CAPÍTULO 8

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07 de março de 1998.

Passei a semana toda tentando convencer os pais de Sofia a deixá-la passar este fim de semana comigo já que não poderei ir para Campinas devido a um trabalho que tenho que fazer hoje na faculdade, e como o aniversário dela é na terça, também não poderei comparecer. Então este foi o melhor jeito que encontrei para comemorar seu dia especial mesmo que seja antecipado.

Assim que lhe avisto descendo as escadas do ônibus com a cabeça baixa, meu coração se acelera. Por causa de nossa distância, agora sempre que nos encontramos parece que não nos vemos a séculos de tanta saudade que sinto da época em que nos víamos todos os dias.

Quando nossos olhares se cruzam, ela sorri e o tempo parece parar. Vou ao seu encontro e lhe abraço apertado tirando seus pés do chão. Como é bom sentir o calor do seu corpo e de seu cheiro adocicado.

Sofia reclama que eu estou lhe sufocando, mas se eu pudesse não a soltaria nunca mais. Dou um beijo demorado em sua testa, já que infelizmente não tenho permissão para beijar sua boca.

Pergunto se ela tem uma jaqueta na mochila, pois como o tempo está nublado e iremos de moto, ela pode acabar sentindo frio. Ela não sabe ainda que tenho uma moto, então mal posso esperar para ver sua reação ao descobrir que vai subir em uma hoje pela primeira vez.

Sofia sempre se mostrou medrosa a tudo que parece ser radical, por isso nunca cheguei a lhe contar que ganhei uma motocicleta de meu pai para não ter que preocupá-la.

Pego em sua mão e seguimos para fora da rodoviária até onde deixei minha moto estacionada.

— O que é isso? — ela pergunta confusa ao encarar meu brinquedo de duas rodas.

— Uma Yamaha V-MAX 1200. Não é linda? — digo empolgado admirando mais uma vez minha motoca preta.

— É, mas, por que eu não fiquei sabendo dela antes?

— Porque quis fazer surpresa. — respondo simplesmente dando de ombros.

— David, se você for com essa coisa à Campinas, eu te mato. — ela me ameaça.

— O que tem de mais se eu for nela? — me aproximo da moto e a acaricio. — E não a chame assim, vai ofendê-la. — faço biquinho e ela sorri com meu falso drama.

— Não seja idiota. E não quero morrer de preocupação cada vez que for a Campinas nisso. É perigoso.

— Bom, eu não quero discutir com você. Vai por a jaqueta ou não?

— Vou. E não comece a brigar comigo, ou então vou embora. — ela coloca a mochila no chão, abre o zíper e pega sua jaqueta. Enquanto ela veste a peça eu não posso deixar de reparar que seu corpo vem evoluindo desde que voltei para São Paulo. Sofia não é mais aquela garotinha da qual eu tinha medo de expor meus sentimentos por ela ser muito nova. Agora ela tem curvas e eu vou ter que me controlar em dobro para não por tudo a perder com ela já que sou apenas seu melhor amigo e passarei o resto da vida chupando dedo por não tê-la como eu realmente queria ter.

— Quer parar de ficar me olhando. — ela diz incomodada com as mãos na cintura.

— Não posso fazer nada se você é irresistível. — pisco um olho para ela com um sorrisinho maroto.

Penso que talvez se eu for um pouco como o Luigi, agora que Sofia não é mais criança ela comece a perceber meus reais sentimentos. Mas será que se eu tivesse uma chance com ela, conseguiria manter em segredo minha culpa por já ter transado com sua tia mais de uma vez nos meus momentos de carência?

Enfim coloco o capacete em sua cabeça e não posso deixar de notar o quanto ela fica linda assim. Meus pensamentos são tão altos que acabo lhe dizendo isso sem perceber. Sofia sorri sem jeito e do nada sua expressão fica apreensiva.

Profundo (DEGUSTAÇÃO)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin