Capítulo 7

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Era dia de churrasco na casa da tia Josie. Os meninos convidaram todos que eles conheciam (Nathan e Greg), Sfiha trouxe a família feia dele, e mais uma pessoa veio se juntar ao bando para dormir aqui até o casamento.

- Lyra! Lembra da sua tia? - minha mãe apareceu do nada com uma mulher pra lá de aleatória.

- A tia Josie? Eu infelizmente vi ela tomando banho hoje de manhã, então não tem como não lembrar né.

- Não, filha. Essa é a Carla, mãe do Dave.

Ih menina, acabei de dar uma de sonsa na frente da sogra. Sogra, ah como eu que fosse.

- Lyra, você está enorme. Bem que o Dave me falou que estava bonita.

Então quer dizer que o David Porra falou de mim pra mãe dele... Preciso saber mais, porém, claro, da forma mais desinteressada possível. Ninguém precisa saber que surgem borboletas no meu estômago toda vez que falam dele né... E que logo em seguida eu cago por causa dessa reviradinha.

- Ele falou? O David falou de mim? Que que ele falou?

Não dava pra parecer mais desinteressada que isso, desculpem.

- Ora, eu perguntei como você estava e ele disse que tinha se tornado uma jovem bonita, com... curvas, e que era adorável. Depois voltamos, Lyra, vamos conversar um pouco com a Josie.

Eu sou adorável. David Porra disse pra minha sogra que eu, Lyra, futura esposa dele, sou adorável, e BONITA! Vish, já preciso dar um peidinho.

Chris chegou todo adorável e eu fui recepciona-lo antes que um dos meninos fosse. Ele tinha em mãos um adorável pote com comida e uma adorável sacola de presente. Filho, os presentes não eram pra ser entregues hoje, puta merda.

- Olá, gatão. Você vem sempre aqui?

- Não, mas gostaria. E fique feliz em saber... que eu estava no shopping com a Luna... e nós passamos por uma loja... e assim que eu vi isso, eu lembrei de você.

Ele me entregou a sacola. Eu abri e era uma pulseira com muitos pingentes de sorvete.

- Chris, é adorável. - Ai, agora tudo pra mim está adorável. - Mas eu não posso aceitar.

- Ah para de graça que eu te conheço e sei que você não recusa presente. Dá o pulso aí que eu vou colocar.

- Ai, você é muito adorável. - O abracei.

- Você tá com essa mania agora? - Ele continuou, assim que notou minha cara de desentendimento. - É a segunda vez que fala a palavra "adorável". Em menos de 5 minutos.

- É que se trata de uma palavra tão...

- Adorável. Onde posso deixar essa salada de batatas?

- No meu quarto junto com quem fez.

Fiz uma pose toda sedutora pra jogar o flerte, porém não rolou.

- Foi minha mãe que fez.

- Então no meu quarto junto com o filho de quem fez.

Luna chegaria mais tarde devido à sua aula de caratê. Eu e Chris fomos até a rodinha com os meninos, mas era só pra ficar perto da comida mesmo. Enquanto eu socava pão goela abaixo, Aisha ficava dando beijos no pescoço de David. Para não vomitar, inventei de olhar os parentes do Sfiha, mas isso só me fez ter mais vontade de colocar tudo pra fora. Que gente feia, Deus não teve piedade com essa família.

- O REI DA FESTA CHEGOU - alguém gritou e todos instantaneamente se viraram pra olhar.

- Ah puta merda - falei.

Greg estava com dois sacos de carvão pendurados no ombro esquerdo, fazendo a maior pose de machão. Ele estava muito mais maromba, e logicamente queria se mostrar. Atrás estava Nathan, carregando um terceiro saco com as duas mãos - e olha que ele está maior que o Greg. Nathan é humilde, gosto.

- Lyrinha, que gata você está hein? - Ele veio me dar um beijo na bochecha e eu desviei.

- Acho que minha mãe tá me chamando lá dentro - falei apenas para fugir daquele demônio.

A cozinha estava cheia de comida pronta que só precisava ser colocada em um "pote bonito" e levada para o quintal. Eu resolvi bater uma pratada ali mesmo, porque primeiro que ninguém estava indo ali e segundo que eu nunca consigo encher meu prato em festa de família sem que alguém me olhe com uma cara do tipo "Essa daí só pensa em si mesma, não vê que tem mais gente pra comer?".

- Você está almoçando aqui dentro? É isso mesmo?

- Tá fazendo o que aqui? - falei, porém como eu estava com muita comida na boca, David Porra não entendeu foi nada. Engoli e continuei. - Cansou de ter suas energias sugadas pela Aisha?

- Que?

- É que ela tava chupando seu pescoço e aí eu associei com um vampiro e... Ah, esquece. Novamente, o que tá fazendo aqui?

- Vim buscar água pra Aisha, ela não toma refrigerante.

- Eu sou Aisha, uma besta ambulante; sou bonita e não tomo refrigerante. O brilho da Lyra não me ofusca, só tomo água que meu mordomo busca.

- Deveria ser "A inveja da Lyra não me atinge, porque ela é uma escrota que só finge".

Doeu.

Fiquei encarando-o, enquanto ele pegava um copo e enchia de água gelada. Ah eu preciso saber o que esse menino sente por mim, meu Jesus, me segura.

- Senti saudades - disse, sem mais nem menos.

Ele me encarou, claramente confuso com minha declaração inesperada.

- Eu também, por um tempo. Mas depois conheci Aisha e tudo mudou.

- Aisha é uma marca de borracha por acaso? Ela conseguiu apagar tudo o que você sentiu por mim?

- Vai tomar no cu, Lyra. Puta merda. Você só sabe desgraçar a vida das pessoas. Não se cansa de encher o saco? Eu estou muito bem com a Aisha. Ela gosta de mim, não esconde o que sente, nem é doida como você. Eu não escolhi gostar de você, mas aconteceu. E tu foi muito filha da puta comigo. E agora que eu estou feliz...

- Aparentemente feliz, porque, não sei, parece que você não gosta dela...

- Não, eu estou verdadeiramente feliz. E agora que eu estou verdadeiramente feliz, vem você querendo estragar. Me faz um favor e me esquece.

- Só se você conseguir esquecer isso.

O puxei pela gola da camisa e o beijei.

2 SemanasWhere stories live. Discover now