Capítulo 16

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Peço desculpa de não estar a responder a todos os comentários, mas o tempo disponível tem sido pouco.

Mas podem ter a certeza que leio todos.

Beijos a todas na vossa alma linda!

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As pernas falharam ao sair do carro. Azazel não me humilhou, não fez qualquer comentário, não houve nada da parte dele…. Pegou-me ao colo, levou-me para o quarto, deitou-me e deixou-me perdida em todos os acontecimentos.

Tami entrou logo de seguida, na mão um chá… sentou-se ao meu lado.

- Bebe! – sorri… ela sempre sorri.

- Não quero! Acho que se beber ou comer algo, tenho uma síncope.

- Tens o quê?

Abanei a cabeça e sentei-me! Levei a mão aos olhos, que ainda tinham os óculos, que por milagre ainda não tinham caído. Retirei-os e levantei-me.

- Preciso de pensar! – murmuro.

- Pensar em quê? – Tami pergunta meio desconfiada.

- Não sei. Só sei que preciso de pensar e mexer!

Andei à volta do quarto, vezes sem conta! Fui contando os que passos que dava… Pensei em apenas dar cem, mas vieram os trezentos sem me lembrar dos duzentos, e a seguir os quatrocentos e nada de ficar mais cama. Tinha sido a forma encontrada para pensar, mas apenas conseguia fazer exactamente o contrário.

Cada passo, volta num quarto que se fechava sobre mim, só conseguia ver à minha volta sangue, uma faca a cortar a língua como se tivesse a cortar um pedaço de manteiga… Julius e o seu rosto cheio de sangue, já nem estavam nos meus pensamentos!

Apenas aquele homem… e as palavras de Azazel sobre o que acontecia quando as palavras de alguém o cansavam.

As minhas palavras cansavam-no, mas as minhas palavras eram a única forma de me manter sã, de me enganar. Quando as dizia, sentia-me mais forte, mais lutadora… sem elas apenas me restava a submissão, aceitar tudo e render-me.

A minha voz era tudo o que me restava… até o meu corpo me tinha traído de manhã.

Analisei todos os acontecimentos como se avaliasse um doente. Como se examinasse todos os seus exames laboratoriais, imagiológicos.

O meu corpo tinha cedido porque assim eu tinha querido! Porque pensei em Michael e porque…porque a certa altura o toque dele foi bom, fez-me viver outra realidade, admiti contra a minha vontade. Fez-me sentir menos invadida, menos violada.

Se eu fizesse o meu corpo não lhe responder, voltaria tudo ao início… esse não era o caminho!

Mas sem a voz para me equilibrar o que o corpo tinha de dar, eu era apenas o que nunca tinha sido na vida… a merda de um fantoche!

Voltei à ideia da morte.

- Já pensaste em tudo? – dei um salto para trás. – Foram os dez minutos da minha vida em que estar parado a olhar para alguém, me trouxe alguma diversão.

Azazel estava encostado à ombreira da porta do quarto da Lou. Pego nos óculos e devolvo-os, sem nunca o olhar.

- Podes ficar com eles? – inspira. – Estás bem?

Mordi o meu lábio para não lhe responder algo como: O que é que eu vou fazer com a merda de uns óculos de sol, quando tu nunca me deixas vê-lo? E quando deixas é por que me queres mostrar uma língua.

Anjo de Pedra disponível até 31/12Onde as histórias ganham vida. Descobre agora