Capítulo 2

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No banheiro adjunto ao quarto, há uma banheira extraordinária, com chuveiro, protegida por um vidro, um espelho, duas pias, um armário branco com toalhas escuras e produtos de higiene pessoal – e, claro, um vaso sanitário, haha.

Vasculhando mais, encontro uns sais de banho e decido encher a banheira, mesmo que já passe muito da uma da manhã.

Que se dane.

Quero divertir-me e relaxar um pouco – se é que isto é possível – depois de uma foda soberba – se é que é possível.

Temo que vá ter bastantes sonhos molhados com Adam, mas, na verdade, temer não é a palavra mais correta. Se tiver sonhos eróticos, posso masturbar-me, ou, ainda melhor, posso procurá-lo. Assim, pergunto-me quando é que será a nossa próxima foda e como será: lenta, rápida, intensa, suave, libertina, pornográfica.

Estou pronta para todas elas.

Pensando nisso, entro na banheira e deito-me na água quentinha e perfumada, fechando os meus olhos. Talvez pela manhã Adam deseje trepar, ou, quiçá, no meio da madrugada. Do que vi e senti, enquanto fodemos no sofá, desconfio que ele virá ao meu encontro num curto espaço de tempo. Se ele está como eu, então está maluco para foder outra vez.

Deixo-me flutuar numa maré de desejo e anseio e ouço o silêncio, apreciando este momento. É inacreditável como a noite acabou, como uma nova etapa começou. É um autêntico lance lascivo e mal posso esperar por começar a escrever o meu primeiro romance erótico. Agora que considero isso, preciso de trazer o meu laptop, para além de roupa. Farei isso amanhã, pois, apesar de estar à disposição de Adam – e não é estranho que nos tratemos pelo primeiro nome? –, a minha vida não pode girar à volta dele. Não, nem pensar. Nunca. Ao fim de um mês, partirei com o meu dinheiro e, espero, com um pouco da minha obra escrita. Acredito no meu sucesso.

Acredito que nasci para brilhar.

Esfrego as minhas coxas suavemente, os meus joelhos, os meus braços, os meus seios, a minha barriga. A água está ficando fria, e eu estendo um braço na direção de uma toalha, erguendo-me, enrolando-a no meu corpo. O sono começa a invadir-me, e eu enxugo-me, penteando-me. Esvazio a banheira e deixo a toalha na sua beirada, virando-me para me dirigir para o quarto. A luz do abajur no criado-mudo está acesa, e uma cama luxuosa chama por mim. Afasto os lençóis para trás e deito-me, soltando um gemido de satisfação. É, como ele disse, macio.

Apago a luz e cerro os olhos.

* * *

Acordo no meio da penumbra, sonolenta. A azulada luz ténue que entra pelo quarto diz-me que talvez sejam cinco horas da manhã, e eu viro-me, sentindo os lençóis suaves resvalarem na minha pele nua. Vagamente, começo a lembrar-me do que aconteceu, e a imagem de Adam a trepar-me por trás assola-me. Não sabemos nada um do outro, mas também não precisamos. Só vamos necessitar dos corpos um do outro, e nada mais. Quer dizer, talvez iniciemos um diálogo, mas nada profundo. Manter a distância emocional será fácil. Basta que me concentre no seu pau, e em mais nada. Se ele quer desfrutar da minha boceta e, quiçá, mais do que isso, eu também posso fazer o mesmo. Nada de passados. Nada de futuros. Só presente.

E até isso pode ser perigoso.

Ouço um barulho abafado e olho na direção da porta, vislumbrando uma silhueta alta. É Adam.

Ele entra no quarto sem dizer nada e para diante da cama, ao meu lado.

― Está acordada? ― ele pergunta, um pouco vacilante. De onde vem esta hesitação? Será este homem não tão autoconfiante assim? Será que aconteceu algo na cabeça dele depois da nossa foda? Raios, isso não devia sequer importar-me.

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