Tomadas, registros e outras coisas

7 0 0
                                    



Lá em casa é absolutamente impossível de achar um carregador. Esta sempre tudo misturado e nenhum que você pega serve ao aparelho que você precisa. Logo cada um troca de celular ou notebook e os fios ficam na gaveta fazendo volume. Eu até já vi um vídeo * sobre isso, mas é super difícil evitar do jeito como as coisas são vendidas. O que me tranquiliza um pouco é que todo mundo aqui do trabalho reclama da mesma coisa e eu geralmente consigo emprestado com alguém.

No departamento sustentável da empresa quase ninguém usa mais papel, é praticamente tudo por pdf ou mensagem. Eu até me confundo às vezes na hora de usar a impressora. Mas agora meu chefe pediu, então cá estou, imprimindo informativos da campanha interna de reciclagem. Eu nem tenho certeza se sei como se opera esta máquina, tanto botão, fora que esta salinha me da arrepios, aposto que boa parte dos funcionários aqui nem sabe que existe este lugar. Mas aparentemente esta é a melhor forma de comunicar e reforçar a campanha para todos os que aqui trabalham, eu não tenho status para discordar. Já temos as lixeiras faz tempo, mesmo que eu não veja quase ninguém usando, mas agora eles compraram mais. Vou dar uma verificada no refeitório, porque nem acredito que a maioria vai separar a comida e os materiais, mas já chega a hora de conferir. Meu estômago agradece.

Essa fila já esta com uma media de dez minutos de espera e a comida nem boa é. Já vi que não tem sushi, então hoje vai ser massa e amanha trago de casa. A mesa do pessoal do financeiro tem lugar vago, então melhor eu me apressar porque o grupo de marketing me acha ecochata.

-Olha só, é a saudável, não come frango, nem fritura. –Boa tarde pra você também, colega.

-Saúde minha e do ambiente. Mas ainda estou cortando a carne aos poucos.

-Melhor com a faca, né Lari? – Ele fala com a boca cheia e os dentes cheios de pedaços de comida. Que vontade de ir embora.

O assunto na mesa já não era outro se não as notícias de economia. E até que o consumo em geral e da empresa esta caindo um pouco, o que provavelmente tem interferência dos ataques dos radicais.

-Agora temos que focar no online mesmo, como mais gente do marketing tinha já falado.

-Pelo menos não acaba tudo, as pessoas saindo de casa ou não.

Não sei bem como participar da conversa, acho até positivo as pessoas não receberem vários papeis de recibo e comprovante e usarem sacolas plásticas porque não saem as compras, usam menos o carro. Mas parece um pouco estranho ficar quase sem sair de casa, fazer as coisas na frente da tela quase que o dia todo.

Eles continuam conversa. –É o futuro chegando, a tecnologia tomando conta. – Engraçado como eu continuo confundindo os nomes das meninas da tesouraria, as duas tem o mesmo tipo de cabelo e usam os mesmos tipos de roupa.

A frase ainda fica ecoando na minha cabeça. Será que era isso que representava o futuro? Não se parece exatamente com as projeções dos desenhos animados ou filmes de ficção que eu assistia quando era mais nova. Não temos nada que lembre patins voadores ou mochilas foguete. Compramos por catálogos virtuais, que várias vezes estão fora do ar e não passam uma noção concreta do produto, mas não temos cabeleireiros a um clique de um bom cabelo. E sei lá se economiza mesmo tantos recursos?

Nossa, que flash forte, quase não estou enxergando nada. Já devem estar se preparando para o evento de hoje a noite, o que me lembra que eu também preciso, pois me chamaram para apresentar o novo programa da empresa.

Tomara que me chamem logo para falar da campanha e fico livre para aproveitar um pouco do evento, afinal não sou funcionaria durante o dia todo e não estão me pagando extra.

Comunidades Horizontais 3.0Where stories live. Discover now