Eu morri?

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"Quando eu vi você pela primeira vez não sabia o que pensar
Mas algo sobre você é tão interessante
Eu podia ver você e eu sendo melhores amigos
O tipo de amigos
Que terminam a frase do outro

Quando eu não posso pensar nas palavras certas para dizer
Eu simplesmente canto...
Venha e harmonize com minha melodia
E nós vamos cantar...
Não é uma perfeita harmonia?"

Fazia um belo dia de sol quando sai pela manhã para jogar basquete com os garotos. Porém, eu me sentia um tanto sem ânimo para falar a verdade. Há tempos que não tinha mais tanta disposição para fazer as coisas de que gostava. Aliás, do jeito que era hiperativo, estava estranhando aquela falta de coragem toda tomando conta de mim.

Não deveria ser nada e eu não deixaria de fazer o que precisava ser feito, por causa de preguiça. Porque, bem, eu tinha acabado o ensino médio e meu pai queria a todo custo que eu prestasse o vestibular no mesmo ano. Sabe, eu queria descansar de toda aquela história de estudar e tal. Era uma chatisse pra mim ter que ficar trancafiado em casa com a cara nos livros. Eu nunca fiz o tipo nerd da turma.

Por falar nisso, se me formei no ensino médio, foi graças ao meu anjo. Ela mesma, Hinata Hyuuga. Minha amiga de infância, que sempre me ajudava com os deveres e trabalhos. Pois, obviamente, eu deixava tudo para a última hora e quase me lascava. Mas Hinata, minha doce amiga, toda vez que me via enrolado, dava um jeitinho de me ajudar.

Eu acho que fiquei mal acostumado, afinal de contas, não poderia levá-la na bolsa da faculdade. Precisava começar a estudar sozinho, se quisesse ser alguém na vida. Bom, esse dia não seria hoje. Senhor Minato que me perdoasse, mas eu iria jogar e nada nem ninguém me impediria de fazer várias cestas em homenagem à Hinata!

Ah é, as garotas sempre iam nos ver jogar para nos dar um apoio moral. E, também, para babar pelos jogadores, claro!

Hinata não era uma delas, ela ia única e exclusivamente para torcer por mim. Lógico que eu bem notava diversos pares de olhos masculinos em cima dela como urubus. Péssima comparação, eu sei. Hinata era a garota mais gentil, linda e carinhosa que já pisou nessa terra. O problema era os outros garotos que a comiam com os olhos!

A pergunta que não queria calar era, por que eu me importava com isso? Não era da minha conta se Hinata chamava atenção. Estranho seria se não chamasse. Tão linda do jeito que era, louco o cara que não reparasse.

Eu só não conseguia evitar a pontada que sentia no peito, sempre que algum marmanjo se aproximava dela cheio de segundas intenções. Pensava que era devido ao nosso laço afetivo, pois, Hinata cresceu comigo e éramos como irmãos na infância. Ou seja, eu estava sendo super protetor, não é mesmo? Acreditava que sim e eu raramente errava nas minhas explanações.

Deixando essa questão pra lá, segui meu caminho. Morrendo de vontade de encontrar logo Hinata e lhe dar um abraço daqueles de urso. Ela era tão fofinha, eu adorava abraçá-la.

Até que, ao chegar próximo à quadra que alugamos para jogar, minha visão ficou turva e eu não vi mais nada.                        

(...)

Hinata.

Eu seguia caminhando calmamente, rumo ao jogo de basquete dos meninos, já que tinha prometido assistir ao Naruto jogar. Apesar de ter dormido pouco na noite anterior, não quebraria minha promessa. Ele era meu melhor amigo, desde que eu me entendia por gente. Por este motivo, éramos muito grudados desde sempre. E eu adorava isso!

Tanto que eu fazia o possível para aproveitar sua companhia o quanto pudesse. Porque Minato queria a todo custo que Naruto estudasse medicina fora de Tóquio. Mais precisamente na Coréia do Sul. Portanto, se ele passasse no vestibular, ficaríamos muito distantes um do outro. O que eu não gostava nem de pensar, visto que não me recordava de um dia sequer, no qual não tivéssemos nos encontrado. Nem que fosse para dar um abraço no outro.

Eu não podia negar que essa possível separação me agoniava, não queria ficar longe de Naruto. Mesmo que pudéssemos nos falar ao telefone, ou por chamada de vídeo, não seria a mesma coisa.

Em contrapartida, eu queria que Naruto se desse bem na vida e fosse alguém importante. Graças a isso, ficava nessa eterna dúvida, torcer pelo seu sucesso, ou querê-lo perto de mim?

Continuava andando, com todos esses pensamentos em mente. Quando avistei alguém caído ao chão, foquei o olhar à minha frente, para identificar quem era. Mas, de qualquer forma, a pessoa parecia inconsciente. Apressei meus passos e, por fim, a constatação, era Naruto. Corri até ele, bastante preocupada e instintivamente apoiei sua cabeça em meu colo.

— Naruto! - chamei, abanando seu rosto com a mão livre. - Por favor acorda.

Ele murmurou algo ininteligível e aos poucos recobrou a consciência. E, quando abriu os olhos muito azuis, focando-os nos meus, eu senti um alívio tremendo me invadir.

— Eu morri? - perguntou, ainda meio tonto, em um tom de voz baixo e rouco. - Você é um anjo?

Sob o céu de estrelasWhere stories live. Discover now