Fúria contida.

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POV AUTORA

-Mia, já disse mais de mil vezes, você precisa estudar, não estou mais para brincadeiras. Cansei de ser chamada no colégio por conta de suas desobediências e travessuras.

-Travessuras? Quem fala assim?! Pelo amor de Deus, mãe! Deixa de ser velha.- o rosto da prefeita de Forks ferveu em raiva. Mas que diabos! Essa menina gostava mesmo de enfrentá-la.

A prefeita espalmou as mãos em cima da mesa de seu escritório, e olhou fixamente para a garota, que no momento se encolheu.

-Você me respeita, garota! Pensa que é quem?! Dou tudo do bom e do melhor pra você, o mínimo que espero em troca é uma boa conduta, uma boa educação, e bom desempenho escolar!- a jovem arregalou levemente os olhos.- Esse ano, é a última chance que darei a você! Ou vai bem no colégio, ou será mandada para o internato na Suíça.

-Mas... mamãe...- a garota protestou e cruzou os braços, como era acostumada, porém, dessa vez, os olhos do cachorrinho não adiantariam muito, ela conseguiu enfurecer a mãe, pena que se deu conta disso tarde demais.

-Sem ''mas'', nem meio ''mas''. Cansei! Quer ser uma adolescente problemática?! Ótimo! Vou tratá-la como tal.- endireitou a postura, e jogou os fios de cabelo para trás.- Nem estamos na primeira semana de aula, e já fui chamada na escola. Acha que isso pega bem para a minha imagem?!- o silêncio pairou no ambiente, e isso deixou a mais velha ainda mais irritada.- Quando eu perguntar algo, mesmo que retoricamente, espero de você uma resposta.- disse entredentes.

O olhar das duas se encontrou, e por breves segundos, a prefeita desejou amolecer, mas não faria isso. Mia precisava de limites.

-Me desculpa.- a mais nova disse segurando o choro.

-Regina...- uma voz soou no canto do escritório, só então Regina se lembrou da presença do marido.

Daniel observou toda a movimentação em silêncio, sabia que quando Regina e Mia se enroscavam em alguma discussão deveria se manter distante, ou sobraria pra ele. Porém, em sua opinião, a esposa estava pegando pesado demais com a filha. Olhou atentamente a esposa, mesmo que não fosse hora pra isso, se perguntou como podia amá-la tanto. Ela era sem dúvida a mulher mais linda que já viu. Tinha cabelos chanel na cor preta, sempre bem penteados e cortados, os olhos cor de mel, tão lindos, corpo curvilíneo, a esposa não se descuidava nunca da aparência, gostava muito de usar vestidos, geralmente com decotes que com certeza faziam seu ciúme falar mais alto, mas sabia, Regina repugnava esse sentimento. Aliás, repugnava qualquer sentimento. Ela não era adepta a afeto, amor, carinho... pelo menos não com ele, apenas com Mia.

Observou o terninho que a esposa usava, estava linda, como sempre. Em seguida, direcionou seu olhar para a filha, Mia estava se tornando uma cópia fiel de Regina, mesmo tendo sido adotada, elas eram iguais na aparência, e para Daniel, no gênio forte também, a única coisa diferente, eram os olhos, os de Mia eram azuis.

-Daniel...- Regina alertou enquanto levantava a sobrancelha, gesto típico dela quando usava um tom de aviso.

-Meu amor, creio que esteja pegando pesado demais com a Mia. Ela agiu errado respondendo a professora, mas não fará isso novamente, não é mesmo, Mia?!- a filha olhou de forma aliviada pro pai, e afirmou.

-Ah Daniel! Pelo amor de Deus, você sempre tenta aliviar as coisas pra ela! Como Mia irá crescer e ter responsabilidade se o papaizinho dela sempre tenta aliviar tudo?!- disse olhando de forma sisuda para o marido.

-Não estou aliviando nada, meu amor.- disse de forma tranquila.- Só acho que não precisa de todo esse desgaste, foi algo pequeno.- novamente o olhar enfurecido da mulher fez Daniel tremer. Estava cutucando onça com vara curta, sabia disso.

