4 - Young and Beautiful

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Faltava pouco para o grande dia, agora. O dia que papai e Amanda diriam sim e eu oficialmente ganharia uma segunda mãe.

A animação que pairava sobre a casa era quase palpável. Depois que papai teve mais uma longa conversa comigo, eu não pude evitar mas ficar ainda mais ansiosa pelo momento de formar esta nova família.


Naquele fim de tarde, cheguei em casa de carona com a dona Filipa. Uma senhorinha italiana, que morava na casa ao lado e, às vezes, fazia o favor de passar na escola no trajeto de volta de sua loja de flores e me trazer de carro com ela.


Papai e Amanda tinham muito a resolver ultimamente.

Parece que alguns documentos dela estavam atrasados e precisavam ser entregues antes do casamento.


Dona Filipa, sempre solícita, dirigia muito contente e tagarelava sem parar para repirar. Quanto fôlego.


- Sarah, querida, se quiser que te busque na escola amanhã, é só me dar um gritinho pelo muro e me avisar que voltará comigo, bambina. Michael anda muito atarefado e não me importo nem um pouco de cuidar da bambina dele quantas vezes precisar.


- Muito obrigada, Dona Filipa. - agradeci educada, sabendo que a senhorinha não perderia a chance de estar por dentro dos assuntos de papai mesmo que tivesse que fechar a loja trinta minutos mais cedo toda tarde se fosse me buscar na escola.


Saber valia mais do que dinheiro para ela.


Saí do carro modelo antigo, mas inteiro, e debrucei-me na janela do passageiro.

- Obrigada pela carona. Se precisar de novo, nós avisamos. Até mais!

Me afastei com um aceno já empurrando o portão de ferro e correndo pelo caminho de pedrinhas que levava até a entrada da varanda.


Estanquei à dois metros da varanda.

Meus sapatos de borracha deslizaram nas pedrinhas e quase voei de cara no chão.

- Droga! - amaldiçoei quando deixei cair todos os livros que carregava nos braços na tentativa de me equilibrar com alguma dignidade.

Quando me abaixei para recolher o material, notei a sombra que crescia acima da minha cabeça e a presença que havia me assustado no segundo anterior acabava de se aproximar de mim.


- Eu estou bem, não preciso de ajuda. - avisei, apressada juntando minhas coisas sem nem olhar para cima.


- E quem disse que eu ia te oferecer ajuda? - a voz arrastada e monótona me fez levantar a cabeça com um estalo no pescoço para encarar o dono de tanta gentileza.


Uma cara emburrada me encarava de cima. Olhos tão confusos quanto os meus. Lábios tão cerrados que pareciam não ter cor. Braços magros cruzados no peito. Um boné de algum time de baseball tentava cobrir uma cabeleira escura e embaraçada na altura do pescoço.


- Quanto mau humor... Ai! - reclamei num murmúrio enquanto levantava e massageava o pescoço dolorido de ter me virado rapidamente.

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⏰ Last updated: Sep 24, 2020 ⏰

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When I gave up my HeartWhere stories live. Discover now