8. Say Something.

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— Existe uma coisa… Uma coisa que me faria descumprir com meus deveres. — Lorenzo sussurrou. — Você. 

Meu coração errou uma batida, meu corpo todo tremendo ao ouvir suas palavras, uma simples e direta declaração que destruiu todo meu controle. 

— Então, se você sabe o quanto a Camorra significa para mim, se você sabe o quanto eu sou leal… Não se aproxime. Não me ajude a cair em tentação. — Lorenzo segurou meu rosto entre suas mãos quentes e encostou nossas testas. — Finja que não sente nada, finja que eu não sou nada para você. Se você sente algo por mim, se você se importa comigo, me ajude a resistir a isso, Jen. Porque se eu perder a Camorra, se eu decepcionar meu pai… Eu morro. Eu morro, Jen. 

Era egoísta ter um grande não na ponta da língua, mas a negação não saiu. Não quando ele estava tremendo contra mim, chorando e implorando para que eu o ajudasse a resistir a tentação. Estávamos queimando desde o início, mas virariamos cinzas se continuassemos com aquilo. Eu não me importava de queimar, mas não queria que ele queimasse junto. Sua dor me destruiria. 

— Eu vou. Eu vou fingir que… — Um soluço partiu minhas palavras. Que eu não amo você. Que eu não desejo estar com você a cada segundo do meu dia. — Apenas fique bem, ok? Eu posso lidar com o resto. 

Lorenzo traçou o caminho das minhas lágrimas com os lábios, sua boca quente contra meu rosto, das bochechas até meus lábios. Estávamos fodidos. Tão, tão fodidos. Porque no momento em que ele me beijou, eu retribuí com fervor. Porque mesmo que fosse errado, mesmo que fosse nos queimar até virarmos cinzas, eu estava completamente apaixonada por ele. Aos cinco anos quando ele disse que se casaria comigo, eu fantasiei inocentemente nosso casamento perfeito, com um lindo vestido e gente por toda parte. Pensei que isso passaria, mas aos dezessete, eu ainda o amava. Seus lábios macios contra os meus era uma versão terrena do paraíso. Mereciamos o inferno por aquele beijo, por aquela paixão desenfreada que primos não deveriam sentir… Mas ao beija-lo, eu me sentia no céu. A língua de Lorenzo deslizou contra a minha, inicialmente gentil, mas depois assumiu um ritmo intenso, quase desesperado. O gosto de nossas lágrimas marcando aquilo que eu sabia ser uma despedida. Era como se dissessemos sem palavras: eu te amo, mas eu não posso ficar com você. 

— Se afaste de mim… — Ele sussurrou contra meus lábios. — Porque eu não tenho mais forças para me afastar de você. 

— Eu vou. — Prometi com um soluço quebrado. — Eu vou. 

Porque no final das contas, eu sempre colocaria Lorenzo em primeiro lugar. 

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Eu queria voltar para New York, mas não fazia sentido algum. Já havia me matriculado na escola e trocar agora me faria perder o ano. Fora que papai e mamãe achariam estranho minha mudança de volta, ficando apenas duas semanas em Las Vegas. Por fim, voltei a minha rotina diária, indo para escola e sentando-me com Luca, ignorando Lorenzo totalmente, mesmo que sempre quisesse falar com ele. Havíamos sido amigos por anos, mas agora mal podíamos nos olhar. As semanas se passaram horrivelmente. A escola era ótima desde que eu estivesse dentro da sala, porque do lado de fora, durante o intervalo e as aulas de recreação, eu sentia vontade de morrer. A convivência com Luca e seus amigos ficou insustentável quando eles começaram a ser abertamente racistas com Thalys, que me cumprimentou em libras ao passar por nossa mesa. Eu podia ver a expressão de desconforto no rosto de Luca, mas ele não disse uma só palavra. Eu também não, apenas me levantei com um olhar de profunda decepção em direção ao meu primo e saí do mesa. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now