-Ouvir que sua filha é uma menina de pouca educação é algo pequeno? Ouvir que sua filha responde uma das melhores professoras de Forks é algo pequeno? E o pior, ouvir que ela matou as últimas aulas, nos três primeiros dias, é algo pequeno?- Mia arregalou os olhos, não esperava que a mãe soubesse sobre as aulas.

-Mia, você andou matando aula?- Daniel segurou a filha pelos ombros, e a encarou.

-É...

-Não minta!- disse rígido.

-E-eu... eu matei aula.- suas bochechas coraram, odiava quando era pega no flagra.- Mas juro, só matei porque quis assistir uma apresentação de dança.

-Agora mais essa... já não basta essa sua obsessão por modelos, não?!- Regina disse levando as mãos na cintura, e olhando fixamente a filha.

-Você não entende...

-Não entendo e não faço questão de entender. Você precisa se dedicar aos estudos, e isso não está em pauta para discussão.- novamente bateu as mãos na mesa, e levou o óculos de grau entre os cabelos.

-Quer saber?! Eu te odeio!

-Pois me odeie do seu quarto Mia Mills Colter!- a adolescente passou pelo pai feito um furacão, bateu a porta sem pensar, e então novamente o silêncio pairou no escritório.

-Regina...- Daniel começou, porém Regina ergueu a mão pedindo que ele parasse.

-Nunca mais me desautorize dessa forma na frente de nossa filha.- o banqueiro fez uma expressão confusa.

-Não desautorizei você, só achei que pegou pesado com a garota.

-Peguei pesado?! Chamar a professora dela de Vaca arrogante, é o que?!- Daniel arregalou levemente os olhos, não tinha ideia que Regina diria exatamente o que a filha disse. A esposa odiava esse tipo de palavreado, então tinha uma leve ideia da fúria em que ela se encontrava.

-Ok! Mia agiu errado, mas tratá-la dessa forma...

-Você é sensível demais, Daniel! Estou dando educação para a Mia, quero que ela tenha juízo, vire alguém na vida. Ela não pode ficar conhecida como a filha da prefeita mal criada.- Regina encarou seu marido, ele estava com os cabelos molhados pelo recente banho, usava um terno perfeitamente alinhado no rosto, e tinha a expressão séria. Regina sabia que tinha sorte por ser casada com um homem tão bom como ele, porém sabia que no caso dele, o nome era outro, azar. Daniel tinha azar por tê-la como esposa.

-Você vai perder a Mia exatamente como sua mãe te perdeu.- Daniel falou de forma impensada, sabia como doía em Regina ouvir coisas do tipo em relação a Cora.

-Está me comparando a Cora?!- Pronto! Daniel agora tinha certeza, a tempestade estava formada sob ele.

-Regina, não distorça minhas palavras...

-Não estou distorcendo nada, Daniel! É o que é! Provavelmente me acha uma péssima mãe para Mia, pois saiba que faço meu melhor. Quero que essa garota se torne alguém na vida. Ficar cabulando aulas, respondendo com grosserias para os professores não dá futuro a ninguém. E bom, se o preço que eu pago é ser taxada de chata, e você ser taxado de super pai, de pai compreensível, saiba que estou disposta a pagar.- Regina olhou Daniel nos olhos, quebrou o contato, pegou a bolsa, jogou em seu ombro esquerdo, e começou a caminhar para fora do escritório, até Daniel dizer:

-Você realmente está sendo uma péssima mãe e esposa, Regina.- falou com mágoa na voz.

-Você sabia que eu seria exatamente assim quando se casou comigo, Daniel. Oito anos de casados e você espera que eu mude agora?! Se me acha tão péssima assim, peça o divórcio, garanto que assino os papéis sem pedir nada de você. Agora, se me der licença, preciso trabalhar.

-Sempre o trabalho, não é mesmo?!

-Sabe Daniel, Cora teve muitos defeitos, mas uma qualidade que ela teve foi me ensinar que meu trabalho não vai me acordar de madrugada e dizer que não me ama mais. Então sim, sempre o trabalho.- e dizendo isso a prefeita saiu.

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