3 - Don't forget about me

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Sabe quando o céu está claro e o sol brilha intensamente bem no meio daquele azul infinito? Iluminando todas as pessoas no parque e refletindo no metal exposto dos muitos brinquedos de playground onde dezenas de crianças se divertem para valer?


Sabe quando o vento fresquinho que, todo dia anuncia o sol começando a se pôr, muda de repente? E os cabelos começam a sacudir desenfreadamente e a grudar no suor do rosto e os vestidinhos sobem, os bonés voam e as mães correm para recolher os brinquedos e toalhas porque no fundo sabem que não falta muito para uma chuva de verão poderosa cair?

Os pais buzinam os carros para se apressarem, e os que moram mais perto apalpam os bolso das calças catando as chaves de casa, para entrarem com a família o mais rápido possível antes da tempestade, que agora se forma no céu que apenas um minuto atrás ainda estava clarinho, tocar o chão.


Sabe todo esse prenúncio antes do dia perfeito virar uma confusão de pessoas se protegendo do aguaceiro que vem varrendo tudo pelo caminho? Sabe?


Então, sempre achei que assim era a morte. Um dia perfeito que repentinamente torna-se tempestuoso.


Sempre acreditei em prenúncios, avisos, recados e sinais. Afinal, foi assim que meu avô e minha avó, velhinhos já, haviam partido.

Meses de visitas ao médico, tratamentos, farmácias e estantes lotadas de remédios, um comprimido para cada hora, cada refeição... telefones de emergência, ambulâncias indo e vindo. Até que, finalmente, um dia eles se foram. Foram em uma ambulância para o hospital e não voltaram mais. 

Vovô primeiro. Vovó um mês e meio depois.


Lembro-me da família chorando silenciosamente no dia do enterro. Alguns abraçados e alguns distribuindo tapinhas nos ombros pela sala. Todos tristes. Porém, todos conformados.


Está bem.

Entendi como funcionava a morte.


Então um belo dia, estava brincando no mesmo parque de sempre. Perto de casa o bastante para mamãe chamar meu nome pela janela e eu voltar para dentro. Perto o suficiente para papai correr e juntar meus brinquedos caso a chuva de verão começasse a se anunciar lá no alto.


Diferente de todas as outras vezes, naquele dia ninguém percebeu a tempestade se formar.

When I gave up my HeartWhere stories live. Discover now