Epílogo

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Janeiro de 2020

  — Uhum. — Andrea murmurrou, fazendo o possível para manter o celular entre o ombro e a orelha até terminar de enxugar as mãos. — Entendi.

Deixou o banheiro, já segurando-o como deve ser, deparando-se com a mãe, as mãos plantadas na cintura e o cenho franzido enquanto fitava a mala de mão aberta sobre a cama.

Dona Eulália intensificou a careta — evidentemente de desaprovação — quando notou sua presença no quarto.

    — Ah! — Elizabeth exclamou do outro lado da linha, capturando de volta a atenção da afilhada. — Não se esqueça que precisa passar aqui antes.

    — Ok, está bem. — mordiscou o lábio inferior e se escorrou no guarda roupa, observando a mãe, a curiosidade se aflorando devido à sua caranca azeda e clara impaciência, à espera que a chamada chegasse ao fim.

    — Certo, até logo.

    — Até.

    — Por favor, me diga que você não vai levar isso de roupa. — a mais velha disse, mal ela se despediu, apontando para a sua pequena bagagem.

    — Não me parece uma boa mentir para a senhora. — ironizou, guardando o celular no bolso traseiro das calças.

Eulália estreitou os olhos para ela, reprovando a sua resposta.

    — Ok, mãe. — suspirou. — Qual o problema com as minhas roupas?

    — Mas como assim qual é problema com as suas roupas? — o seu tom era de pura indignação. — Pelas barbas do profeta, Andrea, tenha dó!

    — Mãe... — começou, coçando a testa, e soltou uma risada divertida. — Não se esqueça que estou viajando a trabalho, e não indo passar férias.

    — E daí? — cruzou os braços. — Nem por isso deve levar duas mudas de roupa, todas elas sem graça. Não que eu esteja questionando seus gostos nem nada do tipo, até porque não sou nenhuma expert no que diz respeito a moda, mas você poderia ao menos dar um up, não? Já que vai encontrar sua namorada e...

    — Maya não é minha nam... — deteve-se quando notou o levantar de sobrancelha da mais velha. Respirou fundo, passando uma mão pelo rosto. — Enfim, dona Eulália, Zamir me conheceu assim, se apaixonou por mim exatamente desse jeitinho, portanto, acho que minhas roupas devem ser a menor das preocupações.

Quando ela fez menção de protestar, roubou-lhe a palavra, concluindo:

    — Além disso, eu não estou levando apenas duas mudas de roupa.

    — Mesmo que sejam trinta, Andrea, falta brilho! — insistiu, quase grunhindo. — Pelo menos alguma coisinha que não pareça que você está indo para o enterro de alguém. Por favor. — juntou as mãos em súplica.

    — E nem que me faça parecer um globo de espelhos ambulante. — retorquiu, revirando os olhos. — A resposta é não! Nem sei por que insiste tanto se já sabe q...

O barulho do seu celular, interrompeu sua fala, anunciando a entrada de uma nova mensagem, e logo seus olhos estavam atentos ao ecrã.

    — Acho que a minha carona chegou. — disse, caminhando até a janela para confirmar se LeAnn já estava ali.

Dona Eulália, portanto, obstinada por natureza, não estava nada disposta a deixar que a sua filha comparecesse a um possível jantar com a namorada, de botas, jaqueta de couro e jeans, pelo que puxou o primeiro vestido com que se deparou no guarda roupas aberto, a seguir enfiando-o na sua mala.

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