- Aviso: o capitulo a seguir tem menção a uma crise de depressão e menção ao suicídio, caso não se sentir a vontade não leia!
"Quero morrer!" essa frase ecoa na minha cabeça como um martelo gigante, eu quero que essa voz saia daqui eu simplesmente não aguento mais isso!
— [Nome] levanta. - minha mãe abriu a porta do quarto, mas eu não conseguia distinguir exatamente a claridade que invadia o recinto mas me levantei mesmo assim, hoje era sábado então seria o momento que minha mãe passaria o final de semana fora a trabalho, como sempre — Eu vou sair e volto apenas na segunda. Termine suas tarefas e não deixe a correspondência do lado de fora.
— Sim senhora. - minha voz saía inaudível mas não era como se ela se importasse com o que eu sentia, apenas acenou com a cabeça e saiu do quarto com sua pequena mala e logo pude ouvir o barulho do carro se distanciando aos poucos
Eu não queria sair dali mas era necessário, eu sentia meu corpo completamente pesado a tal ponto que doia demais caminhar, no banheiro eu quis chorar ali mesmo, eu estava péssima! Eu sentia nojo e repulsa de mim mesma, mas apenas joguei uma água no rosto e sai dali, não queria vomitar por ver meu reflexo no espelho
Quando adentrei a cozinha, o cheiro do café me deixa com o estômago embrulhado, não sentia vontade alguma de comer nada, na minha boca só existia o gosto amargo e a vontade súbita de desaparecer dessa vida e de muitas outras
— Não aguento mais isso. - suspirei profundo enquanto me dirigia até a pia, a louça estava limpa principalmente uma das facas grandes que a minha mãe gostava de colecionar
Era isso, eu acabaria com aquilo naquele instante, sem me despedir de ninguém, afinal ninguém sentiria minha falta mesmo!
A faca estava ali sobre meu pulso direito, um corte e estava tudo resolvido, até que meu celular tocou freneticamente como se fosse um timming me fazendo raciocinar direito, assim que abri a tela senti o corpo relaxar, era Kuroo me ligando
Eu apenas atendi a chamada fungando forte, enquanto me escorava na parede, me arrastando até o chão
— Chibi-chan! Como está querida? - sua voz foi murchando ao longo da frase enquanto ouvia meus soluços e fungadas fortes — O que aconteceu pequena? Você está bem?
Eu não conseguia falar, aquilo só doía ainda mais, meu corpo pesa demais eu apenas queria ele aqui comigo, eu estava tão sozinha e sem esperança
— Fique calma, eu estou indo pra sua casa! Continue na linha comigo ok? - Kuroo disse agitado enquanto ouvia alguns barulhos de peças caindo no chão
— Ok. - nem eu sei como eu consegui responder alguma coisa, meu peito e minha cabeça latejavam de dor, aquilo era demais pra mim mas eu precisa continuar ali respirando
Alguns minutos se passaram ate que ouvi batidas frenéticas na porta, mesmo com muita dor consegui me levantar e me arrastar ate a porta, dando de cara com Kuroo vestindo uma calça moletom e uma camisa branca e sua mochila nas costas
Eu deveria estar com o rosto todo inchado e vermelho mas ele não parecia ligar, seu olhar estava tão triste, aquilo me doía também. Kuroo apenas largou a mochila e estendeu os braços, me fazendo desabar em lagrimas em seu peitoral
Kuroo se permaneceu em silêncio, afagando minhas costas num sinal de carinho enquanto sentia seu queixo apoiado em minha cabeça, pela primeira vez eu me sentia acolhida por alguém sem ter medo de perdê-la
— Se sente mais calma? - Kuroo segurou meu rosto com cuidado, seus olhos percorriam todo o meu rosto, eu com certeza estava com uma bela cara inchada e vermelha mas eu nao me importava com aquilo
Eu apenas acenei com a cabeça enquanto voltava a abraçá-lo, Kuroo parecia nem se importar com o estado que eu me encontrava e apenas passeou seus braços sobre meu corpo, me fazendo inalar um pouco do seu perfume, seu contato era bom, o modo como ele me tratava era, Kuroo era bom pra mim
Ficamos um tempo naquela posição até que eu me sentisse mais calma e relaxada, mesmo em silêncio ele me acompanhou até o sofá aonde se sentou e me deu espaço para que eu deitasse a minha cabeça em sua coxa
Logo senti os dedos de Kuroo se emaranharem no meu cabelo, fazendo breves carinhos, fazia tanto tempo que eu não sentia um carinho vindo de boa vontade de alguém, sempre era eu que me doava, sempre eu que dava tudo de mim pra que a pessoa não fosse embora. Eu sempre doava meu eu por completo sempre sem receber nada em troca, aquilo sempre me machucou muito
Agora ele estava aqui, me doando um pouco do seu carinho, do seu cuidado. Pela primeira vez eu me senti amada de verdade por alguém
— Eu posso chamar o Kenma pra vir aqui também? - Kuroo resmungou baixo enquanto eu virava meu rosto para ele, sua feição ainda era de preocupação e cuidado
— Claro. - respondi baixo enquanto acenava com a cabeça o vendo sorrir mais aliviado com a minha recuperação e sacou o celular do bolso mandando uma mensagem para o meio loiro enquanto eu voltava a sentir seu carinho, me fazendo suspirar aliviada
Mais alguns minutos se passaram e Kenma havia chegado com uma sacola de comida e sua mochila, dando a entender que passariam o dia comigo, mesmo não um adepto a demonstrações de carinho ele me abraçou forte, sussurrando que tudo ficaria bem, me senti ainda mais leve como se o peso que me afligia naquela manhã sumiu completamente
Pela primeira vez eu não estava passando por aquilo sozinha, eu me sentia em casa, eu tinha uma família agora
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- Para quem leu espero de verdade que não tenha aberto nenhum gatilho em vocês, eu apenas contei de algo que não aconteceu só comigo mas com muitas pessoas que eu amo :(
- Depressão é uma doença que precisa de cuidado psicológico e muito apoio das pessoas, se você conhece alguém que constantemente fala sobre não querer viver por favor, converse com cuidado e carinho com ela. Muitas vezes ela não tem o apoio de ninguém, nem mesmo de sua família
