Capítulo 4

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Deixei os pratos sujos no sítio vazio mais perto e agarrei a borda do lavatório para tentar compor-me. A minha respiração ainda estava levemente pesada mas ao contrario das outras vezes, eu só estava furiosa. Eu não queria chorar nem nada, eu só queria agarrar num taco de basebol e acabar com a vida do meu pai.

“Estás bem amor?” Deixei sair um trémulo suspiro quando senti as mãos do Ashton na minha cintura. Mesmo sabendo que eu não estava nada feliz, ele estava calmo e nada ofendido. Eu não queria lidar com ninguém

“Porque não estaria?” Murmurei assim que andei até ao frigorifico, ignorando as suas tentativas de tentar fazer-me sentir melhor sobre isto tudo.

“Vá lá, não te podes deixar incomodar com aquilo.” Ouvi-o andar até mim, outra vez. “Ele é teu pai, eu esperava isto para ser honesto.”

“A sério?” Assobiei assim que me virei, com uma taça de sobremesa na mão. “Tu esperavas que o meu pai se enganasse a porra de 16 vezes no teu nome? Dezasseis?! Não me olhes assim, eu estive a contar! Sim, na verdade estive.” Eu quase que chorei quando lhe passei a taça de crème brûlée, enquanto continuava a tirar as outras. Quando penso nisso, sinto pena por ter gastado o nosso dinheiro em sobremesas tão caras para pessoas tão imbecis. Bem, pelo menos uma delas.

“Bem… para ser justo, não exatamente.” Ashton acarrancou. “Mas está tudo bem, eu sei o que ele está a tentar fazer. Relaxa babe, por favor.”

Suspirei novamente e, depois de ter encarado o vazio por uns segundos, abanei a cabeça e sai da cozinha. O meu pai continuava a picar a salada que ainda lá estava enquanto a minha mãe me dava um sorriso de desculpas. Apenas o que eu precisava.

“Pai?” Chamei com um tom monótono. “Aqui está.”

Pousei a taça em frente a ele e voltei a sentar-me no meu antigo lugar, ele já estava a mastigar. “Isto é bom.” Ele assentiu com a boca cheia. “Foste tu que fizeste?”

“Uh, não.” Suspirei. “Compramos.”                       

O meu pai acarrancou e voltou a por a tigela na mesa. “Tu não devias de gastar o teu dinheiro em coisas como estas.” Ele disse, quase confirmando os pensamentos que tive na cozinha. “Não quando… tu sabes. Não consegues pagar uma casa para viveres.”

“Doug!” A minha mãe bateu no seu braço e ele deu-lhe um estranho olhar, como se não tivesse dito nada que a faria sentir-se um pouco embaraçada. E a mim um pouco irritada.

“O quê?! Não o quis dizer num mau sentido.” Ele defendeu-se. “Só estou a dizer, se tu queres ter esta criança, tu devias de ter uma casa maior e não…”

Ele deixou pairar com um suspiro, novamente, e olhou em volta antes de continuar. “Não o apartamento que te compramos por causa da universidade.”

O seu olhar era um bocado triste e preocupado enquanto continuava a olhar em seu redor. A mãe tinha o mesmo olhar enquanto o observava, e estaria provavelmente a pensar o porquê de se ter casado com ele.

“De qualquer maneira…” Ela virou-se para o Ashton e para mim e eu, com um sorriso forçado, descartando as suas tentativas de o tornar verdadeiro. “Há quanto tempo é que estão a tentar engravidar?”

Suspirei pela milésima vez desde que eles chegaram, e encolhi os ombros. “Cerca de… três meses. Desde que ele me propôs.”

“Ótimo, isso é ótimo.” Ela assentiu. “Do que estão à espera?”

“Por agora, apenas de uma criança saudável.” Ashton sorriu assim como eu, assim que me apercebi do que ele tinha dito.

“Não concordamos em ser um rapaz?” Disse, tentando fazer uma piada, mas ele claramente levou as minhas palavras a sério.

You again? (DC sequel) | PortuguêsWhere stories live. Discover now