No Bar, Confesso |✓|

9 - Egoísta?

9 - Egoísta?

Decidi parar para tomar café da manhã em uma lanchonete ali próxima. Precisava de um café bem forte e alguma coisa doce para tentar aquietar a turbulência do meu coração. Como a vida muda drasticamente em pouco tempo, não é? Num momento, tudo era festa. Eu tinha o meu melhor amigo e a minha melhor amiga de faculdade, Diana. Estávamos felizes, sem rachaduras, receios, medos ou dramas. No entanto, por causa de uma pequena interferência, tudo se quebrou. Vinícius e Diana agora me odiavam e, contra isso, eu não podia fazer muita coisa. Não era minha culpa, mas eles agiam como se fosse. E não, eu não iria mais me martirizar por isso. Não era culpa minha que Vinícius tivesse se apaixonado e tampouco que ele não amasse Diana. Tendo esse pensamento, decidi relaxar um pouco. Eu sabia que estava dentro de um barco cheio de buracos e, esperaria que, pouco a pouco, pudéssemos concertá-los juntos e fazê-lo voltar ao alto mar novamente.

Decidi naquele dia não aparecer para as aulas na faculdade. Eu precisava colocar meus pensamentos em ordem e aquietar a minha mente e o meu coração. A noite, depois de ter perambulado sem rumo o dia inteiro, decidi tomar coragem e seguir em direção ao apartamento que dividia com Diana, sabendo o que me aguardava por lá. Respirei fundo antes de adentrá-lo e acabei dando de cara com uma Diana concentrada em frente ao seu notebook. Seus olhos, ao se posicionarem em mim, afirmaram o que eu já imaginava. Ela levantou-se de onde estava e me encarou com os braços cruzados.

- Quer me explicar o que aconteceu ontem, Aída?

Droga! Sua voz arranhada, acompanhada pelos olhos inchados, indicavam que ela havia chorado. Tentei me aproximar, com o objetivo de ajudá-la. Contudo, ela afastou -se um pouco e voltou a falar:

- Não acredito que fez isso comigo, Aída. Você sabe que eu sou apaixonada por ele. Por que sempre quer tudo para você? Porque é tão egoísta assim? Achei que fôssemos amigas.

Ela estava errada. Eu não era a egoísta. Diana é quem era. Tudo era dela, sempre dela. Até mesmo os caras por quem já me interessei ela taxava-os como dela. Nunca se importou se estava ou não me magoando. O problema é que eu sempre fui boazinha demais para ela.

Precisa ter voz. E foi isso o que fiz ao falar com toda a coragem que tinha dentro de mim:

- Eu não obriguei ele a se apaixonar por mim, Diana! E muito menos posso obrigá-lo a te amar, porra! O amor não é uma peça de roupa que se pode escolher numa vitrine. - puxei o ar, carregada de adrenalina: - E eu egoísta? Tem certeza que sou eu mesmo a egoísta?

Seus olhos chamuscaram e, sem querer ouvir o tudo o que ela achava certo ou não, ou como eu não parecia dar valor a nossa amizade, caminhei em direção ao meu quarto deixando-a sozinha na sala, apanhei um dinheiro guardado em minha gaveta e, voltando para a sala, anunciei rapidamente antes de alcançar a porta e bate-la com força:

- Vou dormir fora hoje a noite. Vê se pensa um pouco e esfria a cabeça. Depois a gente conversa.

Em frente ao nosso prédio, alcancei um táxi.

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@trizsbeatriz