2 Dias - Parte 2

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Dave abriu a porta da suíte para mim e eu imediatamente entendi o valor da diária. Uma cama enoooorme, com travesseiros fofos... Será que um travesseiro desses cabe na minha bolsa?

Ele foi ao banheiro, enquanto eu me amaciava toda com os lençóis.

- Você está molhada, pelo amor de Deus. - Ele me estendeu um pijama. - Coloque isso, vamos secar sua roupa.

- Tem secadora no quarto?

- Não, mas tem um aquecedor. Dá pra colocar em cima, acho que seca.

Um pouco relutante, fui ao banheiro colocar o pijama. Fiquei enrolando um pouco, pois não tem motivo para eu eara Dave ficarmos conversando. Não tem assunto, não tem liga.

Depois de ter feito todos os pingos de xixi que eu consegui e de ter acabado com o pequeno sabonete do hotel de tanto lavar minhas mãos, eu saí do banheiro, arrastando a barra da calça do pijama no chão.

- Poderia dobrar, por favor?

- Quando foi que você começou a ficar tão chato?

- Porque você sempre foi legal, né Lyra.

Nós dois nos sentamos na cama, e começou a ficar um silêncio estranho. Pessoas de 36 anos não ficam em um silêncio estranho, já têm maturidade para procurar um assunto. Mas não parecia que tínhamos essa idade, estávamos agindo como adolescentes... era como se estivéssemos na casa da tia Josie.

Então eu resolvi acabar com aquela palhaçada.

- E aí.... Você trabalha no que?

- Eu sou traficante - ele disse, me olhando sério.

- Tá, fala aí, qual seu trabalho? Não precisa ter vergonha.

- Traficar drogas, esse é meu trabalho. Levá-las de um lugar a outro.

Fiquei encarando-o por um tempo, para ver se saía alguma risadinha; Dave nunca foi bom em mentir. Mas ele permanecia duro como uma pedra, com uma sobrancelha levantada do tipo "Acha que não tenho capacidade de ser um criminoso?". Olha, sem problemas, desde que ele não esteja sendo procurado pela polícia. Será que estão nos seguindo? Será que colocaram uma escuta em mim? Eu abracei tantos desconhecidos no velório.... Ai, meu Deus, eu tô grampeada. Preciso ir ao banheiro logo para dizer à eles que não faço parte da gangue.

- Vish, é, bom, se ninguém te pegar tá bom né.

Ele ficou me olhando do tipo "Você é sonsa? Acha que eu te contaria se eu fosse traficante?", mas não disse nada. Relaxei imediatamente, não serei pega pela polícia dessa vez.

- Você trabalha no que? - perguntei novamente.

- Eu sou dono de uma empresa de marketing digital e sou sócio de um restaurante. Cuido da parte administrativa.

- Ah, bom, muito bom. Não vou a muitos restaurantes, meus filhos depois que descobriram os brinquedos do McDonald's não saem mais de lá.

- Você tem filhos?

- Ahm, sim, dois. - Caralho, não pergunta os nomes. Não pergunta os nomes. - E você, não?

- Não. Não me casei nem tive um relacionamento muito duradouro... O pai das crianças ainda é seu...

- Marido, sim. Te apresento um dia.

Silêncio estranho volta. Não tenho mais assunto e nem estou muito interessada em ter também. No parapeito da janela havia lugar para sentar, então resolvi ficar lá esperando a chuva passar. Não vejo a hora de ir embora.

- Quais os nomes? - Dave me pergunta, do nada.

Ai, puta que pariu.

- Ahm, é Diego... e Dave - digo, olhando para a chuva.

Ele fica uns segundos em silêncio, então resolvo encara-lo, mas estava sem expressão definida, apenas sentado na cama.

- Bons nomes.

Deus parecia estar de brincadeira comigo. A chuva estava mais espessa que nunca, e vários raios e trovões dominavam o céu. Eu não acredito que terei que passar a noite aqui.

- Ei, eu posso dormir aqui? - perguntei.

- Não. Mas é claro que pode, Lyra. Que pergunta idiota. Prefere ficar do lado esquerdo ou direito da cama?

- Como assim?

- Ué, quando se casa cada um tem seu lado de dormir.

- Não somos casados.

- Você é. De qual lado você dorme?

- Não sei... esquerdo eu acho, para ficar mais perto do banheiro.

Ele estava mexendo no notebook e eu em meu celular.

- Posso ver uma foto deles? - ele pediu e eu mostrei. - Esse parece ser o Dave, acho ele até semelhante comigo.

- É, ele é irritante igual. - Nós dois rumos.

- Eu nunca te esqueci, Lyra. E eu tentei.

- Eu também, David Porra.

- Eu estou louco para pegar na sua cintura e te beijar agora, mas acho que não seria uma boa ideia. Você é casada e eu...

- Me sentiria muito mal depois. Por não poder acontecer mais vezes. Eu sei.

A chuva continuou pela noite toda, assim como nossa conversa. Tomamos vinho e relembramos quase tudo que já passamos juntos. Ele não tem mais contato com Johnny, Alex está morando na Itália e Harry se casou e mora sei lá onde. Não aconteceu o que mais queríamos, não ficamos juntos, mas ambos entendemos que não dava.

E neste dia eu voltei para casa decidida a fazer o que eu pretendia a tempos: me divorciar. Tenho que ser sincera com todos, mas principalmente comigo mesma, pois meu coração ama a mesma pessoa há 20 anos.

Oi, bebês! Primeiro, haverão mais dois capítulos na história, então aguardem! Segundo, eu criei um canal no yt (de novo kk), então quem quiser ir dar uma olhada, Bia  agradece. Beijos e até mais!

https://youtu.be/aBPT2S4hkbw

2 SemanasWhere stories live. Discover now