Capítulo 24

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Luciana

Acordei na segunda-feira, e animação era pouco para o que eu sentia. Dona Edith havia me ligado dizendo que a Mel já tinha recebido alta. Combinamos que depois que saísse da clínica iria visitá-la.

Peguei um ônibus, e acho que o dia estava conspirando a meu favor. Por incrível que pareça, tem lugar vazio. Sentei sentindo um grande alívio de não ter que ir em pé.

O caminho até a clínica foi um momento de reflexão. Geralmente é assim que a gente faz. Aproveita a longa viagem dentro de um ônibus para refletirmos. E a pauta da reflexão nessa manhã foi o clima calórico no sofá do dia anterior. Um sorriso e um frio na barriga misturado com um arrepio na pele aparecem sem ser convidados. Balanço a cabeça ao me lembrar dos lábios do Daniel sobre os meus. Suas mãos descontroladas e trêmulas, que ao mesmo tempo em que eu queria que permanecessem sob controle, queria senti-las em mim.

Solto o ar olhando a paisagem urbana não muito agradável, pelo vidro do ônibus. Preciso resolver isso. Preciso procurar resolver isso de uma forma em que eu não me machuque novamente. O Daniel é diferente. Bom, eu acredito nisso. Não posso achar que todo mundo que se aproximar de mim, vá ser para me machucar. Para me fazer mal. Preciso e quero confiar neste homem que tem me invadido de uma forma violenta.

Olho para a aliança em meu dedo, e aquilo de alguma forma me traz conforto. Tudo ao seu tempo, Luciana. A segunda pauta do momento reflexão, é de como devo agir na clínica. Agora que oficialmente sou a namorada do chefe. Na verdade, não gosto muito de como isso soa. Mas é a verdade. Sou a namorada do chefe. Chego à conclusão que não devo ficar pensando no que fazer e nem como fazer.

Desço do ônibus e vou em direção à clínica. Ao virar a esquina dou de cara com Henrique na porta. E ali está o grande homem loiro de ombros largos.

― Bom dia, Henrique. ― Eu o cumprimento tentando manter certa distância.

― Bom dia, Lu. ― Aí está o Lu de novo. Ele me cumprimenta, mas ao contrário de mim, ele estende sua mão. Como sou muito educada e não gosto de deixar ninguém no vácuo, eu a pego.

Ele pega minha mão e demora mais do que eu gostaria com ela em seu poder.

― Como foi o seu fim de semana? ― Ele pergunta, sorrindo.

― Foi ótimo. Um pouco cansativo, mas foi ótimo. ― Respondo, puxando minha mão para evitar o começo de uma guerra. Quando puxo minha mão ele a olha e logo percebe a aliança em meu dedo.

Ele olha para ela e depois volta seu olhar para mim.

― Isso não estava no seu dedo até sábado. ― Ele diz, apontando a aliança e sinto um desconforto em sua voz.

― Ah. Isso! ― Falo pensando no que dizer. ― É não estava.

Atenho-me em responder somente isso. Penso em como ele observou o que estava em minha mão ou não, até o sábado.

― E isso significa o quê? ― Ele pergunta, pegando meu dedo que está com a aliança. Abro minha boca para responder e ouço uma voz que conheço muito bem.

― Significa que ela tem um namorado. ― Daniel fala muito sério e no mesmo instante Henrique solta meu dedo.

Daniel se aproxima e me abraça, envolvendo minha cintura. Me dá um beijo digno de cinema.

― Bom dia, linda! ― Ele diz, e eu, mal respondo tamanho o desconcerto que sinto agora. Daniel fez isso para provocar o Henrique. Aqui está o lado ogro do Daniel. Na verdade, entendo que o Henrique é um pouco abusado, mas não há motivo para tanto alarde por parte do Daniel.

Seu sorriso  ( Degustação)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon