CAPÍTULO 8 - GAEL

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  A raiva ainda está aqui, porém anestesiada, dando lugar para um sentimento desorientado, mas consistente

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  A raiva ainda está aqui, porém anestesiada, dando lugar para um sentimento desorientado, mas consistente. A noite de ontem entre e Luma e eu, não foi só sexo e ao contrário do que determinei no calor da nossa discussão, não separei razão da emoção me deixando envolver.

Sou um excelente estrategista. Sempre cuido de tudo criteriosamente manipulando resultados, defendo meus interesses e coisas que julgo serem importantes na minha vida, porém apresento certa tendências de desafiar meus limites constantemente. Muitas vezes faço por adrenalidade, outras vezes no calor e paixão do momento, no entanto com a Luma é difícil determinar minhas motivações, como se desse vez, o controle fugisse das minhas mãos. Minha estratégia ficou de lado, meu critérios estavam errados, e os resultados antes certos, agora são indefinidos. Coloquei minhas próprias regras em jogo e estou na linha de um limite que desconheço.

De soslaio, vigio cada movimento, reação e palavra dita por ela. Envolvido em seus carinhos e em seu corpo, fui totalmente imprudente, agora preciso me manter atento, afinal quem é Luma Nogueira de verdade?

— Não sou uma puta, como dizem por ai. O dinheiro que seu irmão me deu foi para me ajudar. Não rolou e nem vai rolar nada entre nós. – Muda de assunto, respondendo minha pergunta não feita.

— Gilvan, ajudando? – Curioso, incentivo que fale mais. Com bons argumentos, talvez ela me convença de que realmente estive errado todo esse tempo.

— É... se você está surpreso, imagina eu. – Ela me olha, ajeita a alça da bolsa e tira o celular de dentro dela. — Enfim, ele salvou minha pele.

— Só toma cuidado. – Aviso. Conheço meu irmão e suas ações quase sempre tem segundas, e perigosas, intensões.

— Vocês Arantes são muito misteriosos.

Começo a rir, pois sua voz é séria e ao mesmo tempo com um fundo de deboche.

— Satisfaça sua curiosidade, então. O preço é um segredo por outro segredo. – Intercalo minha atenção entre ela e a estrada.

É hora de traçar novas estrategias. Se isso puder acalmar um pouco a tonelada de coisas que rodam na minha cabeça.

— Justo, mas eu começo. – Diz em tom desafiador. — Quer estabelecer algum limite? – Brinca erguendo a sobrancelha. — Que tal responder vermelho quando não quiser falar. Mas só pode usar uma vez.

— Ok.– Concordo meneando a cabeça, com a minha atenção totalmente no asfalto e nos carros a minha volta. Minha mente em alerta para o jogo.

— Qual é o problema entre você e seu pai?

Aperto com mais força o volante, acelero para cortar um carro, enquanto listo em minha cabeça os milhares de motivos. Eu precisava selecionar e formular uma resposta curta e direta que pudesse revelar somente o necessário, e ao mesmo tempo satisfazê-la.

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