpe a intromissão, mas por que a fazenda do senhor McAllister?

– Ela é minha agora – Disse enquanto escolhia um chocolate na prateleira e nem precisei olhar para saber que Lindsey se espantou – Queria conhecer o lugar antes de me mudar.

Recomeços (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora