Jogando contra si mesmo

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Minha mãe estava preparando o café e então não tive outra opção a não ser abrir a porta.

- O que você está fazendo na casa do Stefen?

- Como assim, casa do Stefen?

- Sim, ele estuda na minha escola, já vim aqui na casa dele fazer um trabalho.

- Ah, sim. Ele se mudou. Se é o rapaz que estou pensando, né. - menti, nervoso, com medo que minha mãe aparecesse.

- Nossa, que estranho. Jurava que ele ainda morava aqui.

- Não mais. - sorri.

- Posso entrar?

- Então, eu vou ter que ajudar minha mãe em algumas coisas, ela pode ficar brava.

- Ah, tudo bem então, até logo. - disse ela, me beijando.

Após Nove sair, encostei as costas na porta e respirei fundo, aliviado por ela ter ido embora e não ter visto minha mãe.

Minha mãe ao ver que estava assustado, me olhou, estranhando o uso da máscara.

- E essa máscara?

- Ah, estava ensaiando para o teatro.

- Mas as aulas vão começar amanhã.

- Pois é, e a professora já quer uma apresentação. A senhora acredita? - menti, sorrindo.

- Não, mas enfim, venha tomar o café.

Enquanto tomava o café, pensava em como seria na escola. Odiava a escola por dois motivos: bullyng e por ser nerd. Minha mãe exigia de mim as melhores notas, e a cada ano que passava, as coisas só pioravam.

Logo de manhã, Nove me mandou uma mensagem.

- Amor, você estuda em qual escola? (06:20)

- Estudava na outra cidade, agora tenho que ver isso. (06:25)

- Entendi. Seria ótimo você estudar aqui na minha escola. (06:26)

- Seria. (06:28)

Sinceramente, estava quase tendo um infarto, tinha que tomar muito cuidado para não dar nenhum furo. Tinha que trocar de roupa e voltar a ter o estilo do velho Stefen.

- Ué, mudou de roupa?

Cada vez que minha mãe fazia uma pergunta, uma dor vinha em meu corpo.

- Sim. Vou usar essas pra escola, e as outras para sair.

- Como você está esquisito. - disse ela, voltando para a cozinha.

Após arrumar o cabelo, peguei o ônibus e fui para a escola. Estava muito nervoso, mas não tinha outra opção a não ser enfrentar.

Minha sala era quase os mesmos alunos, o ensino onde aprova a todos, mesmo aqueles que são analfabetos, possibilitava que minhas velhas amizades que nunca foram tão fortes, continuassem vivas.

Na hora do intervalo, fui pegar a merenda que era "maravilhosa", um mingau que parecia uma cola de sapateiro. Após pegar uma fila do caraio, comi o mingau e fui escovar os dentes. Antes mesmo de chegar na pia, fui empurrado por um idiota que conhecia bem, era Lucas, o machão da escola.

- E aí, Stefen. Que saudades de você.

Se levantei um pouco atordoado.

- Como está Lucas?

- Muito bem. Posso ficar melhor se você me pagar o que deve.

- Como assim? - disse, olhando para seus "capangas".

As mensagens que não tive coragem de te enviar.Where stories live. Discover now