Prólogo

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"Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez a separação entre a luz e as trevas."

Gênesis- capítulo 1, versículo 2 e 3













                                                 The Awakening









    No início tudo era trevas e então depois do primeiro raio de luz surgiu a criação, a mais bela e perfeita obra de Deus. Com seus meticulosos detalhes construiu em sete dias o que chamamos de universo, cada minério, planta e ser vivo nele. Mas antes disso Deus criara criaturas divinas cujo o brilho ofuscariam a visão humana se assim o avistasse, o Criador decidiu chamá-los de anjos e classificou-os em panteões.

    Os arcanjos eram os de mais alta classe, respondiam e eram respondidos diretamente ao Criador. Depois os querubins, servos dos arcanjos. Mas apesar de serem dotados de grande glória, o príncipe guerreiro não suportaria viver sobre a sombra da estrela da manhã e muito menos de criaturas inferiores as quis seu Criador tanto exaltava. A harmonia entre os irmãos já não era a mesma, Lúcifer encantava-se a cada dia mais com a criação, achando estupenda a ideia de seres não perfeitos que agiam de forma despretensiosa.

    Miguel não aguentava mais dedicar-se tanto ao trono e ser colocado como um mero servo. Seu irmão adorava e era adorado por todos, sendo o mais belo e gracioso anjo de todo plano celeste. Onde passava deixava um rastro de amor e bondade, entoando cantos aos ventos fazendo com que todos dançassem ao som de sua doce e suave melodia.

    Set era um querubim adorador de Lúcifer. Alguns achavam uma afronta Set chamar o mesmo de pai. Lúcifer o tratava como seu filho, ensinando-o os princípios do criador e o amor a criação. Ensinou-lhe como manejar uma espada, contando histórias de criaturas que habitavam as trevas e algum dia tentariam contra o paraíso. Não havia distinção de classes, somente o amor e adorar mútuo, Set amava e adorava a Lúcifer e Lúcifer amava e adorava a Set.

    Raphael, o arcanjo da cura, era assim que todos o chamavam. Detinha conhecimento sobre todas a plantas e ensinava aos homens como usa-las. Assim como seu irmão, adorava a criação e cultivava-a como um jardim. Mostrou aos homens como curar cada enfermidade usando somente ervas que tinham a mão, salvando a frágil criação dos males que os cercavam.

    Haziah era seguidor de Raphael, apaixonado pelas artes medicinais seguiu cada passo de seu mentor que algumas vezes esboçava alguma expressão de orgulho. Sempre com o mesmo tom de voz ditava qual a função de cada erva, apático, porém firme. Haziah se afeiçoou ao mentor criando uma personalidade parecida com a do mesmo, mantendo-se sempre calado e somente falando se necessário. "Do silêncio que provem a sabedoria. Nem sempre estar calado significa que é um tolo, mas sim aquele que está sempre a bradar que é". Assim foi dito por Raphael, assim foi seguido por Haziah.

    Toda aquela alegria incomodava a Miguel, seu tempo era somente para o criador, não para tolices como a de Lúcifer que passava os dias festejando e adorando a meros mortais cujo eram inúteis sem o poder do Criador. Ao longo do tempo aquilo culminou em um sentimento que hoje conhecemos por raiva. Miguel então criou a grande primeira catástrofe que dizimou quase todos seres da Terra, chamado de o primeiro dilúvio. Ele articulou tudo antes mesmo do descanso eterno de Deus, fazendo com que Lúcifer fosse julgado por somente sua impiedosa mão. Acusado de destruir a criação ele foi condenado a passar a eternidade selado na mais camada pútrida da Terra a qual foi denominada inferno. Gabriel foi a única testemunha do ato baixo de Miguel, clamou aos ventos a inocência de Lúcifer. Raphael desconfiava que seu irmão não era o culpado, mas não que Miguel arquitetara tal sandice. A estrela da manhã foi se apagando como um cometa em queda, sua sabedoria permitiu que atirasse sua glória na terra antes que Miguel se apoderasse e assim ficasse mais forte.

    E assim Miguel assumiu o controle dos céus e da terra arbitrariamente, expulsando aqueles que tentavam se opor a sua tirania. Set foi atirado a Terra. "Seu lugar é junto das criaturas imundas ao qual adora, afinal, são inferiores e dignas de pena". Jogado em meio a criação teve que se habituar as constantes mudanças de tempo e espaço. Gabriel, o mensageiro foi punido por fazer com que se rebelassem contra Miguel sendo preso dentro de si para que não afrontasse mais a soberania de seu novo mestre.

    Entre caídos e apoiadores da injusta causa, Raphael me manteve no antro de traição, firme como uma rocha e sábio como um ancião. Sua alternativa de salvar a quem mais o adorou foi expurga-lo dos domínios angelicais, longe dos olhos de Miguel. Haziah se perdeu em meio aos humanos, com o tempo não se reconhecia mais, seu nome mudou tantas vezes que não pode lembrar, mas sua essência ainda estava ali pura e intacta.

Esse foi o antes, este é o agora.

The AwakeningWhere stories live. Discover now