Capítulo 34

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O silêncio de Paulo estava me deixando sem ar.

Eu já nem por quanto tempo estamos em silêncio, eu não sabia o que falar e ele também.

- Você tá grávida? - sua voz soou em um sussurro depois de longos minutos silenciosos.

- Sim - respondi no mesmo tom de voz que ele - Eu descobri essa semana. Ainda estou no começo da gestação.

E mais uma vez tudo voltou a ficar silencioso demais.

O que está se passando na cabeça dele agora?

- Como você descobriu? - ele perguntou depois de alguns instantes.

- A dias que eu não me sentia bem, com todos os sintomas de uma possível gravidez. Fiz o exame e deu positivo - digo.

- Caralho... - o escuto resmungar - Eu não sei o que dizer, nem o que pensar, eu...

- Tudo bem - digo.

- Quantas semanas?

- Quatro - respondo.

E silêncio.

Arrisco dizer que o mesmo sentimento de irresponsabilidade e medo que sentir no instante em que eu soube que estava grávida, é o que Paulo está sentindo agora.

No momento a minha insegurança estava frívola, eu sentia minhas mãos cada vez mais gelada, e todo o meu corpo ficar tenso.

- Você tá' grávida, meu Deus, eu não consigo acreditar...isso é muito... - ele resmungou.

- Eu sei - o interrompo.

- Como você está?

- Com medo - confesso - Você sabe que não era algo que planejava para minha vida.

- Por quê você não me contou assim que soube? - questionou.

- Estou contando agora, não estou? - digo impaciente.

- E o que nós vamos fazer?

- Paulo eu sei que a nossa situações é complicada. Mas eu não quero que se preocupe com nada, certo? Eu vou fazer o impossível para ser o melhor para essa criança.

- Como é, Bianca? - seu tom de voz soou sarcástico - Você não quer que eu me preocupe com nada? Está dizendo que quer criar nosso bebê sozinha? Que tipo de homem você acha que eu sou para concordar com isso? - Dybala disse e eu soltei um suspiro.

Que porra ele estava falando? Eu não pensava em o afastar de forma alguma.

Mas sabemos que moramos em países diferentes, com um de nós dois a criança teria que ficar.

- O quê? Eu não disse isso! - me defendo.

- Certo, então me diga de forma mais clara o que você quis dizer.

- Não é óbvio? Não somos um casal Paulo, você é o pai, tem seus direitos, mas sabemos que apenas um ficará com a guarda da criança - digo.

- Estamos discutindo algo que não convém agora - ele disse e suspirou.

- Mas que deverá ser discutido em algum momento.

E novamente nos calamos por alguns instantes. Até o som da sua risada quebrar o silêncio.

- Eu vou ser pai! Eu vou ter um filho, porra! - Paulo disse com empolgação. Foi como se algo tivesse ligado em sua cabeça, fazendo sua ficha cair.

Sentir meus olhos marejarem novamente nesse instante.

- Sim.

- Eu queria te dar um beijo na boca agora, Bia. Mesmo você falando essas besteiras - eu ri com o tom animado de sua voz.

Frenesi - Paulo Dybala ✔Where stories live. Discover now