[EM ANDAMENTO] Park Jimin tem um passado cheio de mágoas e um futuro incerto. Ele fugiu de Busan aos 17 anos para escapar do pai ausente, do bullying na escola, do namorado que o magoou. Em Seul, juntou os pedaços e recomeçou sua vida.
Seis anos apó...
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#FlocoDeNeve
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Lítio, não quero me trancar por dentro Lítio, não quero esquecer como é ficar sem você Lítio, eu quero permanecer apaixonada pela minha tristeza Não quero deixar você me derrubar E afogar minha vontade de voar Aqui na escuridão eu me conheço O que há de errado comigo?
Lithium - Evanescence
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Seul, Coreia do Sul. 22 de setembro de 2023.
● Park Jimin ●
...O que ele está fazendo aqui?
A dissonância da imagem de Jeon Jungkook intoxica e desgasta a casca que me impede de experimentar sentimentos capazes de me ferir. Sei que é um erro, que vou me machucar no fim, mas não consigo resistir. Meus olhos pairam por seus traços em instantes que rastejam por minha pele e me despertam. É que todos os detalhes que o fazem ser essa força da natureza que me arrebatou por tanto tempo se desenham vívidos sob as luzes imprecisas, flutuando nas lanternas carmins que decoram o restaurante com seus tons de ouro.
E essas luzes embaçam e se derramam incandescentes pelas mesas de mogno espalhadas no salão, pela porcelana dos pratos, pela prata de colheres e jeotgarak, pelas espirais de vapor aromático que se erguem da comida, através de peles e sorrisos e olhos de pessoas que vem e vão. Debaixo dessas luzes, Jeon Jungkook me hipnotiza com sua boca pequena e úmida e impressa em um sorriso que desce só um canto de seu lábio inferior. Lá está o sinal que marca sua pele em uma das narinas, as sobrancelhas arqueadas na testa à mostra.
Lá estão os olhos cor de ônix, expressivos e vivos.
Amendoados e fendidos e ferozes.
Fixos em mim.
Em mim, mais uma vez.
Tento desprezar as borboletas que circulam em revoada no meu estômago, mas não consigo omitir minha confissão. Ele não é mais o menino bonito, tímido e talentoso com quem estudei no ensino fundamental, quando éramos jovens demais para entender a crueldade que existe no mundo. Daquela criança restou somente o talho discreto da cicatriz no arco da maçã do rosto, no alto de sua bochecha. Mas, isso é só uma breve sombra em sua pele brilhante. Ele não é mais aquele menino quieto, meigo e afetuoso que eu amei. Não.
O Jeon Jungkook que vejo sentado à mesa do restaurante é um homem intimidador que se adapta bem a esse ambiente requintado. Ele é tão bonito quanto outrora, mas não há mais nada de inocência em sua beleza. Os cabelos escuros e bem penteados têm um corte caro e meticuloso. O terno preto se alinha ao seu corpo forte e parece ter sido feito sob medida, porque se encaixa nele como uma segunda pele. A mão que descansa sobre a mesa deixa à mostra o pulso da camisa social branca e a pulseira de um relógio prateado.
