Capítulo 1

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Estou podando as flores do jardim do convento e cantarolando, como faço todas as manhãs, quando ouço alguém me chamar.
Passo a mão no rosto para secar algumas gotas de suor que insiste em descer, coloco meus instrumentos de trabalho do lado, seguro minha saia e levanto para ver quem está a minha procura, vejo a Joana correndo e trazendo um caixa rosa com um laço vermelho.

_ Ana!

A mesma para de correr e ainda ofegante ela fala :

_ Acabou de chegar esse presente para você, acredito que seja de algum pretendente.
_ Deixe de brincadeira sabes muito bem que, não nunca tive o prazer de conhecer um cavalheiro, estou neste convento desde os meus 15 anos, próximo mês vai fazer 8 anos que estou aqui e você sabe muito bem que os únicos homens que vejo são os padres quando eles vêm visitar a madre superiora, então acho muito difícil que algum padre vá trocar suas batinas por uma de nós.
_ Ana você sabe que não estou falando daqueles velhos de saias.

Começamos a dar risadas, pego a caixa da mão da Joana e falo:

_. Se a madre pega você falando assim, te deixa uma semana lavando o piso do salão de reuniões.

_. Nem me fale uma coisa dessas, vou voltar rápido para meus afazeres antes que ela venha me buscar, depois me conte quem é o pretendente.

A Joana beija meu rosto e sai correndo para cozinha, vou para meu quarto coloco a caixa na mesa, pego a jarra de água e lavo minhas mãos que estão sujas de terra, não quero sujar o que tem dentro da caixa, seco as mesmas , delicadamente abro a caixa e vejo uma carta e outra caixa, mas essa tem um formato de coração, fico um pouco ansiosa e sinto meu coração acelera, será que a Joana estava certa?
Será que é de algum pretendente?
Quem seria? Não conheço ninguém.

Abro a caixa em formato de coração e vejo um doce muito diferente dos que já tinha visto, eles são pequenos bolinhas marrom e vermelhas, pego um e cheiro, sinto um aroma exótico nada que já tive sentindo antes , talvez seja um novo tipo de doce, coloco na boca .
_ Hum... Delicioso!

Não sei explicar muito bem seu sabor, mas vou tentar:
Uma mistura de adrenalina com uma sensação de prazer, e no fim tem um toque apimentado, que se bem conheço digo que é um tipo de especiaria das Índias.
Ainda saboreando o doce, pego o envelope logo percebo o selo do meu pai e uma ruga de preocupação se forma em minha testa, meu pai normalmente só me envia cartas no natal e no meu aniversário, mas o natal é só daqui a dois meses e meu aniversário é só no mês que vem, fico muito ansiosa e rasgo a carta, que está escrito:

Madri 18 de outubro de 1864

Querida Ana,

Oi minha flor exótica, sei que você está se perguntando o motivo do envio desta carta, mas não se preocupe não aconteceu nada, estamos todos bem graças a Deus,sei que não é natal, nem seu aniversário, mas estou lhe escrevendo por motivo muito importante, sei que você já ira fazer 23 anos, e estive conversando com sua mãe sobre isso, pois, enviamos você ao convento de Santa Luzia apenas por um proposito, para você se tornar uma mulher digna, culta e educada segundo as leis da igreja, já se passaram 8 anos e sei também que você, já se tornou essa mulher, pois, sei que a madre Rosário lhe tornou a mulher digna de receber o título que estávamos esperando o tempo certo para lhe dar, que é de Marquesa.

Filha sei que não foi fácil crescer longe de sua família, mas saiba que tudo que fiz foi para lhe tornar a mulher que você é agora, você é um orgulho para nossa família, te amamos muito, e sentimos sua falta, mas, na verdade não estou apenas lhe escrevendo para dizer essas coisas, mas também para dizer que já está na hora de você sair do convento...

Ana Júlia de Aragón( com erros ortográficos e sem revisão )Where stories live. Discover now