Capitulo 4

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Aviso:

O livro será postado até ao final, como os meus outros dois anteriores!
Só faltarei a esta promessa, se existir uma proposta milionária, o que me parece impossivel, por que nenhuma editora tem dinheiro para pagar a uma escritora como eu, que até sou reconhecida em Marte e arredores (antes que crucifiquem a minha modéstia, é brincadeira).

Beijinhos Gordos....divirtam-se.

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A meio da viagem um ataque de pânico veio sem que eu pudesse controlar, à medida que as cordas que me prendiam se tornavam mais apertadas, gritei como se me estivessem a esfaquear, a matar fisicamente…

Sabia que existiam dois carros, ouvi as vozes no meio dos meus gritos a saírem de um rádio. O meu carro parou, portas mais uma vez abertas, mas nenhuma porta significava a minha liberdade…portas ou janelas, não havia maneira de me salvar…não existia nenhuma racionalidade em mim, apenas um histerismo.

Senti o cheiro dele quando a porta abriu. Debruçou-se sobre mim.

- Se tu voltas a fazer um barulho, corto-te a merda da língua! – a sua voz era calma, baixa e de uma frieza que me fez gelar.

O conforto que eu senti quando ele me pegou ao colo deu-me alento para algo…nem sei bem para quê…ele afastou-se…

Não ficou o alento, o medo…apenas uma certa raiva.

- Mate-me já… - Consegui murmurar.

Ouvi uma pequena gargalhada, uma mão cobriu o meu seio e apertou-o.

- E perdia a diversão? – apertou com mais força, apertei os dentes para não gritar. – Agora pouco barulho…tenho pouca paciência para vacas histéricas. – A porta fechou.

Senti-me mais suja com aquele toque, do que propriamente com o que estava em cima do meu corpo. Tinham urinado em cima de mim, tinha pó misturado com sangue, tinha-me quase afogado com o meu vómito, mas tinha sido aquele toque que me tinha feito sentir suja.

Pequenos eventos, têm grandes consequências…

O toque…vaca histérica…divertimento…revolta…

Apesar das dores do meu corpo, de ter ambos os membros presos, virei-me de barriga para cima, juntei toda a merda que me tinha acontecido, juntei tudo numa bola e usei como combustível, ergui as minhas pernas e comecei a bater com as os pés na porta do carro, tateei com os pés até chegar ao vidro…ajudou-me o facto de ter perdido um dos meus sapatos…bati e bati, gritei e ainda gritei mais.

A certa altura senti o vidro ceder e continuei a bater…bastava partir o vidro, bastava eu conseguir colocar a minha coxa enterrada num pedaço de vidro, bastava atingir a minha artéria a artéria femoral e em menos de cinco minutos tudo acaba.

As pernas começam a doer, paro de gritar para ter mais energia, preparo-me para investir novamente sobre o vidro quando o carro faz uma travagem brusca e eu caio para o chão…grito com o embate, sinto que todos os meus ossos acabaram de ser partidos.

Morte…Já assisti a muitas, mais do que aquelas que gostaria…perdes um doente e dói por que perdeste uma pessoa, o segundo dói um pouco menos, existe sempre aquele doente que um médico pensa “que a minha morte seja melhor que a dele”, mas um dia o doente deixa de ser pessoa, passa a ser um caso médico, para uns anos passados ser apenas a minha cirurgia número duzentos…não nos desumanizamos, aprendemos a lidar com o sofrimento, com as perdas, tornamo-nos menos permeáveis aos sentimentos, apenas por instinto de protecção.

Anjo de Pedra disponível até 31/12Onde as histórias ganham vida. Descobre agora