Capítulo 07 - Manuela

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De frente para o espelho, analiso minha roupa para o coquetel de lançamento do novo condomínio da construtora Alcântara e Castro, empolgadérrima com Rolling in the Deep da Adele ao fundo. Cheguei de viagem ontem tarde da noite. Estou cansada, mas jamais faltaria ao evento. Sinto falta dos amigos.

Escolhi um vestido de crepe evasê na cor marfim, um pouco abaixo dos joelhos para dar uma alongada na pessoa que não é muito dotada de altura. O corpete transpassado até a cintura é simples, mas elegante. O charme ficou no decote que vai até o meio das costas, nada muito sexy, mas, para uma noite de verão no Rio, é uma boa opção. Nos pés, uma sandália dourada de salto altíssimo com tiras transpassadas na frente e fechada atrás com um laço. Brincos de ouro adornados com pérola e uma pulseira delicada de ouro compõem meu visual. Nos olhos, lápis e rímel; na boca, um gloss e cabelos soltos. Viro-me para ver se há algo destoando. Nada de ser "cheguei".

— Lembre-se, gata, "menos é mais"! – pisco para a minha imagem no espelho e sorrio. Doida de pedra! O interfone toca, tirando-me do devaneio modal.

— Sim?

— Boa noite, dona Manuela. Há um senhor chamado Bernardo Franz aguardando a senhora na portaria.

— Obrigada, seu Ricardo. Diga-lhe que já estou descendo.

Para finalizar, passo o perfume e alcanço minha clutch azul-cobalto chiquérrima. Volto ao espelho para uma última conferida e falo para mim mesma:

— Manu, hoje estamos pegáveis, comestíveis e doidas da cabeça. Prontas para a camisa de força – balanço a cabeça. — Gentem! Tenho que parar de falar comigo mesma. Isso é loucura. Sou uma executiva, uma séria mulher de negócios. Tenho que parar de fazer papel de maluca. Então, bora dar uns "pegas" no alemão.

Desço rindo por estar cada vez mais fora da casinha. Chegando à portaria, encontro um homem lindo de terno slim grafite e camisa branca esperando-me. Bernhardt Franz é um engenheiro de Berlim e está no Brasil há um ano. Ele é um pedaço de mal caminho! Tem mais ou menos um metro e oitenta de altura, porte de gente grande e deliciosamente cheiroso. Seu cabelo é loiro claríssimo, cortado até os ombros e seus olhos são de um tom diferente de verde. Se a natureza foi generosa com ele em todas as partes do corpo assim como foi com os seus pés, teremos uma ótima noite. Se é que me entendem.

— Boa noite, Franz – cumprimento ao me aproximar.

Ele beija meu rosto.

— Você conseguiu ficar mais linda do que já é – o beijo do outro lado rosto é mais demorado, e ele fala perto do meu ouvido: — Estava com saudades de você.

É hoje que caio em tentação!

— Eu também, bonitão. Vamos?

Ele coloca sua mão nas minhas costas e leva-me até o carro, abrindo a porta para que eu entre. Com o meu melhor olhar de gata assanhada, agradeço-o:

Vielen dank – eu não sei falar alemão. Aprendi o "obrigada" somente para agradar o gostosão.

Chegando ao local do evento, fico cada vez mais apreensiva. Não sei o porquê, afinal, estou em casa com amigos que amo e com o Rodrigo... que também é meu amigo, não é? Que também amo... como amigo, é claro. Que desejo... Ah, sim, eu desejo aquele corpo...

Concentre-se, mulher!

Bia apresenta-me seu acompanhante ainda na entrada. A menina agarrou seu professor de inglês que se chama Marcos. Apresento-os a Franz e logo entramos para nos juntarmos à comemoração. Cumprimento alguns conhecidos e os funcionários da construtora, até ver Arthur vindo em minha direção com os braços abertos. Já falei que ele é gostosão? Pois é, ele é! E a tiracolo vem uma... uma... Estou tentando achar uma definição cabível... Sim! Uma Barbie loira, esguia, artificial...

Dono de Mim (Trilogia Dono de mim - Livro 01) DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora