TRILHAS SONORAS

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Trilhas sonoras são parte indissociável da apreciação cinematográfica. Tecnicamente servem ao encadeamento de planos gravados isoladamente, mas emocionalmente, são responsáveis pela personalidade sonora de um filme. Considerando que a criação de música para narrativas cinematográficas está condicionada a tempos específicos, climas emocionais ditados externamente e até a modelos musicais apontados como orientação, é realmente notável constatar o que compositores dedicados ao meio fizeram nesses quase cem anos de cinema sonoro.

Na demanda por suporte a uma narrativa dada previamente, a composição para filmes mostrou-se também um terreno de síntese onde linguagens e gêneros musicais (populares ou acadêmicos) eram absorvidos e devolvidos ao público através do talento de compositores de formação mais variada. Mesmo presa a tempos rígidos e a encomendas específicas, a música de cinema também foi uma área que ofereceu bastante liberdade criativa aos compositores, mais até do que em gêneros populares. Nenhum outro campo de atividade musical pôde dar a um compositor a chance de usar um leque tão variado de informações, ou mesmo a possibilidade de criar novas e exóticas misturas sonoras para efeitos específicos. Enquanto gêneros como o jazz ou o rock se mantiveram condicionados (ou presos) a tradições, os compositores de trilhas sonoras puderam misturar à vontade quartetos de cordas com sintetizadores, cravos com instrumentos elétricos ou rock pesado com violinos sem o risco de soarem artificiais ou pretensiosamente ecléticos.

Poucas áreas de criação musical possibilitaram tamanha possibilidade de invenção como o cinema, e poucas foram tão incompreendidas. As trilhas sonoras de idioma sinfônico, por exemplo, viveram por décadas em uma constante (e depreciativa) consideração crítica que insistiu em colocar as trilhas em algum local entre a "pureza" da música clássica e a mera funcionalidade a serviço do entretenimento. Por outro lado, trabalhos mais modernos (que utilizaram jazz, por exemplo), também ficaram situados em um espaço intermediário entre a tradição genérica e a adaptação ao filme a que se destinavam, dificilmente encontrando lugar (e compreensão) no gosto médio do consumidor. O fato é que tais composições nunca foram produzidas tendo em vista o mercado fonográfico, e isso acabou fazendo das trilhas sonoras algo fadado ao círculo cult dos "iniciados". O tempo, no entanto, está sendo o maior aliado deste gênero musical. Finalmente os mal-entendidos críticos e a desinformação generalizada começam a perder terreno diante de um público suficientemente informado, que compreende os diferentes tipos de trilhas, sejam elas de influência jazzística, eletrônica ou de linguagem sinfônica e intencionalmente acadêmica.

Geralmente confinadas a um espaço intermediário de consideração artística, as trilhas musicais para filmes têm recebido uma interessante acolhida pelo mercado contemporâneo que revaloriza trabalhos datados, cuja virtude é justamente referenciar uma época, sua sonoridade e seus valores de produção. Também é considerável que, com a disponibilidade online, o pesquisador, o colecionador ou o simples apreciador, tenha um acervo de títulos como nunca ocorreu anteriormente.

Trilhas Sonoras funciona como um levantamento básico de compositores e obras do gênero, alinhando seus textos em ordem cronológica para compor um painel do desenvolvimento da arte da composição musical para filmes, conforme as demandas de suas épocas. Os comentários referem especialmente trilhas disponibilizadas no mercado em forma de CD ou vinil e assim, compositores antigos tiveram mais material disponível do que os contemporâneos.

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